POV: CALLIE— Quem é você? — Indaguei ao lobo tenebroso às minhas costas, dando alguns passos para trás.— Não se lembra mais do seu rei e pai? — Brandou Hunter frio, com os olhos malignos. — Como estou te vendo aqui se sua carcaça está encolhida ali no chão como uma presa encurralada? Está enxergando?Havia surpresa em seu tom. Olhei novamente para a loba machucada no chão, sentindo a voracidade interior da minha fera ao vê-la ali, ferida, acanhada, trêmula e ameaçada. Hunter grudou meus cabelos, puxando-os em sua direção de forma brusca, arfando:— Como está fazendo isso? — Rugiu ele por entre as presas.— Não me toque! — Rosnei, colocando as garras para fora e arranhando-o ao ser solta. Cai de joelhos ao chão sem sentir o impacto. À minha frente, um feixe de luz cortada permeava o ar. — Você é o motivo dos meus pesadelos....— Você é uma coisa inútil. — Hunter gargalhou, tentando me chutar. Cruzei os braços defendendo meu corpo. — Sou o seu próprio inferno!Corri em direção à minha
Mutei para forma lupina com muita dificuldade, meus pulmões sentindo a forte pressão do preenchimento de água, o ar estava mais denso na lembrança rompida. Parecia que mil facadas estavam sendo fincadas em minhas costas e costelas. Porém, eu sabia que precisava sobreviver. Comecei a correr, passando por debaixo das pernas de Hunter, que rugiu furioso tentando me agarrar. Corria atrás da fita como se minha vida dependesse disso, e dependia. Hunter vinha feroz, sanguinário atrás de mim, assoviando friamente.— Eu vou te pegar, presa! — Ele ria entre as presas.Saltei, alcançando a fita rompida e juntando com a outra quando Hunter agarrou minha perna, tentando me puxar. A memória se completou, congelando o ambiente, e me senti sendo puxada para fora, voltando à parte inicial onde várias memórias rompidas flutuavam em meio à água. Uma bolha de ar escapou entre meus lábios, comecei a me debater como se estivesse me afogando, sentindo como se minha alma estivesse sendo arrancada à força do
POV: AARONCallie havia desmaiado, seu corpo estava mais volumoso do que da última vez que a vi pessoalmente, feridas se estendia dos ombros se arrastando pelos braços até as pontas dos dedos. Fui percorrendo os olhos por cada centímetro de sua pele verificando a intensidade de seus ferimentos, quando pousei os olhos no volume de sua barriga. Não era tão grande, mas se fazia presente, redonda, volumosa e levemente rígida. Franzi o cenho, farejando sobre o local, quando Yulli me empurrou para o lado.— Sai da frente, preciso curá-la! — Disse a Feiticeira apressada. — Oh, minha amiga, você conseguiu...Ela falou carinhosa, acariciando seus cabelos antes de começar os feitiços de cura. Comecei a caminhar de um lado para o outro, esfregando o queixo, olhando-a de tempo em tempo, farejando freneticamente em sua direção... Esses cheiros. Fechei os olhos, apurando a audição. Havia uma batida rápida, forte e, porém, baixa vindo de sua barriga.— Ela está... — Ponderei as palavras com um nó na
POV: AARONPousei a loba suavemente ao chão, acomodando-a próxima à fogueira. Yulli se juntou ao seu lado, e eu fiquei de vigia, percebendo que ambas ainda tremiam de frio. Mudei para a forma lupina, posicionando-me entre elas para mantê-las aquecidas e seguras. Foi então que Callie virou seu corpo de frente para meus pelos, agarrando-se a eles como se eu fosse um bicho de pelúcia. Senti um misto de ternura e desconforto, enquanto meu lobo interior se agitava de felicidade com o contato.—Não é hora para isso—, rosnei mentalmente para meu lobo, repreendendo-o. Olhei para o fogo crepitante, minha mente mergulhando em pensamentos sombrios. Será que ela havia sofrido nas mãos do noivo? A simples ideia me enfureceu. E se ele tivesse ido além das torturas? E se o filhote que ela carregava fosse dele? Segundo o código dos lobos, se a prole não é nossa, é vista como um possível inimigo remanescente, e eu deveria eliminá-la. A mera menção desse pensamento fez meu lobo rugir em minha mente, fe
