No dia seguinte pela manhã, antes que o sol aparecesse trataram logo de entrar em ação. Com muito cuidado e expectativa deram início a aproximação.
Desceram até as margens do rio Águas Clara que dava de frente a propriedade e aguardaram um instante. Cuidadosamente atravessaram para o outro lado e ficaram de prontidão perto da casa esperando até que alguém aparecesse do lado de fora e com isso poder se aproximarem.
Assim que a luz do sol começou a bater na frente da casa e as pessoas começaram a transitarem-se do lado de fora, eles apareceram sutilmente.
Assustados e amedrontados, correram todos para dentro da casa e fecharam as portas. Passaram-se alguns minutos em silêncio, mas logo o homem abriu a porta para dar ruma espiada.
— De repente ouviu uma voz que disse: Humanos! Humanos!
− O que é isto que estou vendo. Macacos me mordam! Macacos falantes? Essa não!
— Fique calmo irmão; viemos em missão de paz. Não se assuste. Só queremos falar com vocês.
— Irmão? Como assim! Eu parente de macacos, nada disso.
— Logo em seguida um deles apartou do bando, aproximou-se do homem, estendendo-lhe a mão para cumprimentá-lo.
— Calisto – era seu nome. Com um gesto de delicadeza e acolhimento, deu-lhe também a mão e ambos se cumprimentaram. E disse aos visitantes: mas...afinal o que fazem aqui — o que querem vocês com a gente?
— Estamos aqui cumprindo uma ordem de nossos superiores que nos confiaram esta missão para trazer até vocês um convite verbal.
Isto significa que acreditamos numa possível aceitação de vossa parte.
— Está bem; mas.... Qual é o assunto. De que se trata!
— E o que temos nós, os humanos, a ver com isso?
— É aí que está o quê da questão!
Estávamos reunidos em assembleia, quando alguém do auditório surgiu com a ideia de convidarmos vocês a participarem do nosso evento.
Houve um consenso por unanimidade e é por isso que estamos aqui.
— Esperamos que aceite nosso convite. É muito importante para a nossa raça, realizar esse sonho que vem atravessando séculos, sem nunca ter sido realizado.
— Tamanha surpresa para mim! Como é que pode, macacos falando como nós? É inacreditável!
— Nada disso senhor Calisto! Nós acreditamos na possibilidade de um contato amigável e proveitoso com os humanos. Por isso é que estamos aqui cumprindo uma ordem de nossos superiores, na esperança de levar conosco alguns de vocês, para tomar parte de nossa Assembleia na realização de nosso projeto — o recenseamento.
— Muito bem; aguarde alguns dias até que falarei com meus amigos. Se concordarem, daremos a vocês uma resposta concreta. Posso lhes afirmar que no máximo em uma semana darei a vocês uma resposta definitiva.
— Aguardaremos o tempo que for preciso, senhor Calisto! Não temos pressa, mas, torcemos para que nos traga uma decisão afirmativa.
— Quanto a mim tudo bem!
— Acreditamos em suas palavras, senhor Calisto!
— Quanto a vocês; não sei como hospedá-los em minha humilde residência.
— Não se preocupe conosco, humano! Disseram eles: ficaremos muito bem ali na floresta do outro lado do riacho. Quanto à comida, sabemos como arranjar. Faz parte do nosso dia a dia.
Saiu então Calisto, ao encontro de seus amigos levando consigo a honrosa novidade. Assim que os encontrou, contou-lhes o motivo de sua visita e fizeram-lhes o convite formal.
Surpresos com a fantástica notícia, dissera-lhe que iriam pensar e em breve dar-lhe-iam seu parecer. Acataram com muita honra a recente novidade que os deixou de certa forma, bastante emocionados e envaidecidos.
Na manhã seguinte, vieram ao encontro de Calisto e, depois de uma longa conversa, firmaram-se o compromisso de que iriam mesmo participarem do evento.
Talvez por curiosidade, ou até mesmo algum interesse em conhecer melhor a Raça dos Primatas.
Os amigosque vieram na companhia de Calisto eram três:
— DrCaloni—Médico e Clínico Geral.
— Dr Umberto - Médico Cirurgião Dentista.
— Hortense, Professor de História e Biólogo.Em seguida levou até o bando, a excelente notícia que os deixaram extremamente orgulhosos e bastantes felizes.
