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CAPÍTULO II - EM BUSCA DOS HUMANOS

Esta situação não poderia continuar sem que encontrassem uma saída objetiva e concreta para o recenseamento. Tentavam de alguma forma, amenizar os problemas pacificamente.Buscar respostas e soluções para a elaboração do projeto de uma forma real, garantindo o futuro das espécies sem o perigo de fracassarem ou até mesmo abandoarem o plano.

Nesse momento o bando começou a dispersar-se com ar de insatisfação e desânimo. Dessa vez, saíram em silêncio como quem faz greve de fome ou alguém que prefere manter-se calado diante de uma interrogação ou julgamento.

Todavia, esse não era um assunto que estava em questão naquele momento. Mas a resposta concreta, a qual era esperada por todos não vinha de forma alguma.

Então o bando voltou atrás e começou o motim jogando galhos de arvore sobre a mesa organizadora. Emitiam gritos de lamúrias e gestos de estranho comportamento. Insatisfeitos e raivosos começaram a dar continuidade àquela rebelião, o que seria lamentavelmente uma catástrofe.

Eis que nesse momento alguém no meio da plateia levantou-se e com ar de preocupação bradou: Calma! Calma! Nem tudo está perdido. Haveremos de encontrar uma solução.

Inconformados e afoitos para encontrar uma resposta concreta, não se continham em se manter a ordem entre eles naquele recinto. Por sorte, a resposta veio logo a seguir.

Eis que de repente, lá do meio do auditório surge um dos presentes com uma brilhante ideia em pauta. Seria uma tentativa obscura ou logica, dependeria apenas do aval e a aceitação dos que promovia aquele tão inconsequente motim.

Todos, porém se levantaram e de cabeça erguida fitaram-lhe os olhares na direção do autor da ideia. Ansiosospara ouvi-lo e ao mesmo tempo saber qual seria o plano, não abriram a boca em sinal de protesto e mentiam-se calmos.

Atentos e curiosos faziam daquele ambiente um silêncio profundo a fim de ouvir e saber qual seria a tão esperada decisão.

A palavra fora-lhe concedida pelos membros que compunham a Cúpula daquela Assembleia de Primatas. Disse categoricamente aos colegas.

— Olha, a ideia é a seguinte: que tal convidarmos alguns humanos para participarem de nossa Assembleia?

Ah! Ah! Ah!...soltaram gritos de ironia, como se estivessem preparando-se para uma guerra dizendo: Humanos não! Humanos não!

Após um breve intervalo, no qual não se podia ouvir um murmúrio sequer, alguém lá do meio gritou; acho esta uma brilhante ideia, já que pertencemos à mesma raça. Lembrai-vos que tanto os humanos como nós - os macacos, pertencemos ao mesmo grupo — Os primatas.

— É verdade! Disse um dos membros da organização. Não vejo nada anormal nessa ideia. Acho que seria a porta de saída para o nosso plano.

— Replicou um terceiro que fez jus a ideia e tratou logo de dar seu aval, convencendo todos os Membros do Conselho à aceitação do mesmo.

— Estes, porém, não fizeram nenhuma objeção e trataram logo de assinarem, dando pleno consentimento à execução do projeto.

Depois que tudo ficou decidido e eles convencidos de como agiriam, fizeram vir até a Mesa Organizadora, alguns dos primatas mais jovens e robustos.

       Deram a eles uma ordem a qual seria irrevogável, para irem à procura dos humanos e convencerem-nos a participarem do tão esperado evento.

       Não era aquela uma tarefa muito fácil para eles, mas acataram de vez as ordens que lhes fora dada, e partiram floresta afora.

Eram cerca de uns vinte jovens primatas mais ou menos, numa missão que para eles, seria quase impossível.

Ainda de manhã, os raios do sol já desciam em meio à densa floresta iluminando todo o solo, quando o bando partiu para aquela tão misteriosa missão que para eles era de certa forma, uma aventura e um compromisso de fidelidade para com os seus superiores.

Comprometera seguir as ordens a eles incumbida a cumprir, e avançaram com o peso da responsabilidade, seguindo rumo ignorado floresta afora.

 Nada poderia dar errado. Caso contrário, o plano iria por água abaixo deixando a classe inteira em maus lençóis. Provavelmente seria o fim de um sonho para eles, e isso deixaria, com certeza, toda a espécie desmoralizada. De galho em galho, de pulo em pulo sobre as copas das árvores da floresta iam eles ao encontro dos humanos — o homem. Sempre atentos quando um barulho diferente soava em seus ouvidos. Tentavam decifrar de alguma forma aquele ruído, imaginando que pudesse ser a voz de um deles.

Passaram-se horas e horas naquela incansável jornada e ao mesmo tempo exaustiva. Não mediam esforços para avançar cada vez mais a frente, com a esperança de logo os encontrarem.

Não faziam ideia de quanto tempo levaria para chegar ao destino almejado e nem sequer passava pela cabeça de cada um deles, como seria a reação deles, caso os encontrassem.

Dias e mais dias se passaram e nada de encontrar os tais humanos. Mesmo assim o bando ia avançando e alimentava a doce esperança de obter resultado positivo em sua busca.

Incertos de que tornar-se ia realidade aquela tão sonhada e audaciosa missão, surgiu então entre o bando um alarmante conflito.

Alguns deles começaram a se queixar, com ar de quem estivesse preste a desistir da missão. Mesmo sabendo das consequências e punições que poderiam sofrer nas mãos de seus superiores. Isto traria, com certeza, certo desconforto e sérios problemas entre o grupo. Mas, como sempre existe uma saída para tudo, houve alguém que manteve calma e a ordem foi estabelecida entre o grupo.

Entenderam, no entanto, talvez pela garra e orgulho de ser um primata, que não ficaria bem se acovardar naquele momento de tamanha importância para sua raça, diante de um problema que para eles seria na verdade tão insignificante perante sua força e coragem. Depois de uma longa conversa entre eles, uniram-se novamente dando continuidade a viagem. Por sorte, sua descoberta estava bem ali à frente de seus olhos.

De repente, bem às margens de um riacho de águas claras e transparentes, ouviram rumores de vozes humanas. Para eles naquela hora, foi a gota d’água. Avistaram bem do outro lado do riacho, uma casinha modesta com aparência antiga.

 Encontravam-se ali algumas pessoas — para eles humanos — na linguagem primata. Um homem, aparentando uns quarenta anos, uma mulher, alguns jovens e crianças. Tomados de curiosidade e espanto, recobrou a esperança que muitas vezes os rodeavam durante opercurso até chegarem ali. Impávidos, porém vigilantes e sempre quietos em posição de sentido e observação.

Deram uma olhada sigilosa, e em seguida fizeram uma mesa redonda sobre a copa de uma árvore gigantesca. Tratava-se da elaboração de um plano para o primeiro contato com aqueles humanos.

Temiam uma reação repentina e extravagante por partes dos humanos, quando batessem de frente com eles.

Discutiram entre si até que chegaram a um denominador comum. Logo veio a resposta por unanimidade e resolveram passar ali o resto noite.

Conversaram entre si a respeito de como aproximar-se dos humanos sem causar-lhes alguma suspeita e dormiram preparados para aquele tão significativo encontro com os humanos.

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