PRA VOLTAR
PRA VOLTAR
Por: Cris Silva
CAPÍTULO 1

─ Sam, pelo amor de Deus, fale comigo. – Ouço a voz de Jake me chamando, mas as minhas pálpebras estão pesadas – Baby, acorde.

Eu faço um grande esforço para abrir os olhos. Na primeira tentativa eles simplesmente não se movem. Eu tento novamente, desta vez com mais afinco, não por mim, pois eu quero dormir, mas por causa do desespero na voz que me chama. Eu abro lentamente os meus olhos para encontrar os assustados olhos de Jake. Eu estou confusa. O que houve para ele estar tão desesperado? – Graças a Deus – Jake diz e segura minha mão. Por que ele parece tão aflito? O que será que aconteceu? Oh meu Deus... não! Eu me lembro... July e Jake... eles vão ter um bebê. Eu fecho os meus olhos novamente e sinto uma lágrima deslizar pelo canto do meu olho

– Diga-me que não é verdade. Diga, por favor... – minha voz é apenas um sussurro.

─ Sam... – ele não continua e eu penso que isso não é um bom sinal.

Eu me sento e olho em volta. Estou no quarto de Jake. – Como eu cheguei aqui?

─ Eu a trouxe pra cá. Você... desmaiou lá embaixo. Eu estava tão preocupado.

─ July... onde ela está?

Jake se levanta e anda pelo quarto. Ele passa as mãos pelos cabelos em uma demonstração nítida de desespero – Ela foi embora. Sam, por favor...

─ Como você pôde fazer isso comigo Jake? Como você pôde me trair... ainda mais com ela...

─ NÃO! Por Deus Sam, eu não a traí. Eu amo você, baby. Eu jamais faria isso.

─ E como você explica o fato dela estar gravida de você? Oh, não me diga que foi um milagre? – Eu sinto tanta raiva agora. É inacreditável que há poucas horas eu estivesse radiante de felicidade e agora eu esteja tão... quebrada.

Ele se aproxima de mim e senta-se ao meu lado na cama – Eu não traí você. Por favor, você precisa acreditar em mim. July apareceu no escritório dias atrás dizendo que estava grávida de mim. Eu achei aquilo um absurdo, já que eu e ela não tivemos relações há muito... muito tempo – ele faz uma pausa longa e eu sei que vem bomba por aí – Dias antes de nos conhecermos eu estava em Las Vegas e tive uma discussão com o meu pai. Nós estávamos no bar do hotel e eu bebi muito naquele dia. Eu me lembro de ir para o meu quarto... e lembro de July aparecer. Eu lembro apenas de alguns “flashes”. Eu não me lembro de termos... feito sexo. Mas ela diz que sim. Isso faz mais de dois meses e eu nem conhecia você.

─ Mas você me disse que você e ela não tinham nada há muito tempo. Você mentiu pra mim.

─ Não! Eu não menti pra você Sam. Eu realmente não lembrava nada disso. Eu não lembro ainda. Eu nem sei se esse filho é realmente meu. Eu pedi pra ela esperar até fazermos o exame de DNA para confirmar e então eu iria contar tudo.

─ E se for?

Ele tenta segurar minha mão, mas eu me afasto do seu toque. Seu olhar é desesperado – Se for eu vou assumir minha responsabilidade de pai. Mas eu não vou me casar com July. Nada muda o fato de que eu amo você, Sam. Você é a mulher com quem eu quero passar o resto dos meus dias...

─ Eu não posso... – Seus olhos se arregalam em pânico. Ele agita a cabeça de um lado para o outro – Não posso viver com isso Jake. Não posso viver com July interferindo na nossa vida.

─ Baby, não. Por favor, não faça isso – Eu me levanto da cama e ele segura meu braço. Ele desliza da cama se colocando de joelhos diante de mim e encosta sua cabeça na minha barriga envolvendo os braços em torno dos meus quadris me puxando pra perto dele. – Não me deixe. Por favor, Sam, eu te amo.

─ Jake, não faça isso.

─ Diga que vai ficar. Por favor – Ele implora.

Eu seguro seus ombros – Jake, já chega. – Ele não se move. Sua cabeça ainda descansa na minha barriga e seus braços me apertam ainda mais contra ele – Jake, por favor, levante-se agora – ele resiste um pouco, mas em seguida se levanta lentamente. Nossos rostos estão próximos e ambos estão banhados em lágrimas. Ele segura meu rosto com as duas mãos e me beija. Seu toque é suave e seu gosto é salgado por causa das nossas lágrimas. Meus braços estão estendidos ao lado do meu corpo. Eu quero abraçá-lo, quero senti-lo, mas estou engessada. Ele aprofunda seu beijo, sua língua invade a minha boca, suas mãos agarram meus cabelos. Eu luto contra o desejo de abraçá-lo, mas ele não desiste e eu me rendo. Não tenho forças suficientes pra lutar contra o desejo que eu sinto e que nos une. Está tudo errado, mas quando ele me beija tudo parece tão certo. Eu envolvo meus braços em torno dele e o puxo para mais perto de mim. Suas mãos alcançam o fecho do meu vestido e ele começa a abri-lo lentamente, deixando-o deslizar pelo meu corpo até o chão. Sua boca continua seu assalto a minha boca. Ele flexiona os joelhos e pressiona a sua ereção contra mim. Eu estou perdida... Mas imagens de July grávida vêm à minha mente e eu encontro forças pra dizer: ─ NÃO!

Sua boca faz seu caminho para o meu pescoço desenhando pequenos círculos. Eu o empurro.

