ANTÔNIAHafiq pede licença para atender um telefonema urgente e eu vou conferir minha bagagem e de Kaled. Tomo um banho demorado e visto minha roupa mais quente, jeans e uma camisa de manga comprida azul, afinal, eu moro em Salvador e aqui é sempre calor.Ligo pra Brenda e me despeço sem explicar muito e resolvo também me despedir de Paulo.Apesar dele não entender como me casarei com Hafiq tão rapidamente, me deseja boa sorte, prometo-lhe que voltarei em breve e desligo o telefone.Como é que minha vida virou de pernas pro ar desse jeito?Até pouco tempo vivia feliz no sobrado com os meninos, aí veio o acidente, a morte de Johnny, o casamento relâmpago com Zie e de repente uma avalanche de perdas e eu sozinha. Agora estou indo viver em Londres com Kaled e vou me casar em poucos dias com o irmão caçula de Zie.Ufa!Se há algo que eu não posso reclamar é de minha vida ser parada, tudo aconteceu em uma velocidade verti
ANTÔNIAAcordo com o peso do corpo de Hafiq afundando no colchão, ele parece que quer rir, rir do- Você xinga tanto quando tá com medo, tem que segurar essa boca, Tônia.- Xingo mesmo, essa merda não tem onde se segurar, eu já viajei algumas vezes, sei das turbulências , mas quando eu entro em pânico, não consigo segurar a boca, eu já estava a ponto de ter um piripaque?- Piripaque? E que tipo de piripaque seria?Levanta uma sobrancelha, curioso e achando tudo muito engraçado.- Tipo um super mega plus ataque de pelanca, daqueles pitis bem darks. Agora falando sério, eu nunca senti tanto medo na vida, me perdoe, entrei em pânico.- Ah, você é muito divertida, não tem que se desculpar de nada, eu também tenho que te confessar que as turbulências estavam me deixando nervoso, chegamos daqui a algumas horas, você tá com fome?- Um pouco, eu vou me levantar.Eu me cubro com a colcha logo em seguida, percebendo que esto
ANTÔNIAHoje é o meu primeiro dia em Londres.Acordei tarde, e se não fosse a excitação de estar em um novo ambiente, ficaria deitada mais um pouco, cheguei ontem sonolenta devido aos calmantes e dormi feito uma pedra.A suíte em que eu estou é quase do tamanho de meu apartamento, com uma cama king size muito confortável, envolta em lençóis e colchas macias, não lembrando nem de longe o banco de praça frio em que eu já dormi.Sigo até o banheiro e constato que preciso melhorar a cara amassada de ontem. O lavabo é grande, com duas pias, uma banheira de hidromassagem moderna e um box bem espaçoso.Decido tomar uma ducha quente, o jato de água potente dispersa a minha preguiça, a porta do banheiro abre lentamente e encaro Hafiq me olhando na soleira da porta.Ele resolve entrar sem pedir licença, com a maior naturalidade, tira a calça do pijama junto com a cueca e esplendorosamente se mostra nu, caminhando com pas
ANTÔNIAE me lambe mais, me excita mais e eu me perco nesse turbilhão.- Eu quero sua bocetinha de mel gozando na minha língua.Eu sou fraca para suportar as investidas experientes de sua língua dentro de mim. Gozo em abundância, molhando os seus lábios, sem pudores. Eu sou dele inteiramente e surpreendentemente, não tenho mais vergonha disso. As unhas cravadas em seus cabelos, em seu ombro, com uma das mãos eu tento achar um ponto de equilíbrio, as pernas trêmulas e cansadas de gozar alucinadamente.Ele toma meu gozo como um néctar, chupando, sorvendo, sugando todo o fluído que resta.Hafiq levanta-se me segurando firme pela cintura pra eu não cair, sorri entre meus lábios e me beija lambendo o canto da boca, de forma pervertida.- Ah, seu gosto é tão bom, eu nunca me canso de te provar.Ficamos abraçados um tempo, a respiração se aquietando, ainda estou cheia de vontade, eu quero mais, quero retribuir o prazer que
