POV: YULLI— Oh, Callie, o que faz de pé? Você deveria estar descansando. — Sequei os olhos rapidamente, indo em sua direção.Estiquei as mãos, e Callie as apalpou antes de segurar firme. Conduzi-a para dentro do quarto, cuidadosa para que ela não batesse nos móveis, até as poltronas dispostas no canto, em frente à lareira, cuja luz tremeluzente iluminava suavemente o ambiente.— Por que estava chorando? O que houve? — perguntou ela diretamente ao se sentar, farejando o ar em minha direção. — Por que está tão triste?— Sabia que uma das coisas que mais odeio em vocês, lobos, são os sentidos apurados? Não dá para esconder nada. — Sorri, aceitando a derrota. — Não é nada, é a exaustão escorrendo pelos meus olhos.— E provocando toda essa tristeza? — Callie arqueou a sobrancelha desconfiada, suspirando logo em seguida. — Yulli, sei que está mentindo. Somos amigas, pelo menos eu considero você uma.— Claro que somos! — apressei-me em responder. — Certo, te conto se você me contar o que es
POV: YULLIRevirei os olhos e corri até a cama, envolvendo meu corpo com uma toalha. Ele seguia meus movimentos com os olhos, sem dizer uma palavra, apenas contemplando "a presa", como os lobos fazem.— Você não respondeu à minha pergunta, pulguento. O que está fazendo no meu quarto de novo? — Virei-me surpresa, sem perceber que ele havia se aproximado tanto que sua respiração quente acariciava minha pele.— Você me deu um tapa. — Disse Keenan, a voz rouca e despreocupada.— Sim, eu dei. E também disse para voltar à razão da sua mente lupina. — Cedi um passo para trás, encostando as pernas na beirada da cama. Ele tombou a cabeça para o lado, me avaliando com um olhar afiado e predatório.— Por isso estou aqui. — Avançou mais um passo, pousando a mão em minha cintura, segurando-me com firmeza enquanto acariciava a lateral do meu quadril com o dedão.— Isso não faz sentido, Keenan. Já concordamos em não nos envolvermos! — Empurrei seu peito duro, que parecia uma muralha inabalável. — Ke
POV: CALLIENão tive contato com o rei Lycan durante o resto do dia até o início da noite, do qual percebi quando as matriarcas adentraram o quarto de forma brusca dizendo que estavam lá para me prepararem.— Sente-se. — Ordenou uma me forçando a sentar, rosnei com a forma que me tratavam, gostando ou não, eu seria a Luna delas.— Mais respeito ou vou destroçar vocês! — Rosnei em ameaça, quando o ambiente vibrou com sua presença.— Não estão a tratando bem, minha companheira? — Ressoou frio em um trovejo Aaron, aproximando-se, seu poder se expandia ao ambiente.— Vão aprender com o tempo. — Respondi em um largo sorriso, farejando o medo que vinha das matriarcas. — Yulli não pode me preparar?— Você é a rainha delas, estas lobas devem a servir e agradar, não o oposto.
