HAFIQParece que a minha palavra de uns tempos para cá não tem o mesmo peso de antes, ou estou virando um bobo sentimental por causa de Antônia e Kaled.Eu prometi que não voltaria mais nesse palácio nem por um cacete e aqui estou eu, pronto pra conversar de novo com o meu pai e certamente discordar mais uma vez de tudo ou quase tudo que ele falar.Só para variar um pouco!Cumprimento polidamente Farah que se desmancha em sorrisos pra mim e ignorando a sua falsa simpatia, sigo direto para a sala de reuniões, onde meu pai já está me esperando.— Salaam Aleikum, Hafiq.— Aleikum As-Salaam, meu pai.O velho é duro na queda, continua segurando uma bengala, mas o seu olhar mudou, a fragilidade da doença foi embora e agora o que eu vejo a minha frente é o homem altivo e implacável de sempre.Que ninguém se engane com o Emir Karim Omar, afinal um leão mesmo ferido continua sendo um leão.Ele me aponta a cadeira d
HAFIQUm gesto de carinho paternal, algo que eu nunca fui acostumado a receber, nem quando eu era criança, eu puxo pela memória e não me lembro de ter recebido um afago dele tão explícito durante toda a minha vida.— Então deixe de moleza e vamos ao trabalho Hafiq. Analise comigo esses relatórios porque dentro de 1 hora teremos uma reunião importante.E este é o nosso modo de estarmos juntos, em meio a documentos, memorandos e ordens expedidas, é o mais próximo que podíamos conviver como pai e filho.Volto pra casa com o peso das responsabilidades de um Chefe de Estado e a incômoda sensação de que retomar a rotina da minha vida está cada dia mais improvável e distante.Terei que fazer uma viagem a Dubai na próxima semana, para firmar alguns acordos relacionados à distribuição do nosso petróleo e decidi que aproveitarei essa viagem para dar uma pequena lua de mel à minha Antônia.E prometi ao meu pai que hoje à n
Eu trago o seu corpo macio de encontro ao meu e Tônia geme baixinho enquanto eu aprofundo os beijos que trocamos.O seu corpo diz uma coisa e a sua boca diz outra.— É melhor pararmos por aqui, nós vamos nos atrasar, Hafiq.— Eles esperam.— Isso não é nada educado, meu sheikh gostoso.Eu estou já explodindo dentro da cueca ficando mais duro e mais sensível, sofro com o desconforto do meu pênis inchado roçando na cueca.Pego a mão de Tônia e guio até a minha ereção, para mostrar-lhe o que ela é capaz de fazer comigo.— Veja se eu estou preocupado com essa porra de jantar, eu te mostrarei minha gostosa como eu sei ser educado... Eu vou pegar o meu pau educado, arreganhar as suas coxas para o meu prazer, com toda educação e depois vou foder você educadamente e bem fundo até que você não consiga ficar em cima de suas pernas.Enquanto eu falo todas as sacanagens que eu quero fazer com ela, Tônia não tira as mãos do meu pênis, sorrindo e me mordendo, alisando o meu membro através da cueca
ANTÔNIAToda vez que eu boto os meus pés nesta casa, eu me sinto deslocada.Eu olho ao meu redor, a ostentação das joias dessas mulheres, os seus risos falsos e embotados, a superficialidade das relações humanas como moeda de troca, dentro do jogo do poder, isso além de incômodo, pra mim é quase repulsivo.Pelo menos reconheço dois rostos amigáveis, se bem que não posso dizer muito que a carranca fechada de Anusha e as aparições escassas de Basmah pode considerar-se muito como uma companhia, e muito menos amigável.A verdade é que eu estou sozinha no barco furado desse jantar, Hafiq obviamente e sem querer ser injusta com o meu Ditador, está em uma missão diplomática nesse evento, por isso ele não pode me fazer companhia.Até por que dentro da cultura árabe, em eventos políticos e sociais, a mulher não participa da roda de conversas em geral, não há interação com os homens.Nós ficamos separadas em um grupo convers
