POV: CALLIEO chão vibrava com os passos lentos do rei Lycan, que parecia não manter a caminhada reta em minha direção, como se cambaleasse a cada passada. O odor metálico de ferrugem impregnava o ar, nauseando-me profundamente. Respirei fundo, lutando contra a ânsia que ameaçava me dominar.Yulli estava aos meus pés, sentia o calor de seu corpo desmaiado, A pressão do poder do Alfa tinha nos cobrado um preço alto. Senti um líquido quente escorrendo pelas minhas pernas. Ao tocar o local, esfreguei os dedos, sentindo a densidade do líquido. Quando o aproximei do nariz, percebi que era sangue. Minha loba interior estava estranhamente silenciosa desde a batalha no mar profundo; sua recuperação, que antes era rápida, agora parecia impossível. Pontadas agudas irradiavam do meu útero, e meus instintos gritavam que algo estava terrivelmente errado.— Callie... Eu te feri? — perguntou Aaron, sua voz rouca e fraca. Sua mão enorme pousou em meu ombro, a respiração pesada, o cheiro dele misturad
POV: AARONNão sabia que minha forma humana era tão ágil quanto a lupina, talvez fosse devido aos treinamentos em ambas as formas. Levou um período até alcançarmos a cidade. Yulli gesticulou com a mão para que eu prosseguisse enquanto ela tentava recuperar o ar. Ao adentrar o hospital, rugi, chamando a atenção do médico que apareceu com o cenho franzido, olhando da pequena loba desmaiada em meus braços para o sangue que escorria, pingando ao chão.— O que houve? — Ele se aproximou rapidamente. — Tragam uma maca aqui, agora!A pousei na maca trazida pelas enfermeiras, tirando os lindos cabelos negros de sua face. Mesmo desmaiada, Callie franzia o cenho em dor.— Emanei muito poder, não sei exatamente o que houve... — Suspirei, derrotado. — Ela está...— Grávida? — O doutor avaliou. — Alguém chame a doutora Parker da obstetrícia.— Eles ficarão bem, não vão? — Rosnei aflito, meu lobo grunhindo sutilmente.— Faremos o possível... — Ryan olhou sério. — Você está bem?— Sim... — Sibilei, c
POV: DANTE— Foi por um triz, aquele maldito desgraçado. — Apoiei-me na árvore, meu corpo tremendo de dor enquanto socava com força, a outra mão pressionando minha barriga aberta. Cada toque era uma lâmina cortante, meus dedos quase tocando meus próprios órgãos. — Vou caçá-los, um por um, até a última gota de sangue. Aquela loba cega, farei dela uma marionete da agonia, arrancando seu filhote da barriga e fazendo-a sentir o peso de sua própria miséria. O alfa arrogante, o destruirei, devorando sua carne enquanto sua alma se desfaz em pó. Vou mergulhar nas profundezas da escuridão para trazer o inferno àqueles que ousaram me desafiar.— É mesmo? E como pretende fazer isso estando morto? — Uma voz feminina ecoou entre as árvores, sua risada ecoando como um cântico macabro enquanto sua silhueta se delineava na penumbra. — Você parece péssimo, meu querido.— Esmeralda? — Franzi o cenho, confuso, tossindo mais sangue, minha mão abandonou a barriga para limpar a boca, permitindo que mais sa
POV: AARONDespertei com os olhos dilatados, ferozes, devorando a sala branca, arranquei o acesso com um puxão, sentindo um desconforto agudo no braço. A enfermeira irrompeu pela porta, seus olhos se alargaram em horror ao me verem, enquanto ela corria para dentro da sala.— Rei Lycan, por favor, o senhor precisa descansar ainda está muito ferido — disse ela, alarmada, enquanto se preparava para tratar o local da perfuração. Quando percebeu que já estava fechado, seu rosto expressou confusão e choque.— Onde está Callie? — Rosnei ameaçadoramente, minha figura imponente lançando uma sombra sobre o pequeno corpo trêmulo da enfermeira.— Ela... Ela está em cirurgia — gaguejou a mulher nervosa.— O que aconteceu? Por que ela precisou de cirurgia? — Apertei os olhos, emanando uma aura de pressão intensa.— Alfa, por favor, controle seu poder, não queremos que se espalhe pelo hospital e prejudique a cirurgia da sua prisioneira! — Ryan apareceu à porta pousando a mão no batente, tentando sup
