Entrar na agência novamente depois de tanto tempo era como cruzar um portal para um passado cheio de dor e insegurança. Mas dessa vez era diferente. Não estava sozinha. Jonh abriu a porta para mim com um gesto galante e, antes de entrarmos, segurou minha mão com firmeza e me puxou para um beijo breve, mas intenso.— Pronta? Ele perguntou, seus olhos azuis brilhando de confiança.Assenti, respirando fundo. Era hora de mostrar a todos que eu não era mais a garota que pagaram pra comer.Caminhamos juntos pela entrada principal, nossas mãos entrelaçadas. A segurança com que ele segurava minha mão me fez sentir invencível, como se nada pudesse me atingir enquanto estivesse ao lado dele.Logo avistamos a recepção, e ali estavam elas. Duas modelos que conhecia muito bem, conversando animadamente até nos notarem. Uma delas deu um leve cutucão na outra, e ambas se viraram em nossa direção, os olhos imediatamente pousando em Jonh. Era sempre assim. Elas o olhavam como se ele fosse algum tipo d
JONH * Voltar à agência com Hana ao meu lado era mais do que um simples retorno. Era um momento de redenção. Eu sabia que sua presença causaria impacto, especialmente depois de ela se posicionar com tanta elegância e firmeza diante das modelos. Cada passo que dávamos juntos pelas instalações era um lembrete do quanto tínhamos superado. No entanto, o momento que mais nos emocionou foi inesperado, o convite pra sermos padrinhos do bebê de Flávia nos deixou muito felizes. Hana ficou sem palavras, mas seus olhos se encheram de lágrimas. Eu, por outro lado, me senti inundado por uma mistura de gratidão e nostalgia. Flávia e Hana se abraçaram, e eu não pude deixar de pensar em tudo que havíamos vivido. Era surreal ver as duas tão próximas depois de tantos conflitos e rivalidades. Me lembrei do amor que um dia Flávia nutriu por mim, dos ciúmes que Hana e ela sentiram, das brigas intensas entre as duas. Mas estávamos unidos, com tudo isso no passado. Passamos o restante do dia coloc
HANA *Eu cheguei a pensar que nada poderia estragar o meu dia, mas como tudo na minha vida, sempre havia algo que colocasse em questão a minha felicidade e bem estar.Eu sabia que havia muito a ser conversado entre o Jonh e a Flávia, então eu acompanhei todas as pautas e problemas até surgiram no tempo em que ele esteve no Brasil comigo, porém tudo ficou tenso quando a Flávia lançou uma bomba que fez o chão abaixo de mim tremer. "Shell"... Aquele nome soou como um eco, reverberando em todos os cantos da sala e, pior, dentro de mim.Minha primeira reação foi a de me calar. Engoli a seco, tentando manter a compostura, mas as memórias que aquele nome trouxe me atacaram como um vendaval. Eu conhecia Jonh e o histórico dele com Shell. Não era só um nome; era um lembrete de um passado que, embora ele garantisse estar enterrado, sempre parecia pronto para ressurgir, afinal, ela era a mulher que sempre estava na cama dele, mas que sempre desejou ser assumida oficialmente.Quando Flávia d
Eu andei pelos corredores da agência com passos rápidos, sentindo a cabeça latejar de tão confusa e irritada. As palavras de Flávia ainda ecoavam na minha mente. — Dois anos de contrato... para o bem da agência." Eu entendia o lado dela, mas era impossível ignorar a sombra que Shell poderia lançar sobre o meu relacionamento com Jonh.Quando cheguei na porta da sala onde ele estava, hesitei. Por um momento, fiquei ali, com a mão na maçaneta, respirando fundo. "Você confia nele, Hana," repeti para mim mesma como um mantra. Mas confiança precisava de diálogo, e eu sabia que precisava enfrentá-lo com calma, apesar da tormenta dentro de mim.Abri a porta devagar. Jonh estava sentado à mesa, com as mãos entrelaçadas e os cotovelos apoiados, parecendo tão perdido em pensamentos quanto eu. Ele levantou os olhos ao ouvir a porta e, ao me ver, se ajeitou na cadeira, visivelmente preocupado.— Hana...Ele começou, sua voz suave, mas carregada de tensão. — Eu estava pensando em ir te procur
