Alice acordou cedo para ir trabalhar, sua mãe já estava saindo. Ela correu para dar um beijo em Mercedes antes que ela saísse. O sol entrava através da janela cozinha e iluminava bem o ambiente, dando a impressão de estar calor na rua, mas ao contrário ventava forte mantendo a temperatura baixa.
- Coloque um casaco quente quando for sair, minha filha!
- Sim, mãe! Lembra-que hoje virei tarde para casa?
- Sim, querida! Peça para o Alfredo esperar você entrar em casa. Esta época do ano é muito perigoso para as meninas. Não tem ninguém na rua e pode acontecer algo.
- Eu sei mãe, e está perigoso para os meninos também! No fim de semana passado o filho da vizinha, foi assaltado dobrando a esquina.
- Não fiquei sabendo disso!
- A senhora também tem que tomar cuidado. Fico preocupada quando sai tão cedo, assim como hoje.
- Ninguém olha para uma velha na rua!
- Se torna alvo mais fácil! Cuidado.
- Irei tomar cuidado.
Mercedes deu um beijo no rosto de Alice que pegou um pão e colocou o café na sua xícara pensando em seu casamento que será em poucos meses. Seu vestido estava quase pronto, seria um presente da avó de Alfredo. Ela sorria enquanto imaginava todos os preparativos, principalmente como seria o bolo que sua madrinha iria fazer. Pensando na decoração da fazenda da família de Alfredo, e como seria lindo aquele lago refletindo o brilho das tochas acesas. Quase perdeu a hora de sair imaginando o sorriso de sua mãe. Lavou a xícara e deixou em cima da pia. Voltou correndo para seu quarto, se arrumou e saiu depressa. Chegou quase atrasada para abrir a floricultura.
Alice começou a colocar os vasos nas prateleiras que ficam na parte externa da floricultura. Logo em seguida sua colega, Joana, chegou.
- Desculpe o atraso. Bom dia!
- Bom dia! Eu quase me atrasei também!
- Perdi o ônibus tive caminhar quase quinze minutos para pegar o outro que ainda atrasou um pouco, havia um caminhão passando a ponte, então já viu, né?
- Sim, eu fico me perguntando, qual o motivo de não construírem outra ponte?
- Segundo meu pai é por causa da estrada que não comporta o fluxo de vai e vem ao mesmo tempo. Não sei o que quer dizer isso!
Joana começou a rir, enquanto Alice tentava entender o que significava fluxo... As duas estavam limpando os balcões quando entrou uma cliente. Joana foi atendê-la.
- Minha filha, eu quero um arranjo para levar para minha nora. Vocês tem comigo ninguém pode?
Alice arregalou os olhos atrás do balcão.
- A senhora tem certeza que quer levar essa planta? Ela não é muito própria para se dar de presente.
- Se conhecesse minha nora me indicaria uma outra?
- É... Não sei... – falou Joana sem jeito. - irei lá nos fundos buscar! Só um momento, por favor.
- E não precisa fazer embrulho nenhum!
- Sim senhora!
Alice continuou limpando, ainda meio sem acreditar no pedido realizado. Joana voltou com a planta na mão. A senhora olhou, pagou e saiu.
- Acredita nisso?
- Não consigo imaginar a pobre moça recebendo isso de presente.
- Ainda bem que minha sogra não é assim!
- Ai, Alice. Com você como nora, se ela fosse assim, tinha é que dar um chá dessa planta, não só a folhagem.
- Nem brinca com uma coisa assim! Ela não merece.
- Me conta... O que irá usar como arranjo de cabelo no dia do casamento?
- Eu imaginei fazer um trança e colocar flores naturais nela.
- Eu faço para você, se quiser!
- Eu quero sim!
- Seu cunhado, Luiz Alberto, me falou que irá nos buscar hoje! – Joana deu a volta no balcão e abraçou Alice por trás colocando as mãos em seus ombros e deitando a cabeça na extensão do braço direito olhando o rosto de Alice e sorrido.
