Eu precisava urgentemente deixar esse bando, mas agora parecia que o Alfa Khalid havia retornado, tornando as matas um lugar onde eu já não estava mais segura. Ele certamente me capturaria, e eu não estava disposta a regressar àquela vida de tortura.— Você está bem? — Perguntou Sekani, com um tom que transbordava preocupação.Apesar de já termos discutido momentos antes, lá estava ele, insistindo em saber se eu estava bem; embora soubesse que podia confiar nele, as palavras simplesmente não conseguiam sair.— Estou bem, mas me preocupo com as pessoas. — Respondi.— Não se preocupe, nós vamos matar o que quer que esteja lá fora. Cuide da Vovó Luzy. — Disse ele, prestes a sair disparado, mas, num impulso de desespero, agarrei sua mão.— Espere. Você precisa lutar? — Indaguei eu.— Eu sou um jovem saudável, com sangue e vigor pulsando em minhas veias. Algumas guerreiras estão lá fora, e seria uma vergonha para a minha honra se eu me acovardasse e ficasse para trás. — Replicou ele.Eu me
LAIKA Flashback...Eu gritei quando o chicote, adornado com espinhos, atingiu minhas costas, dilacerando minha pele e formando uma nova ferida. Eu poderia ter fugido, mas estava imobilizada, amarrada a um banquinho, nua e indefesa, enquanto Alfa Khalid bebia novamente da cabaça de vinho.— Quantas vezes agora? — Ele perguntou, com um tom embriagado e desdenhoso.Perdi a conta. A dor era tão excruciante que meus sentidos se turvaram, e, entre lágrimas que inundavam meus olhos, meu sangue pingava no chão à minha frente.— Eu perdi a conta. — Gritei, a voz embargada pela agonia.— Sua puta! — Outro golpe retumbou, desta vez atingindo minhas nádegas. — Você perde a conta dos homens que te fodem todos os dias. — Alfa Khalid, por favor. — Implorei, enquanto muco escorria do meu nariz e eu fungava.Alfa Khalid engoliu um gole da cabaça novamente.— Você perdeu a conta. Isso significa que começaremos do zero. Você é tão burra que nem consegue contar direito. O chicote voltou a silvar pelo a
— Laika, não me ignore. Responda. Quem é o Alfa Khalid? É aquele que eu conheço? Do seu antigo bando?— Sim. Acabei de ter um pesadelo.Eu me levantei devagar do tapete de peles e saí, decidida a não revelar os segredos que ardiam em meus olhos. Contudo, ele não desistiu; seguiu-me persistentemente e agarrou meu braço com firmeza. Tentei me desvincilhar, mas sua mão, implacável, manteve-me cativa.— Laika, há algo que você não está me contando? Por que você tem pesadelos com ele?— Não sei! — Retruquei, minha voz trêmula. — Ou você acha que eu também controlo meus sonhos? Talvez eu tenha pensado nele antes de adormecer.— Ele era seu companheiro, não era? — Perguntou Sekani, examinando-me com um olhar meticuloso que penetrava em minha alma.Eu permaneci em silêncio e desviei o olhar.— Responda, Laika. Aquelas garotas diziam a verdade sobre você ser a companheira dele? É por isso que você não confia em ninguém?Lágrimas incandescentes brotaram dos meus olhos, e, num gesto de desespero
LAIKANos dias seguintes, trabalhei livremente no bando. Embora não tenha recebido um tratamento particularmente ameno por parte das pessoas, graças à influência de Sekani e à liberdade que Alfa Karim me concedera, ninguém se atrevia a me tocar. Os que precisavam dos meus serviços ficaram maravilhados com a minha eficiência, não tendo alternativa senão me chamar de volta, e assim eu passava a ganhar mais do que o suficiente, o que guardava com zelo num pequeno baú que comprei, enquanto continuava a cuidar da Vovó Luzy.Não ouvi mais notícias de Alfa Khalid. Quase parecia que ele havia se tornado uma mera sombra, ausente de nossas vidas. Selina, por sua vez, exibia a graça de uma senhora, com modos tão belos quanto o próprio rosto, e a reciprocidade de seu afeto por mim era evidente, mostrando que, para tudo que envolvia Sekani, as diferenças de classe perdiam importância.Empenhei-me com afinco, trabalhando mais arduamente do que jamais havia trabalhado, não por sentir-me ainda como es
