POV: AARONCallie estava agitada com as recomendações do médico. Mentiria se não dissesse que estava me divertindo com a situação, mas sabia que o peso recairia sobre mim... Conter os desejos de um elo tão forte era um desafio intenso, mas já havia ferido e não quebraria novamente minha promessa de não a ferir.— Quando ela terá alta? — Encarei o médico, que de tempos em tempos olhava para a bruxa com admiração.— Se tudo ocorrer bem, até o final do dia. — Explicou ele, ajustando a postura.— Tão breve assim? — Callie indagou preocupada, acariciando a barriga. — Eu quase perdi meu bebê, não seria mais seguro ficar aqui em observação? Claro, se o rei Lycan permitir.— Lobinha, todos os meus recursos serão seus recursos. Se o médico achar que você deva ficar, assim será. — Mantive os olhos curiosos sobre sua barriga, levando minha mão sobre a dela que parecia temer retirar dali. — O bebê está bem.Sussurrei, tranquilizando-a. Callie apenas assentiu, parecendo ainda agitada.— Não há raz
POV: CALLIE— Você tem medo dele? — Yulli me trouxe do meu transe, estalando os dedos para chamar minha atenção.— Você tem? — Refutei, relutante.— Espertinha! — A bruxa riu. — Tenho medo de que perca o controle de seus poderes, mas, no geral, Aaron é um bom amigo. Agora é sua vez.— Tenho medo de ser mais magoada do que já fui, não falo de forma física, essas cicatrizes curam... — Murmurei, acariciando o ventre, incomodada que Rigan não chutava ou se mexia. — Ele está tão quieto.— É um filhote esperto, sabe que você precisa de um descanso. — Yulli cutucou a ponta do meu nariz, afundando o lado direto da cama, suas mãos pousando sobre as minhas aquecendo com magia. — Só por garantia.— Obrigada. — Sorri de lado, aliviada pela nossa amizade.— Seu medo são as feridas em seu coração? — Indagou Yulli, suave.— Serei mãe, feiticeira; o pai do meu filhote não consegue reconhecer a paternidade, não confia em minhas palavras... Eu disse que o amava, sem respostas. Parece que mergulhei em o
POV: AARONAo receber alta, a carreguei até em casa, apesar de seus protestos. Yulli se divertia com a cena, ficando para trás no hospital para auxiliar o Dr. Ryan com a cura. Ela lançou um feitiço de contenção, sem certeza de que funcionaria, mas precisávamos tentar para evitar que mais alguém se ferisse.— Estamos no seu quarto? — Callie perguntou surpresa, farejando ao redor. — Por que estou nos seus aposentos?— Você precisa ser cuidada, e teremos que dormir juntos segundo as recomendações médicas. É mais fácil fazermos isso aqui. — Ronronei baixo. — Não se preocupe, pequena, é apenas cuidado e descanso.— Por que está fazendo isto? — Com o cenho franzido, ela me encarava, mesmo com o velcro sobre seus belos olhos esverdeados, desconfiada.— Sou um lobo teimoso, já disse. — Respondi divertido, caminhando com ela em meus braços e a pousando no chão sobre o tapete aveludado.— Estamos no banheiro? — Rosnou a pequena loba, relutante. — O que pretende, Alfa?— Encher a banheira com sa
POV: CALLIETateei a borda da banheira, seguindo seu cheiro, e encontrei a ponta de seus dedos. Subi a mão por seu braço, deslizando pelos músculos, percorrendo o pescoço até juntar minhas mãos em seu rosto.— Contenha-se, Alfa, não podemos fazer nada. Eu te disse, é melhor não nos envolvermos. — Mantive o tom firme, apesar da pulsação em meu íntimo. Ficar tão próxima deste homem era perigoso, e eu sabia disso. — Não podemos...Reforcei em um sussurro quando seus lábios se aproximaram dos meus, roçando-os. Fechei os olhos com a deliciosa sensação de seu contato, ouvindo minha loba ronronar em resposta.— Sua loba... — Ele sorriu com a boca ainda colada à minha. — Venha, deixe-me te ajudar a sair da banheira. A água está ficando fria.Afastei-me gentilmente, pensando em como a água estava esfriando, se meu corpo se sentia tão quente? Mordi os lábios, confusa, quando senti suas grandes mãos ásperas me tirando da banheira com delicadeza e me enrolando em um tecido macio e grosso.Comecei