- Eu sei, o Alfredo irá ficar até um pouco mais tarde na fábrica hoje e irá direto para casa. Iremos chegar praticamente juntos.
- Acha que o Alberto pode me falar algo hoje? – Perguntou levantando.
- Não sei, acho ele meio imaturo às vezes! Você sabe que ele é muito diferente dos irmãos.
- Mas eu o amo tanto! Não me importo que seja diferente.
Alice riu do jeito de Joana.
As duas ficaram trabalhando até a hora do almoço.
- Minha mandou almoço para nós duas!
- Minha mãe também!
- Vamos dividir então. Adoro a comida das duas...
- Elas poderiam abrir um restaurante juntas, imagina!
- Nós duas seriámos as degustadoras!
- Claro! Vou falar com a minha mãe.
- Não Joana! Estava só brincando.
Elas terminaram de comer e voltaram para a floricultura que ainda estava fechada. O dia passou rápido e quando viram já era hora de fechar. Alberto já as esperava na frente para irem jantar com sua família.
Ricardo Puentes estava sentado em sua cadeira pensando na noite anterior, que havia voltado para casa carregado por alguns empregados da refinaria. Seu irmão, Damião, entrou em sua sala.- Onde está seu juízo? Não pode mais continuar com essa vida! Está colocando tudo em risco com suas farras. Quando o papai partiu disse para nós cuidarmos o que era dele. Onde está seu compromisso com sua promessa?Ricardo riu. – Está enterrado à sete palmos debaixo da terra, junto no caixão do velho.- Não pode continuar com isso, irei pedir para o conselho o afastar se continuar assim!- Você não faz ideia do que é vida, caro irmão!- Faço sim! Minha vida é muito boa junto com minha família!- Vocês são uma piada!- Você e sua mãe são uma piada! Aquele presente dado para minha espo
O Sol já estava se pondo e estava refrescando, Alice esperava sua mãe escorada em um pilar na frente da refinaria de “Destilados Los Puentes” quando seu noivo, Alberto, parou seu carro na frente da entrada.- Boa tarde minha flor! O que faz aqui?- Vim trazer um casaco para minha mãe! Esfriou e ela não veio com roupa quente.- Mas como chegou aqui tão cedo?- Pedi para soltar antes do horário para poder ir em casa e vir para cá. Mas este não é seu horário. Ficou até mais tarde?- Sim, estamos com um novo projeto e estou ajustando o setor para dar conta das exportações.- Fico feliz por você, meu querido! Olhe. Minha mãe está vindo!Alice acenou para sua que a enxergou de longe.- Oi minha filha, o que faz aqui?- Vim esperá-la. Tome trouxe seu casaco.- Irei levá-la
- Alice, querida! Você pode me ajudar na cozinha?- Sim, senhora Suarez!- Mamãe, hoje nós dois iremos sair logo depois do almoço para falar com o Padre Juan e marcar a data do nosso casamento!- Todo bem, Alfredo! Seu pai irá arrumar os bancos para colocar no quintal. Alice! A Joana esteve aqui no domingo, e me disse que irá decorar somente o local da cerimônia que no salão da festa não será ela.- Realmente, eu havia pedido para ela fazer tudo, mas ficará muito ruim para poder se arrumar. Terá pouco tempo para isso. E como irei ganhar toda a decoração da dona da floricultura, achei justo permitir que a nora dela decore o salão. Elas querem me dar como presente.- Que pessoas boas! Você tem sorte Alice, querida! Casar com meu filho e trabalhar com pessoas assim!- Mamãe! Eu tive sorte quando conheci a Alice. – Disse Alfr
