DAVID
— Você realmente não quer que eu te acompanhe até o hospital? — Aperto o ombro do meu sócio e amigo, compreendendo a intensidade da dor que ele está sentindo. Anos atrás era eu, o mesmo olhar e semblante perdido.
Porra, é como olhar no espelho.
Só que ainda há esperança para ele.
— Não, eu liguei para os pais dela. Eu...ãn. — Seu olhar encontra o meu, atordoado e posso ver o amontoado de lágrimas em seus
NELLY— Suponho que me expressei mal, sinto muito. Nosso tempo acabou? — Não espero por sua confirmação, apenas me apresso em pegar minha bolsa de alça curta e levantar do pequeno sofá em formato de L e cor cinza.— Na verdade, ainda temos quinze minutos. — O homem diz, encarando o relógio dourado em seu pulso com uma expressão imparcial.— Mesmo? — Minha voz sai forçada pela tentativa de parecer descontraída, meus olhos sendo atraídos para a porta todo instante. Ele nota, toma a minha frente e avança rumo a mesa retangular de madeira q
NELLY— Eu me importava com você, Nelly.— ele suspira, sua expressão murchando. — Ainda me importo.— Você está mentindo, aquilo foi um plano seu e de Carlota.— Não, minha irmã não sabia sobre a gente até a nossa primeira vez. Eu mesmo cuidei para que ela não soubesse, fiz isso porque eu realmente gostava de você e sabia que Carlota nunca aceitaria.— Não acredito em você.
NELLYQuando percebo já estou do lado de fora do restaurante, puxando o braço da minha melhor amiga e a afastando de Eduardo. A expressão em seu rosto é a mesma que a minha, incredulidade.— Nelly. — Meu nome sai como um sussurro incerto de sua boca e não consigo parar de piscar. Isso só pode ser um sonho.— Você está aqui...— Falo, ainda sem acreditar. — Como você está aqui? Como eu não sabia que você voltou? — A bombardeio de perguntas, pegando uma mecha solta de seu cabelo e avaliando a nova tonalidade. Platinado, q
DAVIDDe todos os lugares, acreditei que minha boate seria o melhor para me esconder do mundo e pensar. Eu estava errado, no entanto.Não consigo pensar.Em nada.Além, dela, claro.Nelly Álvares.Que diabos! NELLY— Você está bem? — Ergo meus olhos para encontrar os de Kiara, sem saber o que falar apenas movo a cabeça em negação.— Certo, vem aqui. — Ela me puxa para um abraço, acariciando minhas costas com as pontas de suas unhas como um gato costuma fazer.— Me tira daqui.— Consigo dizer, sentindo um vazio tão grande no meu peito que fica difícil respirar. — Kiara.— Shiii... Nós já estamos indo, querida. — Trago Capítulo 52
NELLYUm longo momento se passa, e nhenhuma de nós duas desvia o olhar. — Sinto muito decepcioná-la, mas você possui o meu sangue, Nelly. — Ela se vira e me dar as costas, ignorando mais uma vez as lágrimas presente nos meus olhos e a dor no meu peito.Deslizo minhas costas pela madeira da porta, reunindo meus joelhos na altura do meu estômago e ficando na posição até ter minha mente livre. Sem saber quanto tempo passou, lavo meu rosto, reúno minhas coisas em uma mala e co
NELLYCaminho até em casa com os pensamentos longe, sentindo um embrulho no estômago e o vômito vir até a garganta. Me apoio em um muro qualquer e contabilizo quando tempo levarei até entrar no meu apartamento. Meu celular toca na bolsa e ignoro, voltando a caminhar quando me sinto melhor, mas, de repente, a ideia de voltar pra casa e não encontrar ninguém me desanima, meu celular volta a tocar e paro para atender. Surpresa e agindo no automático, confirmo para Octávio que estou no caminho de sua palestra.Onde era mesmo?
NELLYDuas semanas depois...— Tem certeza que quer fazer isso? — Kiara indaga pela quarta vez em menos de duas horas, cesso meus passos perante o portão automático e a olho de lado, a pegando no flagra enquanto checa meu abdômen. Aperto a alça da mala e a trago para frente do meu corpo. Ótimo, ela está desconfiada.— Sim. — Afirmo, certa de que essa é a melhor decisão.