Na próxima semana, depois de tudo preparado para uma longa viagem, sem data certa de regresso, partiram com o bando, deixando para trás, família e trabalho. Mesmo assim, abraçaram esse venturoso desafio.
Na comitiva foram eles levando seus pertences de uso pessoal e alguns objetos de suma necessidade para a viagem.
Como transportes usaram para a jornada, cavalos selados e bem traquejados naquela região. Era na verdade, o único meio para embrenharem-se naquela espeça floresta.
Naquele mundo sombrio de incomparável aconchego e aromática vegetação, usufruíam das belezas e encantos jamais vistos e vividos pelo homem.
Para eles não era nenhuma surpresa, pois, ambos foram criados no campo assim como Calisto. Conheciam muito bem os costumes e hábitos dos camponeses. Acataram de bom grado essa aventura misteriosa e alucinante.
Cavalgando em meio à floresta, iam eles, e pulando sobre as árvores iam o bando de Primatas. Na frente ia o bando e logo atrás, montados vinham os humanos.
Depois de alguns dias, numa exaustiva jornada, chega o bando com os nobres visitantes, que foram recebidos com muito carinho e apreço.
Era o fim de uma tão sonhada espera da parte dos primatas. E sem dúvida, o início de uma nova batalha diplomática, em prol de um entendimento recíproco.
Assim que apearam dos cavalos, foram recepcionados com grande euforia por todos os que se encontravam ali presentes.
Felizes com a chegada dos ilustres convidados, empenharam-se em transformar aquele recinto num ambiente completamente festivo.
Os primeiros a cumprimentá-los foi o casal mais idoso entre eles. Eram da espécie Orangotango. Os receberamcom fortes abraços num gesto de boas-vindas. Responderam os visitantes, com acenos, maneando a cabeça em sinal de gratidão e cordialidade.
Sentindo-se em casa e aceitando o convite dos primatasa sentar-se em um dos lugares mais nobres daquele plenário, se acomodaram. Foram, em seguida, cumprimentados por todos que se aproximavam.Cada um com um aperto de mão, desejando-lhes boas-vindas.
Ali sentados e recepcionados pelos anfitriões, forram apresentados aos grupos de outras espécies que se encontravam no recinto a espera dos humanos. Foram grandes a honra e a admiração por todos os demais animais e aves da floresta.
Depois de serem apresentados e ficarem à vontade num relacionamento de igual para igual, tiveram uma grande surpresa que os deixou bastante honrados e agradecidos.
De acordo com a programação feita antes pela multidão que aguardavam a chegada dos humanos, programaram para eles uma grande festa.Era de natureza animal e por isso, convidaram outras espécies, as quais também faziam parte dos habitantes da floresta.Foi chegando a Dona Raposa com sua comboia de raposinhas. Trazia consigo uma sanfona para a sua apresentação. Logo em seguida, aparecem as pacas. Logo atrás, vêm as Capivaras e os Preás. Sem mais demora aparecem os Quatis, os Texugos e muitos outros de diferentes espécies.O Bode por sua vez, chega todo imponente e carrancudo. Por fim, os demais bichos das regiões circunvizinhas. Encontrava-se ali também, uma grande espécie de Aves e Mamíferos.E assim por diante... até que fizessem daquele recinto um ambiente realmente festivo e muito atraente.Cada espécie tinha seu representante que fizera sua bela
Reuniram-se novamente – Primatas e Humanos, para dar andamento no processo do recenseamento. Desta vez era pra valer.Quanto ao processo do ressecamento, criou-se uma lacunaenigmática, sem uma saída concreta para desenrolá-lo. Era, talvez, o fim de um sonho tão almejado por toda a classe dos primatas em geral.Uma estatística mundial seria uma tarefa dificílima a ser desempenhada. Isto pelo fato de ter que viajar pelo mundo todo, em busca de dados demográficos para uma tão sonhada realização. Nem os humanos nem tampouco os primatas poderiam ou saberiam como proceder com relação a este assunto. Seria, com toda certeza, como procurar uma agulha em um palheiro.Assim, após uma longa discussão sobre o assunto, ficara, de uma vez por todas, decidido que não haveria mais a realização do recenseamento dos primatas.Com muita tristeza
