POV: AARONCallie havia desmaiado, seu corpo estava mais volumoso do que da última vez que a vi pessoalmente, feridas se estendia dos ombros se arrastando pelos braços até as pontas dos dedos. Fui percorrendo os olhos por cada centímetro de sua pele verificando a intensidade de seus ferimentos, quando pousei os olhos no volume de sua barriga. Não era tão grande, mas se fazia presente, redonda, volumosa e levemente rígida. Franzi o cenho, farejando sobre o local, quando Yulli me empurrou para o lado.— Sai da frente, preciso curá-la! — Disse a Feiticeira apressada. — Oh, minha amiga, você conseguiu...Ela falou carinhosa, acariciando seus cabelos antes de começar os feitiços de cura. Comecei a caminhar de um lado para o outro, esfregando o queixo, olhando-a de tempo em tempo, farejando freneticamente em sua direção... Esses cheiros. Fechei os olhos, apurando a audição. Havia uma batida rápida, forte e, porém, baixa vindo de sua barriga.— Ela está... — Ponderei as palavras com um nó na
POV: AARONPousei a loba suavemente ao chão, acomodando-a próxima à fogueira. Yulli se juntou ao seu lado, e eu fiquei de vigia, percebendo que ambas ainda tremiam de frio. Mudei para a forma lupina, posicionando-me entre elas para mantê-las aquecidas e seguras. Foi então que Callie virou seu corpo de frente para meus pelos, agarrando-se a eles como se eu fosse um bicho de pelúcia. Senti um misto de ternura e desconforto, enquanto meu lobo interior se agitava de felicidade com o contato.—Não é hora para isso—, rosnei mentalmente para meu lobo, repreendendo-o. Olhei para o fogo crepitante, minha mente mergulhando em pensamentos sombrios. Será que ela havia sofrido nas mãos do noivo? A simples ideia me enfureceu. E se ele tivesse ido além das torturas? E se o filhote que ela carregava fosse dele? Segundo o código dos lobos, se a prole não é nossa, é vista como um possível inimigo remanescente, e eu deveria eliminá-la. A mera menção desse pensamento fez meu lobo rugir em minha mente, fe
POV: DANTEMeus pelos se arrepiaram e, ao fechar os olhos, pude ouvir sua voz me xingando no momento em que deu seu último suspiro.— Esmeralda! — Mãos começaram a bater em meu braço em desespero, a loba embaixo do meu corpo relutando para sobreviver ao sufocamento, seus olhos arregalados e a boca roxa. — Então, te tiraram de mim?— Me solta... — Gemeu a loba que esquentava meu leito, uma nova prisioneira trazida por Jaxon.— Então é verdade? — O beta indagou da porta, parado. — Esmeralda sucumbiu?— Estes elos são um saco, — eu disse, sentindo sua raiva e suspirando. Gargalhei divertido, quebrando com facilidade o pescoço da refém. — Até em seu último momento aquela loba me xingava. Ah, nenhuma poderá substituir seu jeito altruísta de ser.— Se Esmeralda morreu, isso significa que o rei Lycan descobriu seu disfarce, — ponderou o beta. — Ele também suspeita de minha lealdade.— Não é como se você fizesse o seu trabalho direito, seu inútil! — Rosnei, pegando o corpo sem roupa e sem vid
POV: CALLIE— Escondi? — Franzi o cenho, confusa. — Não foi minha intenção. Houve muita coisa acontecendo e, quando tentei te contar, bem, você estava mais empolgado com outras coisas.— Não fui o único a me empolgar naquele dia. — Ele rosnou, alisando minha barriga pensativo. — Callie, quem é o pai do seu filhote?Enrijeci em seu colo, ficando com a coluna ereta, surpresa com sua pergunta. Virei o rosto lentamente em sua direção, avaliando sua feição, aproveitando a visão concedida em meu sonho, mesmo que por um curto período.— Como assim quem é o pai? — Rosnei, ofendida.— Você era noiva de Dante e esteve em suas mãos. Não sei até onde a relação de vocês chegou... Então, é possível que o filhote seja dele? — Aaron mantinha um tom frio ao perguntar. Tentei sair de seu colo, irritada, mas ele manteve as mãos firmes em meus quadris e a outra pousada sobre a barriga. — Não pode me culpar por perguntar isso.— Não sei como você ousa! — Empurrei suas mãos, levantando-me nervosa, minha lo