Uma garçonete interrompe a minha conversa com Khadija e me oferece uma taça de champanhe, mas ela não fala inglês, fico sem entender nada, até que Khadija traduz pra mim o que a garçonete está falando.— Ela disse que essa taça de champanhe veio com os cumprimentos de Sheikha Anusha, para a senhora relaxar um pouco.Khadija pega um copo com suco, pois ela é islâmica e não toma bebida alcóolica e eu pego a taça de champanhe.Feliz da vida para falar a verdade, eu já estou farta de tanto suco e chá, Anusha sabe que eu estou tensa, achei muito gentil da parte dela me oferecer uma bebida para relaxar, Manusha xinga, esbraveja, dá esculachos e até vomita sarcasmos, mas gentilezas, definitivamente não é todo dia que Manusha faz uma caridade dessas, eu fiquei surpresa.Continuamos conversando, apreciando as nossas bebidas e o momento de cumplicidade feminina, rindo das manias excêntricas de nossos maridos.O marido de Khadija adora dormir com um pijama velho com a estampa do homem aranha e n
E se vira para mim, os seus olhos mostram tanta dor, as lágrimas brotam dos meus olhos, eu esqueço o constrangimento de estar cercada dessa família maldita, e choro... Choro em saber que o meu sonho feliz está acabando nesse exato momento, e de uma forma tão feia, com tantas acusações, tanta sujeira. A minha ficha caiu só agora, quando eu olho para Hafiq e só vejo decepção e desconfiança em seu olhar.Tanto prometeram que acabaram comigo, armarão para mim e eu já até desconfio quem seja, ou quem são as duas víboras.— Antônia, me diga que isso não é verdade, como você pôde? Eu te amo, eu te amei desde o dia em que eu te conheci, eu pensei que você também me amava. Diga-me, nada disso era verdade? Era tudo mentira?Eu estou derrotada, cubro os meus seios com as mãos e eu mal consigo distingui-lo por causa da tontura e das lágrimas que turvam a minha visão.Eu pensei que eu poderia ser feliz, eu pensei que eu tinha esse direito, mas Deus me tirou esse direito pelos meus erros do passado
Khadija colheu meu sangue e a urina, quando ela está preparando uma medicação para o meu enjoo e a tontura, Anusha adverte-a.— Khadija, veja se essa medicação pode fazer mal a ela, a menstruação dela ainda não veio e eu creio que possa estar grávida.— Foi bom a senhora dizer, mas fique tranquila que essa medicação não vai causar danos, caso Antônia esteja grávida, e eu vou aproveitar e confirmar as suas suspeitas com um exame de hormônio bHCG. Caso a amostra esteja contaminada, eu venho aqui amanhã e colho o seu sangue novamente, Antônia.— Você quer fazer o exame Antônia?Eu assinto com a cabeça e ela prepara-se para ir embora.— Repouse e amanhã eu venho aqui ver como você está se sentindo, eu sou obstetra e caso você esteja realmente grávida seria um prazer tê-la como minha paciente.— Obrigada por tudo Khadija, mas caso eu esteja grávida, meu bebê vai nascer no Brasil, mas mesmo assim obrigada por tudo.Anusha acompanha Khadija até a porta e depois volta para conversar comigo.—
ANTÔNIAÀ sombra do abajur, Anusha parece ainda mais frágil, as pernas pequenas e muito magras, os quadris ossudos e o rosto cansado. O cansaço de carregar a família nas costas reflete-se em seu rosto magro e encovado. É incrível como a família Hassan é tão desajustada e tão cega que não veem o que se descerra nitidamente a sua frente.Como o seu filho e os seus netos podem olhar tanto para os seus próprios umbigos, que não percebem claramente que ela está morrendo?Sozinha, completamente só e aos poucos...E ela ainda assim, tendo as suas forças físicas e psicológicas drenadas pela doença, tenta manter-se firme, apaziguando uma rusga aqui, uma guerra de vaidades ali, como uma cola que dá a liga a essa mistura, que gruda essa família egoísta.Anusha está sozinha e eu também.Nessa casa estranha, sem o meu filho e a léguas de distância de me entender com o meu marido, o homem que eu amo e que agora eu não reconheço c