Clóvis agarrou Ricardo pela gola de sua camiseta, arrancando-o de sua cadeira por cima da mesa, o que causou uma grande bagunça, pois todas as coisas que estavam em cima foram derrubadas no chão.- Seu imbecil!Ricardo segurou as mãos de seu irmão.- Me largue! O que está pensando?Neste momento entra Damião tentando separá-los.- Acalme-se Clóvis! Tenho certeza de que há uma razão para essa atitude.Ricardo riu se afastando dos dois.- Não há!- Como não? O Alfredo é meu braço direito, sabe todo funcionamento da refinaria do início ao fim. Como irei tocar tudo sem ele?- Não irá! Irei pessoalmente até a casa dele para conversar. Se não tem motivos para demiti-lo, farei com que ele retorne.- Ele não quer mais voltar.- Eu irei tentar mesmo assim. Nossas e
- Como assim a Alice não pode se casar, padre?- Eu não encontrei nenhum registro do nascimento dela, certidão de nascimento, batismo ou qualquer coisa que comprove a existência dela, Alfredo. É como se a Alice não tivesse nascido!- Mas como não? Eu a vi crescer correndo com minhas irmãs. Isso está errado padre!- Eu entendo que tenha algo errado, por isso chamei-o aqui. Precisa resolver isso o quanto antes, caso contrário não poderei realizar o casamento dos dois.- Eu irei resolver, padre! Só por favor não diga nada a ela, não quero que fique se preocupando com isso.- Eu não falarei se ela não me perguntar, não posso mentir.- Omita, padre!- Omitir eu até posso, mas não irei esconder caso ela me questione algo.- Eu irei garantir que ela não irá perguntar.- Tudo bem
- O que uma moça bonita como você faz parada aqui?- Estou esperando minha mãe, senhor Ricardo!- Me chame apenas de Ricardo!- Sim senhor!- Podemos tomar um café, acho que ela irá demorar um pouco.Ricardo trancou Mercedes em sua sala quando soube que Alice estava na frente da refinaria a esperando. E para soltá-la naquele horário somente ele ou Damião, que não faria isso, pois Ricardo se certificou que ele estava na produção no momento e que levaria mais de uma hora para retornar.Alice pensou um pouco e resolveu então aceitar e tomar um café com Ricardo.- E como foi seu dia?- Hoje foi bem agitado! Tem um aniversário muito grande, ficamos envolvidas nos arranjos da festa. Quase não conseguimos almoçar.- Você gosta de trabalhar na floricultura?- Eu amo aquele lugar. Acho que não h&aacut
- Mãe! Onde a senhora está?- Estou indo filha! Tenho que pegar uma vela, não saia daí e não fique com medo”!- Eu não gosto de escuro!- Alice, estou chegando! Só mais um minuto. - Alice tapou a cabeça, seu medo de escuro eramuito grande. Quase não conseguia segurar o choro. Mercedes entrou no quarto de Alice comuma vela na mão! – Pronto, filha, estou aqui! Tudo irá ficar bem.- Mãe, não quero sair daqui de baixo.- Pode ficar, irei pegar uma coberta e deitar com você, querida.As duas acabaram dormindo. Na outra manhã Mercedes levantou e foi fazer café. Sua vizinhaestava estendendo roupas na lateral da casa.- Soube o que aconteceu essa noite, Mercedes?- Não. Acabei dormindo junto com a Alice. Não saí na rua para saber.- Ela ficou bem? Meu filho come&c
Ricardo estava em uma festa, bebendo, quando Damião entrou na boate e o arrastou pelobraço até a rua.- Eu irei dar o último aviso, ou você para com essa vida, ou irei pedir seu afastamento daempresa. Não aguento mais tanta cobrança por causa dos seus atos impensados.- Você não sabe o que é viver!- Se for para ser no estado que você vive, prefiro não saber mesmo! Agora, entre no carro queirei levá-lo embora.Ricardo empurrou Damião.- Saia para lá. Não irei a lugar algum com você!- É sua última chance, Ricardo! Não deixarei isso passar assim.- O que foi que eu fiz agora?- Nem sua mãe o aguenta mais! Me ligou e pediu para que eu viesse te buscar. Você bateunela?- Aquela velha acha que pode me controlar! Só pode estar de brincadeira