LAIKAEu deixei que as palavras da Sra. Lena me incomodassem naquele dia. Por mais obstinada que eu fosse, percorri o bando cumprindo minhas tarefas, tentando ignorar a visita da própria Sra. Lena – afinal, pelo que eu sabia, ele devia tê-la contratado para vir aqui.— Laika, nós deveríamos ir ver nosso companheiro sozinhas. — Resmungou Joy.Ela estava agitada desde o dia anterior e, no primeiro dia em que cheguei aqui, isolou-se para que eu não pudesse alcançá-la.— Você sabe que eu o distraio, Joy. Ele precisa encontrar o seu equilíbrio. — Respondi.— Laika, por uma vez na sua vida, lute por algo! Você sempre fica para trás e deixa que as pessoas levem o que é seu. — Repreendeu ela com voz áspera, e logo Joy voltou ao silêncio.— Você parece dividida consigo mesma. — Disse Vovó Luzy assim que entrei na tenda, fazendo meu coração acelerar de surpresa, pois quase me assustei com sua sinceridade.Eu havia esquecido que ela era uma vidente; ela não enxergava meu dilema com olhos merament
Eu saltei do cavalo e corri em sua direção; enquanto avançava, ouvi também o farfalhar das folhas, um som que anunciava a aproximação das feras, que se dirigiam inexoravelmente para ele. Precisava alcançá-lo com urgência, antes que aquelas criaturas o alcançassem, pois ele necessitava de um novo ímpeto e de uma renovada vontade de lutar.Com os olhos cerrados, todos os meus esforços para invocar seu nome se perderam em meio ao estrondo ensurdecedor dos rugidos das bestas. Não me importaria se morresse ao lado dele, afinal, ele era a única razão de eu continuar viva.Cheguei à colina justamente a tempo, antes que as feras emergissem e, também, antes que ele despencasse do precipício – ele havia, de certo, planejado uma morte cruel para si mesmo. Abracei-o com fervor e juntei meus lábios aos dele; contudo, ele não retribuiu o gesto, e senti que não acreditava de fato na minha presença, como se se encontrasse em algum limiar do além.— Alfa Karim, por favor, não morra. — Clamei, ao afasta
LAIKANenhuma fera nos atacou novamente enquanto nos devorávamos mutuamente. Alfa Karim ergueu-me em seus braços, beijando-me incessantemente. Senti sua rigidez pressionar minhas coxas, e, dessa vez, ela despertou em mim gemidos de antecipação, enquanto minha umidade implorava por ser preenchida. Ele conduziu-me em direção a uma imensa árvore, e, mesmo enquanto continuávamos a trocar beijos ardentes, o fôlego de ambos se esvaía até que, ao nos afastarmos, ficamos completamente sem ar.— Oh, Laika, realmente és tu. — Murmurou ele, depositando sua cabeça no recôndito do meu pescoço. — Por que me quebraste assim?— Sinto muito. — Foi tudo o que consegui articular, embora soubesse que, independentemente de minhas desculpas, eu já estava perdoada.— Eu te procurei. Quase enlouqueci. — Lamentou ele, gemendo em meu pescoço.Aquele homem, que, horas antes, havia derrubado sozinho um exército de feras sem sequer oferecer resistência, agora se encontrava em meu corpo, exalando uma doçura e uma d
— Eu ainda não sou perfeita; o meu passado ainda me assombra, mas juro que vou trabalhar em mim mesma e jamais te ferir intencionalmente novamente. Tu tiveste a opção de me rejeitar, mas não o fizeste, mesmo quando eu te rejeitei inúmeras vezes. Prometo me superar, meu Alfa Karim.— A única forma de te rejeitar seria se esses efeitos sobre mim cessassem, o que só ocorrerá quando eu estiver completamente tomada pela loucura. — Retrucou ele, inspirando profundamente meu pescoço. — Humm, como exalas um aroma tão encantador, Laika.— Sinto muito por não ter conseguido revelar ao mundo esse sorriso tão belo antes. — Eu murmurei.— Eu não sorrio porque temo parecer fraco. — Disse ele, com a cabeça repousando sobre meu seio.— Não, isso te torna ainda mais belo. Então, queres dizer que não te importas se aparentares vulnerabilidade diante de mim, simples Ômega?Ele ergueu a cabeça e me fitou com intensidade. — Tu, Ômega, és a minha fraqueza.Meu coração acelerou e um rubor subiu ao meu rosto.