POV: CALLIEDespertei em minha escuridão com o corpo mais dolorido do que antes. O cheiro hospitalar de álcool e remédios embrulhava meu estômago, enquanto minha cabeça latejava. O que havia acontecido?Minha mente foi inundada pelas lembranças. Estava com o alfa nos sonhos, aquele medo, todo aquele sangue... minha loba, eu não a encontrava em lugar nenhum. A dor me arrastou de volta ao despertar e o grunhido sinalizava que estávamos perdendo meu bebê.— Rigan! — Gritei, pousando a mão na barriga, sem conseguir erguer o corpo direito.Uma mão segurou meus ombros, me mantendo no lugar. Farejei em sua direção, reconhecendo o aroma amadeirado inconfundível que impregnava ainda mais o ambiente, seu domínio se expandindo de forma protetora.— Não se levante, você acabou de passar por uma cirurgia, lobinha — sussurrou Aaron, ajeitando-me no lugar. — Você me deu um susto. São poucos lobos que conseguem fazer isso comigo.— O que houve? — Mantinha as mãos sobre o ventre, com medo de soltar e
— Tudo bem, isso não é nada comparado ao que passei nos últimos anos. — Ressoei de forma singela. O Lycan parecia irritado com o comentário; seu cheiro mudou, ficando mais tenso. — Alfa, está tudo bem?— Sim! — Respondeu ele prontamente.Quando o som alto dos batimentos cardíacos do meu bebê preencheu o ambiente, ouvido através do ultrassom, foi uma experiência profundamente emocionante e única. O som era rápido e rítmico, como um trote de cavalo, constante e firme. Consegui vislumbrar pequenos pés correndo alegremente por um campo aberto, ao menos, era isso que desejava ver quando meu pequeno rei Rigan nascesse!Senti as nuances do cheiro do alfa se alterarem. Havia um conflito nítido, mas algo mais... ele parecia comovido? Minha loba grunhiu ao longe em minha mente, como se aquele momento a fizesse reagir. O lobo do Lycan respondeu rapidamente; os olhos de Aaron agora pareciam pousados sobre minha pele, queimando o local.— Que som lindo. — Comentou Aaron suavemente. — Acho que nunc
POV: AARONCallie estava agitada com as recomendações do médico. Mentiria se não dissesse que estava me divertindo com a situação, mas sabia que o peso recairia sobre mim... Conter os desejos de um elo tão forte era um desafio intenso, mas já havia ferido e não quebraria novamente minha promessa de não a ferir.— Quando ela terá alta? — Encarei o médico, que de tempos em tempos olhava para a bruxa com admiração.— Se tudo ocorrer bem, até o final do dia. — Explicou ele, ajustando a postura.— Tão breve assim? — Callie indagou preocupada, acariciando a barriga. — Eu quase perdi meu bebê, não seria mais seguro ficar aqui em observação? Claro, se o rei Lycan permitir.— Lobinha, todos os meus recursos serão seus recursos. Se o médico achar que você deva ficar, assim será. — Mantive os olhos curiosos sobre sua barriga, levando minha mão sobre a dela que parecia temer retirar dali. — O bebê está bem.Sussurrei, tranquilizando-a. Callie apenas assentiu, parecendo ainda agitada.— Não há raz
POV: CALLIE— Você tem medo dele? — Yulli me trouxe do meu transe, estalando os dedos para chamar minha atenção.— Você tem? — Refutei, relutante.— Espertinha! — A bruxa riu. — Tenho medo de que perca o controle de seus poderes, mas, no geral, Aaron é um bom amigo. Agora é sua vez.— Tenho medo de ser mais magoada do que já fui, não falo de forma física, essas cicatrizes curam... — Murmurei, acariciando o ventre, incomodada que Rigan não chutava ou se mexia. — Ele está tão quieto.— É um filhote esperto, sabe que você precisa de um descanso. — Yulli cutucou a ponta do meu nariz, afundando o lado direto da cama, suas mãos pousando sobre as minhas aquecendo com magia. — Só por garantia.— Obrigada. — Sorri de lado, aliviada pela nossa amizade.— Seu medo são as feridas em seu coração? — Indagou Yulli, suave.— Serei mãe, feiticeira; o pai do meu filhote não consegue reconhecer a paternidade, não confia em minhas palavras... Eu disse que o amava, sem respostas. Parece que mergulhei em o