Bem - interveio novamente o Professor Hortense: já ouvimos o bastante de vocês, e mesmo assim gostaríamos de ouvir mais um pouco—mas como o tempo não anda para trás, nem espera ninguém, é chegada a hora de voltarmos as nossas atividades.— Ah… disseram os amigos macacos: gostamos muito da companhia de vocês. Por que ir embora agora?— Continuou. Hortense; temos o nosso trabalho e devemos isso aos nossos clientes. Por isso, devemos voltar o mais breve possível, uma vez que temos a responsabilidade de exercermos nossa profissão dignamente. Dependemo-nos muito da nossa clientela.Ah! Muito bem. Se for assim, não podemos segurá-los mais aqui conosco. Lamentamos muito a vossa ida. No mais, desejamos vos um bom regresso para casa. Devem estar com muita saudade dos familiares.— Sim, estamos!Antes de saírem, convidaram três primat
Justamente no momento em que se preparavam para se acomodarem em seus leitos, receberam a incômoda mensagem do Sr. Calisto convocando-os a voltarem imediatamente a sua cidade. A mensagem de Sr. Calisto dizia o seguinte: Um bando de foras da lei armados até os dentes invadiu a floresta em perseguição aos primatas e está acontecendo lá uma batalha quase incontrolável.Segundo os mensageiros que me deram esta drástica notícia, muitos primatas já foram presos pelos invasores, mas também muitos destes foram dizimados pelos primatas enfurecidos.Espero a chegada de vocês para uma possível pacificação e contenção de uma catástrofe ainda maior. Oxalá, vocês cheguem a tempo antes que as coisas piorem ainda mais!Quando ouviram isto, os três convidados primatas caíram num choro profundo pelo terrível acontecimento l&a
Assim que se despediram do bando e tomaram o caminho de volta para casa, foram escoltados por um bando de macacos menores que quiseram prestar-lhes a última homenagem aos caros e preciosos amigos humanos.Depois de alguns quilômetros, voltaram para seu reino alimentando a triste realidade de que talvez nunca mais se encontrarem.Voltaram em grande alvoroço e lamento floresta afora emitindo gritos de desventura e dor. Sobre a copa das árvores pulando de galho em galho, se desapareceram da presença dos humanos.Os quatro amigos ao chegarem à propriedade do senhor Calisto, passaram ali aquela noite paradescansarem da exaustiva viagem. A recente lembrança dos amigos primatas que ficaram em seu reino, entristecidos e pesarosos pela volta dos humanos para suas casas, os deixaram abalados.No dia seguinte, já não mais cavalgando e sim, em um carro que haviam deixado no sítio do senhor Calisto p
Estava em meu ateliê há algum tempo, elaborando alguns projetos sobre História Geral e Botânica, bem no momento em que o telefone tocou. Era meu amigo Calisto com o seguinte termo: Estou lhe convidando em companhia do Doutor Caloni e Doutor Umberto para uma emocionante aventura. Isto se for do agrado de vocês. — Mas, do que se trata?— Bem, é um assunto um tanto embaraçoso e meio complexo, mas é a pura verdade.
Havia no Coração de uma densa Floresta o Reino dos Primatas onde habitava o maior número de macacos do planeta! Eram falantes e fizemos contato com eles para uma emocionante aventura. Misteriosas emoções conduzirão você caro leitor, a desvendar conosco essa história que começa aqui...!Logo que chegamos fomos muito bem recebidos por eles com muita euforia e afeto. Os preparativos para a nossa chegada foram feitos de uma maneira muito bem organizada. Fomos recebidos como reis e tratados como majestade.Com a participação de outras espécies de animais, fora organizada uma grande festa em nossa homenagem. Parecia, na verdade, que não havia rivalidade entre as criaturas no reino animal.Conduziram-nos a frente dos participantes ali presentes para aquela emocionante noite festiva. Para se ter uma ideia, cada um dos presentes queria ficar do nosso lado, talvez pela honra ao poder
Dr. CaloniMuito bem. Disse ele. Eu, por ser humano sinto-me de certa forma bastante privilegiado pela vida que levo. Apesar da grande responsabilidade e compromisso com toda a minha clientela, nada afeta minha rotina de lazer como também as viagens ao exterior e as aventuras que sempre abracei ao lado dos amigos. — Ao ouvirem esta propicia declaração, os aplausos da parte dos macacos encheram aquele recinto de palmas em favor do palestrante — Caloni.E continuou! Sinto-me imensamente honrado e agradecido pelo fato de fazer parte de uma descoberta jamais feita por nenhum humano na face d