POV: KEMILLY— Entenderam? Não podemos aceitar a loba cega amaldiçoada como nossa Luna. Precisamos tirá-la do caminho pelo bem do nosso rei e da nossa alcateia — declarei a Matriarca, meus olhos fixos nos lobos guerreiros que compartilhavam sua oposição à união planejada para aquela noite. — Posso contar com vocês?— E se o Alfa descobrir? Seremos lobos mortos! — comentou um dos guerreiros com uma expressão preocupada.— Ser mortos seria uma bênção — disse outro, suspirando pesadamente. — O Alfa supremo não é conhecido por ser paciente. Seríamos torturados até implorar pela morte!— Não sejam covardes! — rosnei irritada, a fúria pulsando em minha voz. — Preferem seguir um caminho de maldição ao invés de aju
POV: KEENANDale entrou a minha frente bloqueando o caminho, era um jovem lobo promissor como guerreiro, não compreendia como havia se voltado contra o seu próprio rei.— Dale, não seja estúpido, traição é o pior ato cometido a sua alcateia. Seja lá qual for as promessas de Kemilly, acredite, não valerá apena! — Rosnei estendendo mais as garras. — Saia da minha frente e diga para onde eles foram, e buscarei te poupar por sua traição.— Não há voltas, Beta, sinto muito, mas tudo o que faço é para libertar nosso Alfa que foi enfeitiçado pelo mal. — Respondeu o jovem lobo com a voz tremula. — Se... Se quiser passar terá que passar por mim primeiro.— É uma pena, Dale, você tinha um futuro promissor pela frente. — Suspirei, lançando sobre o guerreiro tremulo que fora l
POV: AARONSegundo as antigas tradições do ritual da lua de sangue, fiquei em frente ao lago, segurando a estaca de prata com punho de borracha na mão, aguardando ansiosamente a chegada de Callie. As roupas que ela usaria, brancas com filetes em tom prata, eram uma representação elegante da luz lunar. O ambiente ao redor era silencioso, apenas o som suave da brisa sobre as folhas e a respiração contida dos presentes preenchiam o ar.O tempo passava e a demora de Callie começava a me preocupar. Imaginei que os preparativos não deveriam levar tanto tempo. Chamei um dos guerreiros, um homem robusto e atento, e pedi para ele localizar o beta pelo rádio. Àquela altura, ele já deveria estar ao pé da montanha, acompanhando a minha Luna. O guerreiro o chamou repetidamente, mas não obteve resposta. Franzi o cenho, sentindo um mal-estar crescente. Algo realmente não cheirava bem.Decidi investigar. Meus passos largos e determinados chamaram a atenção de todos os presentes. Lobos, bruxas e algun
POV: CALLIEMeu corpo chacoalhava violentamente de um lado para o outro, causando um desconforto insuportável. O forte enjoo me atingiu de repente, e acabei vomitando. Ouvi rosnados de protesto ao meu redor.— Que nojo, essa inválida vomitou em mim! — reclamou um homem estranho que parecia estar me carregando.— Não fale assim da futura rainha de Nocturnus — repreendeu outro homem, mais velho e com uma voz grave. — A deidade não vai gostar de saber que ela está grávida.— O que pretendem fazer com ela? Qual a importância desta loba cega nesta guerra? — ouvi a voz de Kemilly próxima, enquanto ela agarrava meus cabelos e erguia minha cabeça de forma brusca. — Com ela cega, não dá para saber se está apagada ou acordada!— O corpo está mole e os batimentos fracos. O sonífero que você aplicou ainda deve estar fazendo efeito — explicou o homem misterioso. — Retorne deste ponto, você não é bem-vinda ao ritual.— O quê? — rosnou Kemilly. Ouvi sons de batalha ao fundo, sentindo que ainda estav
POV: CALLIEArrastei meu corpo pelas árvores, lutando contra a dor lancinante que irradiava do meu pé quebrado. Em determinado momento, toquei algo úmido e, ao cheirar, percebi que era musgo. Instintivamente, comecei a esfregá-lo pelo corpo, na tentativa de camuflar meu cheiro. Peguei algumas folhas e flores ao meu redor, escolhendo aquelas com aromas mais fortes, e as esfreguei contra a pele, desesperada para apagar qualquer traço que pudesse ser detectado. Precisava fugir, precisava sobreviver e encontrar ajuda!Mais uma vez, o vento acariciou minha face, levantando levemente meu queixo em uma direção específica. Interpretei isso como um sinal da Deusa, e segui o aroma indicado, parando de tempos em tempos para apoiar-me nos troncos, devido à intensa dor no pé. Tateando ao meu redor, encontrei o que parecia ser um galho firme. Sentei-me no chão, rasguei um pedaço do tecido do meu vestido e, improvisando na escuridão que me envolvia, fiz uma tala para estabilizar o pé e poder caminha