─ Não Jake, pare. Pare com isso agora. Eu... eu não consigo – Eu me abaixo e ponho o vestido de volta.

─ Por favor... eu preciso disso... eu preciso de você.

─ E eu preciso pensar um pouco. Isso é uma merda.

─ Eu sei. Eu estou desesperado. Eu estou com medo. Com medo de perder você, com medo de ser pai e com medo de ser pai de um filho de July. Ela vai tornar isso muito mais difícil do que já é. Mas eu posso lidar com qualquer coisa desde que você fique comigo.

─ Esse é o problema. Eu não sei se eu posso lidar com isso. Eu sinceramente não sei se eu posso. Essa notícia tirou o chão sob os meus pés. Você tem certeza de que ela está grávida?

─ Ela me mostrou um exame. Eu não acredito que ela seria tão burra ao ponto de inventar uma gravidez nos dias de hoje com toda a tecnologia à disposição.

─ Mesmo assim, Jake. Existem pessoas completamente perturbadas e July é uma delas sem dúvida. Você devia exigir um médico de sua confiança.

─ Eu farei isso – Ele diz.

Eu cruzo meus braços sobre o peito e caminho até a grande janela. O dia ainda está claro, mas lentamente a noite vem chegando para combinar com a escuridão instalada dentro de mim. Eu sinto Jake se aproximar, mas não me viro para encará-lo. Meu impulso é o de pegar minhas coisas e sair correndo desse apartamento, deixando Jake e tudo o que tem relação com ele para trás. Mas eu o amo tanto e eu posso sentir a sua angústia, é real, é palpável. July prometeu e ela cumpriu. Ela deixou claro que não desistiria dele e ela não desistiu. Aqui está ela, entre nós dois, interferindo na nossa relação. Eu deveria deixá-lo livre para ela? Mas é mais do que apenas ela agora, tem uma criança no meio. Minha cabeça parece que vai explodir – Eu prometi que não sairia correndo quando surgisse algo sem antes lhe dar a oportunidade de explicar. Eu ouvi você e essa sua história parece absurda demais. July fez insinuações quando eu encontrei com ela no hotel outro dia. Ela deu a entender que no dia que você chegou em casa tarde após ter passado a tarde inteira e boa parte da noite com ela vocês teriam feito bem mais do que conversar ou jantar. Você vê o quanto isso é complicado? Eu sempre vou desconfiar. Eu te disse: July é um problema pra mim.

─ Ela está mentindo, baby. Ela me chantageou aquele dia. Ameaçou tirar o bebê se eu não me casasse com ela. O tempo que eu passei com July aquele dia foi de conversa. De tentar convencê-la a nos deixar em paz. Mas eu não consegui nada dela. A única coisa que ela me prometeu era que iria esperar que eu contasse a você quando tivesse o resultado do exame de DNA nas mãos. Mas nem isso ela esperou. É por isso que eu acho que pode não ser meu filho. Talvez ela só esteja fazendo isso para te afastar de mim.

─ Se for isso ela é ainda mais louca do que eu imaginei.

─ Ela não tá no seu normal. July foi minha amiga durante muito tempo. Eu nunca imaginei que ela pudesse fazer uma coisa dessas. Ela sempre foi tão segura de si, independente. Nós realmente fomos amigos. Agora eu tento trazê-la à razão, mas ela não escuta. Ela está obcecada. Até então eu achava que tudo estava relacionado com a doença do seu pai. Mas você tinha razão. Ela não está preocupada com o pai.

─ Você vê como isso vai ser complicado? Olha, – Eu finalmente me viro e fico cara a cara com ele – eu estou exausta, minha cabeça dói, eu preciso de um banho e dormir um pouco. Eu não vou tomar nenhuma decisão hoje. Amanhã...

─ Nós não jantamos.

─ Eu não quero comer.

─ Você tem que comer alguma coisa. Por favor, eu já estou me sentindo uma porcaria com tudo isso que tá acontecendo, eu não quero que você fique sem comer por minha causa.

Raiva me domina nesse momento e se tem algo que eu não penso agora é em poupá-lo. Eu estou sofrendo e não quero aliviar a sua dor – Eu sinto muito Jake, mas eu não tenho um pingo de pena de você. Eu acho que essa merda toda é culpa sua. Não importa se você lembra ou não, se estava bêbado ou não. Nós pagamos pelas merdas que fazemos independentemente de ser de propósito ou não. Ir embora agora seria uma boa maneira de te punir, seria na verdade perfeito – ele arregala os olhos – Pena que essa faca tem dois gumes. – Eu vou para o banheiro deixando-o sozinho no quarto. Despois de totalmente despida eu ligo o chuveiro e me coloco embaixo da água fria, minhas lágrimas se confundindo com as gotas de água.

Quando finalmente eu consigo me controlar e termino meu banho, eu me seco e visto o roupão felpudo. Após usar o secador nos meus cabelos eu vou para o quarto apenas para encontrá-lo vazio e eu agradeço silenciosamente por isso, pois ficar sozinha é tudo que eu preciso agora. Eu me deito e as lágrimas ressurgem. Eu sei o que seria mais correto fazer: ir embora. Voltar para o lugar onde eu me sinto segura, onde tudo é mais fácil, onde há amor dia e noite, pra minha vida organizada, controlada, onde eu sabia o que viria no dia seguinte, mas como ir e fazer de conta que nada aconteceu? Eu estou preparada para abrir mão de Jake depois de tudo? Eu penso e penso e não chego a nenhuma conclusão. Por fim o cansaço me vence e eu adormeço.

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