POV: AARONApreciei por um tempo os chutes fortes do filhote, que parecia animado na barriga de sua mãe. Callie me surpreendeu ao entrelaçar os dedos em meus cabelos e afagar, quando percebi que lágrimas haviam escorrido de meus olhos. Há quantos anos não chorava? Desde aquele maldito dia em que Hunter havia me tomado todos os que eu amava. Talvez fosse o mesmo período em que não recebia um carinho cúmplice, um momento terno! O bebê chutou mais uma vez, se mexendo, e me peguei imaginando o futuro, sendo pai e companheiro. Era mais do que eu merecia.Minha mãe seria a avó mais babona; meu pai, com toda certeza, seria um daqueles avôs que dá doces escondidos, um amigo sigiloso e um segundo pai que repreende. Zaí e Zeni seriam os tios bagunceiros, uma dor de cabeça em termos de bagunça, e a adorável Davina, uma tia carinhosa e amorosa. Callie, independentemente de sua deficiência, seria bem acolhida. Assim imagino!— No que está pensando? — Ela perguntou em um sussurro, com a voz suave,
POV: AARONAguardei pacientemente ela terminar sua refeição e retirei os itens, arrumando a cama e gentilmente empurrando-a para o lado, trazendo seu corpo nu para junto do meu, conforme Ryan havia sugerido. No entanto, era difícil conter o desejo que sentia por Callie. Virei-a de frente, deslizando os dedos em suas curvas, acariciando cada detalhe com ternura.— Assim não vou conseguir dormir, Alfa — sussurrou ela timidamente, afundando o rosto em meu peito.— Precisamos trazer sua loba de volta, lembra? Além do mais, só estou te dando carinho — murmurei rouco, beijando o topo de sua cabeça e puxando seu quadril para mais perto. — Gosto do seu cheiro.— Também gosto do seu, me traz segurança — comentou Callie, bocejando. — Você é tão quentinho.Esfregando o rosto em meu peito, ela se alinhou em meus braços como se sempre tivesse feito isso. Uma sensação quente e convidativa percorreu meu íntimo. Apertei-a em um abraço, roçando o nariz em seus cabelos escuros e acariciando suas costas
POV: CALLIENão percebi em qual momento havia adormecido. O calor do corpo de Aaron, sua respiração pesada e rítmica, me conduziu suavemente ao reino dos sonhos. Em meus devaneios, encontrei-me em meio a um templo grandioso, meticulosamente detalhado, tão real que parecia mais do que uma simples criação da mente.Um movimento súbito chamou minha atenção. Através do portão principal, observei um vulto indistinto deslizando silenciosamente. Antes que pudesse discernir mais, um assobio cortou o ar. Não era um som comum; havia algo de sobrenatural e assombroso nele. O assobio ressoou como um lamento fantasmagórico, arrepiando-me a espinha. Era um chamado, meu nome pronunciado de forma quase etérea, vindo de uma direção indefinida.— Callie... Callie... Precisa cumprir o acordo... — Dizia a voz de forma sinistra, enquanto o local onde eu estava marcada se iluminava.Meu corpo não me respondia. Encontrei-me caminhando involuntariamente para o fundo da floresta dos sonhos, onde residiam todo
POV: AARONCorri em direção aos gritos da lobinha, o odor de magia negra pairava no ar. Às minhas costas, ouvi os portões do templo se fecharem com força. O que estava acontecendo?Farejei com cuidado, parando em um ponto, quando senti a presença do inimigo maligno. Não era sua essência direta, mas a aura do Deus obscuro se fazia presente nos sonhos de Callie. Como ele teria conseguido adentrar a este lugar sagrado?Avancei saltando entre os dois, afastando a forma espectral de Nocturnus de Callie, olhando-a ajoelhada ao chão em minhas costas.— Tudo bem? — Questionei preocupado sobre os ombros.— Agora estou. — Respondeu Callie firme, segurando meus pelos como se buscasse conforto e proteção.— Como ele conseguiu acessar aqui? — Rosnei, confuso, com as presas proeminentes, feroz e ameaçador, porém contendo a vibração do meu poder com receio de machucá-la também.— Eu também não sei... Alfa... eu estou... — Um soluço escapou de seus lábios quando nossos olhares se encontraram; ela não