POV: DANTEMeus pelos se arrepiaram e, ao fechar os olhos, pude ouvir sua voz me xingando no momento em que deu seu último suspiro.— Esmeralda! — Mãos começaram a bater em meu braço em desespero, a loba embaixo do meu corpo relutando para sobreviver ao sufocamento, seus olhos arregalados e a boca roxa. — Então, te tiraram de mim?— Me solta... — Gemeu a loba que esquentava meu leito, uma nova prisioneira trazida por Jaxon.— Então é verdade? — O beta indagou da porta, parado. — Esmeralda sucumbiu?— Estes elos são um saco, — eu disse, sentindo sua raiva e suspirando. Gargalhei divertido, quebrando com facilidade o pescoço da refém. — Até em seu último momento aquela loba me xingava. Ah, nenhuma poderá substituir seu jeito altruísta de ser.— Se Esmeralda morreu, isso significa que o rei Lycan descobriu seu disfarce, — ponderou o beta. — Ele também suspeita de minha lealdade.— Não é como se você fizesse o seu trabalho direito, seu inútil! — Rosnei, pegando o corpo sem roupa e sem vid
POV: CALLIE— Escondi? — Franzi o cenho, confusa. — Não foi minha intenção. Houve muita coisa acontecendo e, quando tentei te contar, bem, você estava mais empolgado com outras coisas.— Não fui o único a me empolgar naquele dia. — Ele rosnou, alisando minha barriga pensativo. — Callie, quem é o pai do seu filhote?Enrijeci em seu colo, ficando com a coluna ereta, surpresa com sua pergunta. Virei o rosto lentamente em sua direção, avaliando sua feição, aproveitando a visão concedida em meu sonho, mesmo que por um curto período.— Como assim quem é o pai? — Rosnei, ofendida.— Você era noiva de Dante e esteve em suas mãos. Não sei até onde a relação de vocês chegou... Então, é possível que o filhote seja dele? — Aaron mantinha um tom frio ao perguntar. Tentei sair de seu colo, irritada, mas ele manteve as mãos firmes em meus quadris e a outra pousada sobre a barriga. — Não pode me culpar por perguntar isso.— Não sei como você ousa! — Empurrei suas mãos, levantando-me nervosa, minha lo
POV: AARONDespertei farejando ao redor, apurando os sentidos para avaliar quantos lobos nos cercavam. Ao contrário dos ataques anteriores, havia um em específico com um odor mais intenso, parecia ser mais forte. Cutuquei com a pata a bruxa Yulli, que dormia preguiçosamente, enquanto Callie estava desperta, porém imóvel, aguardando que eu avaliasse a situação.— Yulli? — Rosnei, despertando-a.— O que foi? Me deixe dormir mais um pouco... — Ela parecia ter sentido a magia negra. — Dante está aqui!— Está é? — Sorri por entre as presas, sádico. — Fiquem atrás de mim.— Podemos lutar... — Callie contestou, provocando um rosnado meu.— Eu disse para ficarem atrás de mim, Yulli, a proteja caso eu me afaste! — Ordenei, olhando por cima dos ombros peludos.— Tão mandão, meu amigo. — Ela revirou os olhos, assentindo em seguida.Ergui-me lentamente, emanando uma pressão suprema, fazendo o chão vibrar. Callie e Yulli desequilibraram-se, agarrando-se ao meu pelo antes de se acostumarem com os t
POV: CALLIEO chão vibrava com os passos lentos do rei Lycan, que parecia não manter a caminhada reta em minha direção, como se cambaleasse a cada passada. O odor metálico de ferrugem impregnava o ar, nauseando-me profundamente. Respirei fundo, lutando contra a ânsia que ameaçava me dominar.Yulli estava aos meus pés, sentia o calor de seu corpo desmaiado, A pressão do poder do Alfa tinha nos cobrado um preço alto. Senti um líquido quente escorrendo pelas minhas pernas. Ao tocar o local, esfreguei os dedos, sentindo a densidade do líquido. Quando o aproximei do nariz, percebi que era sangue. Minha loba interior estava estranhamente silenciosa desde a batalha no mar profundo; sua recuperação, que antes era rápida, agora parecia impossível. Pontadas agudas irradiavam do meu útero, e meus instintos gritavam que algo estava terrivelmente errado.— Callie... Eu te feri? — perguntou Aaron, sua voz rouca e fraca. Sua mão enorme pousou em meu ombro, a respiração pesada, o cheiro dele misturad