NELLYO prédio Bragança é de longe o lugar mais luxuoso e moderno que já estive, nem mesmo a agência que eu trabalhava tinha tanta personalidade em sua arquitetura e decoração, mas isso não impede a sensação de falta de ar que estou tendo desde que saí de casa essa manhã, na boa, eu não sei o que deu em mim para aceitar essa proposta. Ficar perto dele não vai me fazer bem. Então, o que diabos estou fazendo aqui?Você é masoquista. Minha consciência tira sarro e reviro os olhos. Megera.
DAVIDA escuridão tornou-se meu abrigo, o álcool meu melhor amigo, mas o sexo, porra, este é o meu anestésico favorito.Empurro sem piedade contra a ruiva fogosa, sorrindo ao ouvir seus gemidos luxuriosos e engancho minha mão em seu cabelo, puxando até que ela fique de joelhos, encostando suas costas no meu peito. Mordo seu ombro, pescoço e bochecha. Ela empurra de volta e rosno, gostando da sua safadeza.A mulher é experiente, sabe exatamente do que um homem gosta na cama e isso me agrada.— Você não vai me falar seu nome? — Diz sedutora, me olhando através do espelho na parede. Estamos em um quarto de motel qualquer, trancados há quase três horas e a mulher acha que já somos íntimos. Deslizo meu dedo pela sua barriga até chegar em sua boceta, acaricio seu clitóris enquanto enfio cada centímetro da minha rola para dentro dela.— Meu nome não importa agora, linda. Você está tomando meu pau na sua boceta apertada e está gostando. — Ela geme em resposta, provando o meu ponto e meto com
NELLY HORAS ANTES. O dia começou tumultuado e precisei incorporar um espírito sensato para lidar com Kaciana, porque só Deus sabe o quanto minha progenitora pode ser insistente. Eu amo minha mãe com todas minhas forças, mas quando ela cisma com algo é tortura na certa, por isso, a evito desde o nosso último confronto. — Você engordou? — Paro a colher de mingau no meio do caminho e giro meu tronco para encontrar com os olhos azuis, altivos e tão parecidos com os meus. — Porque parece que você ganhou alguns quilos. — Completa, torcendo o rosto em desagrado enquanto me analisa e caminha até estar na minha frente. — Não. — Sussurro, afastando a tigela com o alimento pra longe, sentindo a fome passar. — Tem certeza? Seu rosto está arredondado, suas bochechas mais salientes e sua bunda mal cabe nessa cadeira. — Fecho os meus olhos, contendo as lágrimas e respiro fundo. — Preciso ir trabalhar. — Digo, virando de costas para fugir do seu campo de visão e não presenteá—la com minhas l
DAVIDO sol invade meu quarto pela janela e a claridade atrapalha meu sono, me fazendo despertar antes da hora. Irritado, levanto mal-humorado, chutando o travesseiro que cai da cama em cima do meu pé. Hoje é um péssimo dia por muitos motivos, mas o principal é que hoje deveria ser um dia de comemoração, onde minha esposa e eu faríamos dezoito anos de casados.Só que ela está morta e eu vivo, então esse dia se tornou ruim. Péssimo.
NELLYO homem parece desolado, fragilizado diante de mim, o oposto do que ele vem me mostrando ao longo desse tempo de convívio, pois a pose de "nada me abala", foi embora e deu lugar a um homem quebrado e cheio de culpa. A falta do brilho em seus olhos foi algo que percebi logo quando fomos reapresentados, pois, o cara que eu idolatrava na adolescência era cheio de vida e bom humor, não havia um dia se quer que eu não ganhasse um sorriso seu, mas julguei que isso tivesse ligação com sua posição de diretor executivo da Bragança.Eu estava enganada,
DAVIDDescarto a cápsula de café no lixo e bebo todo o conteúdo da xícara, a porra dessa máquina de expresso foi inventada para salvar minha vida, não tem outra explicação, sou viciado confesso em café desde a época da faculdade e nunca aprendi o jeito tradicional de deixá-lo no ponto certo. Meus anos como educador só intensificaram essa paixão, não sei como conseguiria lidar com as noites em claro corrigindo provas e planejando aulas sem uma boa dose de cafeína. O lí
NELLYSe eu tivesse a sorte da Cinderela e uma fada madrinha aparecesse na minha frente, eu pediria para ela arrancar a merda desse sentimento do meu peito, acabar com as ideias ilusórias que estão voltando com tudo desde que o reencontrei, desaparecesse com todo o meu passado e levasse alguns quilos. Minha mente já não está acompanhando a bipolaridade do homem e estou começando a vacilar novamente. Primeiro, ele insinua que não faz a mínima ideia de quem sou, depois demonstra se lembrar sim, aí me propõe amizade e volta a surtar novamente, do nada, por motivo nenhum. Digito com certa rapidez, descontando no teclado do meu notebook toda a minha frustração. Como se a volta de
NELLY— Você vai!— Não vou.— Vai.— Não. — Alice revira os olhos do outro lado da tela do meu celular, se deitando no chão enquanto tenta manter o celular equilibrado na altura do seu rosto e discutir comigo ao mesmo tempo. Meu dedo desliza até o botão de desliga e fico tentada a apertar.— Nem pense nisso. — Rosna do outro lado