POV: AARONDespertei farejando ao redor, apurando os sentidos para avaliar quantos lobos nos cercavam. Ao contrário dos ataques anteriores, havia um em específico com um odor mais intenso, parecia ser mais forte. Cutuquei com a pata a bruxa Yulli, que dormia preguiçosamente, enquanto Callie estava desperta, porém imóvel, aguardando que eu avaliasse a situação.— Yulli? — Rosnei, despertando-a.— O que foi? Me deixe dormir mais um pouco... — Ela parecia ter sentido a magia negra. — Dante está aqui!— Está é? — Sorri por entre as presas, sádico. — Fiquem atrás de mim.— Podemos lutar... — Callie contestou, provocando um rosnado meu.— Eu disse para ficarem atrás de mim, Yulli, a proteja caso eu me afaste! — Ordenei, olhando por cima dos ombros peludos.— Tão mandão, meu amigo. — Ela revirou os olhos, assentindo em seguida.Ergui-me lentamente, emanando uma pressão suprema, fazendo o chão vibrar. Callie e Yulli desequilibraram-se, agarrando-se ao meu pelo antes de se acostumarem com os t
POV: CALLIEO chão vibrava com os passos lentos do rei Lycan, que parecia não manter a caminhada reta em minha direção, como se cambaleasse a cada passada. O odor metálico de ferrugem impregnava o ar, nauseando-me profundamente. Respirei fundo, lutando contra a ânsia que ameaçava me dominar.Yulli estava aos meus pés, sentia o calor de seu corpo desmaiado, A pressão do poder do Alfa tinha nos cobrado um preço alto. Senti um líquido quente escorrendo pelas minhas pernas. Ao tocar o local, esfreguei os dedos, sentindo a densidade do líquido. Quando o aproximei do nariz, percebi que era sangue. Minha loba interior estava estranhamente silenciosa desde a batalha no mar profundo; sua recuperação, que antes era rápida, agora parecia impossível. Pontadas agudas irradiavam do meu útero, e meus instintos gritavam que algo estava terrivelmente errado.— Callie... Eu te feri? — perguntou Aaron, sua voz rouca e fraca. Sua mão enorme pousou em meu ombro, a respiração pesada, o cheiro dele misturad
POV: AARONNão sabia que minha forma humana era tão ágil quanto a lupina, talvez fosse devido aos treinamentos em ambas as formas. Levou um período até alcançarmos a cidade. Yulli gesticulou com a mão para que eu prosseguisse enquanto ela tentava recuperar o ar. Ao adentrar o hospital, rugi, chamando a atenção do médico que apareceu com o cenho franzido, olhando da pequena loba desmaiada em meus braços para o sangue que escorria, pingando ao chão.— O que houve? — Ele se aproximou rapidamente. — Tragam uma maca aqui, agora!A pousei na maca trazida pelas enfermeiras, tirando os lindos cabelos negros de sua face. Mesmo desmaiada, Callie franzia o cenho em dor.— Emanei muito poder, não sei exatamente o que houve... — Suspirei, derrotado. — Ela está...— Grávida? — O doutor avaliou. — Alguém chame a doutora Parker da obstetrícia.— Eles ficarão bem, não vão? — Rosnei aflito, meu lobo grunhindo sutilmente.— Faremos o possível... — Ryan olhou sério. — Você está bem?— Sim... — Sibilei, c
POV: DANTE— Foi por um triz, aquele maldito desgraçado. — Apoiei-me na árvore, meu corpo tremendo de dor enquanto socava com força, a outra mão pressionando minha barriga aberta. Cada toque era uma lâmina cortante, meus dedos quase tocando meus próprios órgãos. — Vou caçá-los, um por um, até a última gota de sangue. Aquela loba cega, farei dela uma marionete da agonia, arrancando seu filhote da barriga e fazendo-a sentir o peso de sua própria miséria. O alfa arrogante, o destruirei, devorando sua carne enquanto sua alma se desfaz em pó. Vou mergulhar nas profundezas da escuridão para trazer o inferno àqueles que ousaram me desafiar.— É mesmo? E como pretende fazer isso estando morto? — Uma voz feminina ecoou entre as árvores, sua risada ecoando como um cântico macabro enquanto sua silhueta se delineava na penumbra. — Você parece péssimo, meu querido.— Esmeralda? — Franzi o cenho, confuso, tossindo mais sangue, minha mão abandonou a barriga para limpar a boca, permitindo que mais sa