POV: AARONDespertei com os olhos dilatados, ferozes, devorando a sala branca, arranquei o acesso com um puxão, sentindo um desconforto agudo no braço. A enfermeira irrompeu pela porta, seus olhos se alargaram em horror ao me verem, enquanto ela corria para dentro da sala.— Rei Lycan, por favor, o senhor precisa descansar ainda está muito ferido — disse ela, alarmada, enquanto se preparava para tratar o local da perfuração. Quando percebeu que já estava fechado, seu rosto expressou confusão e choque.— Onde está Callie? — Rosnei ameaçadoramente, minha figura imponente lançando uma sombra sobre o pequeno corpo trêmulo da enfermeira.— Ela... Ela está em cirurgia — gaguejou a mulher nervosa.— O que aconteceu? Por que ela precisou de cirurgia? — Apertei os olhos, emanando uma aura de pressão intensa.— Alfa, por favor, controle seu poder, não queremos que se espalhe pelo hospital e prejudique a cirurgia da sua prisioneira! — Ryan apareceu à porta pousando a mão no batente, tentando sup
POV: CALLIEDespertei em minha escuridão com o corpo mais dolorido do que antes. O cheiro hospitalar de álcool e remédios embrulhava meu estômago, enquanto minha cabeça latejava. O que havia acontecido?Minha mente foi inundada pelas lembranças. Estava com o alfa nos sonhos, aquele medo, todo aquele sangue... minha loba, eu não a encontrava em lugar nenhum. A dor me arrastou de volta ao despertar e o grunhido sinalizava que estávamos perdendo meu bebê.— Rigan! — Gritei, pousando a mão na barriga, sem conseguir erguer o corpo direito.Uma mão segurou meus ombros, me mantendo no lugar. Farejei em sua direção, reconhecendo o aroma amadeirado inconfundível que impregnava ainda mais o ambiente, seu domínio se expandindo de forma protetora.— Não se levante, você acabou de passar por uma cirurgia, lobinha — sussurrou Aaron, ajeitando-me no lugar. — Você me deu um susto. São poucos lobos que conseguem fazer isso comigo.— O que houve? — Mantinha as mãos sobre o ventre, com medo de soltar e
— Tudo bem, isso não é nada comparado ao que passei nos últimos anos. — Ressoei de forma singela. O Lycan parecia irritado com o comentário; seu cheiro mudou, ficando mais tenso. — Alfa, está tudo bem?— Sim! — Respondeu ele prontamente.Quando o som alto dos batimentos cardíacos do meu bebê preencheu o ambiente, ouvido através do ultrassom, foi uma experiência profundamente emocionante e única. O som era rápido e rítmico, como um trote de cavalo, constante e firme. Consegui vislumbrar pequenos pés correndo alegremente por um campo aberto, ao menos, era isso que desejava ver quando meu pequeno rei Rigan nascesse!Senti as nuances do cheiro do alfa se alterarem. Havia um conflito nítido, mas algo mais... ele parecia comovido? Minha loba grunhiu ao longe em minha mente, como se aquele momento a fizesse reagir. O lobo do Lycan respondeu rapidamente; os olhos de Aaron agora pareciam pousados sobre minha pele, queimando o local.— Que som lindo. — Comentou Aaron suavemente. — Acho que nunc
POV: AARONCallie estava agitada com as recomendações do médico. Mentiria se não dissesse que estava me divertindo com a situação, mas sabia que o peso recairia sobre mim... Conter os desejos de um elo tão forte era um desafio intenso, mas já havia ferido e não quebraria novamente minha promessa de não a ferir.— Quando ela terá alta? — Encarei o médico, que de tempos em tempos olhava para a bruxa com admiração.— Se tudo ocorrer bem, até o final do dia. — Explicou ele, ajustando a postura.— Tão breve assim? — Callie indagou preocupada, acariciando a barriga. — Eu quase perdi meu bebê, não seria mais seguro ficar aqui em observação? Claro, se o rei Lycan permitir.— Lobinha, todos os meus recursos serão seus recursos. Se o médico achar que você deva ficar, assim será. — Mantive os olhos curiosos sobre sua barriga, levando minha mão sobre a dela que parecia temer retirar dali. — O bebê está bem.Sussurrei, tranquilizando-a. Callie apenas assentiu, parecendo ainda agitada.— Não há raz