JONH*A Flávia decidiu ir atrás de Hana e tentar explicar os motivos que a levaram a contratação de Shell, e enquanto eu estava sozinho, vários pensamentos me atormentaram.Não era exatamente medo que eu sentia, mas a sensação de parte do meu passado aflingir o coração de Hana, quando eu prometi que nada a faria se sentir daquela forma outra vez.Eu me lembrei da última vez que eu e Shell nos vimos, foi naquele maldito evento que eu a levei quando eu achei ser possível viver sem Hana, o mesmo dia em que o meu egoísmo e falta de caráter levou a Hana pra cama de outro homem.Shell viu as lágrimas nos meus olhos naquele dia, mesmo sem eu dizer nada, ela soube que aquelas lágrimas não eram por ela. Nunca conversamos sobre aquilo, e talvez seja por isso que a vida exigia o retorno dela, como uma sombra do meu passado, disposta a me encarar de frente.As possibilidades do que poderia dar errado continuavam a me atormentar. E se Shell tentasse desestabilizar meu casamento? Não seria difíc
HANA*" Uma modelo freelancer"...Era exatamente isso o que o John falava sobre mim, somente pra esconder que estava pagando milhões pra ser o primeiro a me comer.Mas apesar disso, naquele momento, eu não era a comidinha bem paga dele, eu era a esposa, e a mulher bem a minha frente precisava respeitar isso.Em nenhum momento eu pensei em quebrar a cara dela, tudo o que eu queria era que ela tomasse ciência de quem eu era, e de como ela deveria se comportar, eu sabia que eu não precisava brigar por algo que já era meu, da qual ela passou anos lutando pra ter.Depois de bater boca com ela, a Flávia parecia saber exatamente o que falar pra que ela não continuasse com toda aquela cena.Assuntos para resolver com o meu marido? Só nos sonhos dela.Eu virei as costas pra ela, e encostei Jonh antes de continuar o percurso interrompido até o elevador.Enquanto as portas se fechavam, o meu olhar fuzilando ela deixava claro que eu jamais abriria espaço pra que ela fizesse bagunça na minha vida
No dia seguinte, acordei sozinha na cama, levantei, fiz minha higiene pessoal, e só depois eu fui procurar o John pela casa, mas eu não o encontrei.— Que estranho, ele não sairia sem me avisar ou se despedir.Eu peguei o celular e liguei pra ele, mas a ligação foi direto pra caixa postal.Eu não queria pensar no pior, a conversa que havíamos tido no dia anterior, deveria ser o suficiente pra me deixar segura, afinal, ele iria demitir a Shell...Ou não iria?Eu fiquei pensando em ir até a agência, testificar com os meus próprios olhos se ele estava lá, fazendo o que ele disse que iria fazer. — Não, eu não vou fazer isso, que droga de insegurança é essa? Eu precisava parar de pensar em tantas besteiras.Eu resolvi então ligar pra Flávia, ela sim me atendeu, mas a forma que ela falou comigo me deixou ainda mais cismada.— Hana, não posso falar com você agora, desculpa.Ela simplesmente desligou na minha cara, sem ao menos esperar uma resposta minha.— Tem algo de errado.Eu tinha duas
JONH*Eu já sabia o que fazer, por muitas vezes eu me fiz a mesma pergunta: Eu seria capaz de viver sem a Hana ou torná-la infeliz?A resposta era "Não", e sempre seria, pois eu assumi esse compromisso não só com a Hana, mas comigo.O silêncio dela dentro do carro, já me passava várias informações ao mesmo tempo, driblar os problemas, fazer sexo intenso e apaixonado, não iria alterar em nada aquilo que se passava dentro dela, e eu já esperava por aquele pedido..."Demitir Shell"...Essa palavra vinha entrelaçada silenciosamente à frase "Interferir no trabalho de Flávia" ou "Tirar o direito da Flávia de fazer escolhas sendo ela minha sócia"...Enfim, apesar do grande problema que eu teria pela frente, a minha esposa estava acima de tudo.No dia seguinte, acordei bem cedo, fiz de tudo pra não acordar Hana, eu sabia exatamente do caos que eu estava prestes a causar e não queria que a Hana presenciasse nada disso.Me arrumei, fui pro jardim e liguei pra Flávia solicitando a presença da S