POV: CALLIE— Você tem medo dele? — Yulli me trouxe do meu transe, estalando os dedos para chamar minha atenção.— Você tem? — Refutei, relutante.— Espertinha! — A bruxa riu. — Tenho medo de que perca o controle de seus poderes, mas, no geral, Aaron é um bom amigo. Agora é sua vez.— Tenho medo de ser mais magoada do que já fui, não falo de forma física, essas cicatrizes curam... — Murmurei, acariciando o ventre, incomodada que Rigan não chutava ou se mexia. — Ele está tão quieto.— É um filhote esperto, sabe que você precisa de um descanso. — Yulli cutucou a ponta do meu nariz, afundando o lado direto da cama, suas mãos pousando sobre as minhas aquecendo com magia. — Só por garantia.— Obrigada. — Sorri de lado, aliviada pela nossa amizade.— Seu medo são as feridas em seu coração? — Indagou Yulli, suave.— Serei mãe, feiticeira; o pai do meu filhote não consegue reconhecer a paternidade, não confia em minhas palavras... Eu disse que o amava, sem respostas. Parece que mergulhei em o
POV: AARONAo receber alta, a carreguei até em casa, apesar de seus protestos. Yulli se divertia com a cena, ficando para trás no hospital para auxiliar o Dr. Ryan com a cura. Ela lançou um feitiço de contenção, sem certeza de que funcionaria, mas precisávamos tentar para evitar que mais alguém se ferisse.— Estamos no seu quarto? — Callie perguntou surpresa, farejando ao redor. — Por que estou nos seus aposentos?— Você precisa ser cuidada, e teremos que dormir juntos segundo as recomendações médicas. É mais fácil fazermos isso aqui. — Ronronei baixo. — Não se preocupe, pequena, é apenas cuidado e descanso.— Por que está fazendo isto? — Com o cenho franzido, ela me encarava, mesmo com o velcro sobre seus belos olhos esverdeados, desconfiada.— Sou um lobo teimoso, já disse. — Respondi divertido, caminhando com ela em meus braços e a pousando no chão sobre o tapete aveludado.— Estamos no banheiro? — Rosnou a pequena loba, relutante. — O que pretende, Alfa?— Encher a banheira com sa
POV: CALLIETateei a borda da banheira, seguindo seu cheiro, e encontrei a ponta de seus dedos. Subi a mão por seu braço, deslizando pelos músculos, percorrendo o pescoço até juntar minhas mãos em seu rosto.— Contenha-se, Alfa, não podemos fazer nada. Eu te disse, é melhor não nos envolvermos. — Mantive o tom firme, apesar da pulsação em meu íntimo. Ficar tão próxima deste homem era perigoso, e eu sabia disso. — Não podemos...Reforcei em um sussurro quando seus lábios se aproximaram dos meus, roçando-os. Fechei os olhos com a deliciosa sensação de seu contato, ouvindo minha loba ronronar em resposta.— Sua loba... — Ele sorriu com a boca ainda colada à minha. — Venha, deixe-me te ajudar a sair da banheira. A água está ficando fria.Afastei-me gentilmente, pensando em como a água estava esfriando, se meu corpo se sentia tão quente? Mordi os lábios, confusa, quando senti suas grandes mãos ásperas me tirando da banheira com delicadeza e me enrolando em um tecido macio e grosso.Comecei
POV: AARONApreciei por um tempo os chutes fortes do filhote, que parecia animado na barriga de sua mãe. Callie me surpreendeu ao entrelaçar os dedos em meus cabelos e afagar, quando percebi que lágrimas haviam escorrido de meus olhos. Há quantos anos não chorava? Desde aquele maldito dia em que Hunter havia me tomado todos os que eu amava. Talvez fosse o mesmo período em que não recebia um carinho cúmplice, um momento terno! O bebê chutou mais uma vez, se mexendo, e me peguei imaginando o futuro, sendo pai e companheiro. Era mais do que eu merecia.Minha mãe seria a avó mais babona; meu pai, com toda certeza, seria um daqueles avôs que dá doces escondidos, um amigo sigiloso e um segundo pai que repreende. Zaí e Zeni seriam os tios bagunceiros, uma dor de cabeça em termos de bagunça, e a adorável Davina, uma tia carinhosa e amorosa. Callie, independentemente de sua deficiência, seria bem acolhida. Assim imagino!— No que está pensando? — Ela perguntou em um sussurro, com a voz suave,