- Abaixa um pouco pra eu lavar os seus cabelos.- Não sei por que toda baixinha é tão mandona.- Isso mesmo, anda logo.Ele fica de joelhos e eu coloco shampoo nas mãos, esfregando o couro cabeludo dele com movimentos suaves, ele deixa escapar um gemido baixinho.- Hum, bom, esfrega mais um pouquinho.Ele segura minha cintura para se equilibrar e deposita um beijo em meu umbigo.Hafiq se levanta e enxágua o cabelo, minhas mãos ensaboadas percorrem seus braços fortes, seu peito, as coxas e as costas macias, ele respira fundo, lavei-o inteiro. Ele me observa com o olhar dócil, a boca curvando-se em um sorriso tímido e fofo.Enxuguei-me de costas pra ele.Ironicamente me sinto envergonhada, ele faz do meu corpo o que quer e eu tenho vergonha de permanecer nua em sua frente.Hafiq já se vestiu e só agora eu terminei de colocar o meu vestido, como ele consegue ser tão rápido?Está a bordo de um terno azul marinho, camisa branca e gravata azul claro, observo-o caminhar com passos firmes e v
Posso também me acovardar perante o novo, deixando-me atropelar pelas mudanças drásticas e a fortuna esmagadora que vem atrelada a Hafiq.Ou eu posso permitir-me mergulhar de encontro a essas novas perspectivas, ao desconhecido e encarar os meus temores.O que normalmente é de meu feitio, já que sou brasileira e nordestina, nascida para mudar de pele de acordo com a necessidade e com o que a vida me oferta.Decido temporariamente escolher o desbravamento, nunca tive medo de uma boa briga, de começar de novo, de dar a cara para bater, essa sou eu, sem muitas delongas ou pieguices, gosto de fugir do óbvio e brincar com o inesperado.Antes de descer, penso que a primeira selva a ser explorada é esse apartamento imenso e todos que nele habitam. Retorno pra cozinha com o propósito de estreitar laços e conhecimentos, começando por Ranya, que me olha próxima a pia com o olhar desconfiado.- Venha tomar um café comigo Ranya.Ela ri nervosa, como se eu tivesse saído de um livro de ficção cient
Desliguei na cara do neurótico, disse que casaria com ele, só isso, não prometi a ele tornar- me uma boneca de pano, que só serve para decoração, que se coloca onde quer.Eu nunca prometi ser uma idiota sem personalidade, de jeito nenhum eu sou mulher que tem que pedir permissão pra sair de casa, é ruim hein! Ele se iludiu porque quis.Se eu vou fazer o que quero, não adianta ouvir os gritos dele agora, ele tem que entender que não pode restringir meu direito de liberdade, de fazer o que quero e na hora que quero.Após o bate papo com Ranya e algumas pesquisas na internet, resolvi que vou procurar uma boa escola para Kaled e depois comprar algumas roupas quentes, pois apesar de ser primavera, Londres à noite faz muito frio.Já anotei em um papelzinho o meu novo endereço corretamente, vesti uma jaqueta jeans para me proteger do frio, calcei minhas botas de salto altíssimas pra ficar mais arrumadinha e agora o que preciso é conseguir pegar um taxi sem me perder nessa cidade imensa.O ap
Quando eu voltar pra casa é certo que será declarada a terceira guerra mundial e brigar com Hafiq é cansativo demais, o cara tem um dom natural de sempre dar a última palavra nas discussões e isso é muito irritante.O pub tá lotado, vários casais conversando, grupos de amigos curtindo um Happy Hour, eu só preciso me recompor.Vou até o banheiro melhorar a cara, ajeito o cabelo, pelo menos meu vestido está secando.Tomo minha cerveja e tento engolir o choro, eu vou conseguir uma boa escola para Kaled em outro dia, sem ter que recorrer a Hafiq.Após três cervejas e uma taça de vinho, a tarde cai.Estou quase bêbada, já está tarde e quando fui ao banheiro novamente, perdi o maldito papel com meu endereço novo, vou ter que ligar pra ele e pedi-lo para me buscar aqui.Era tudo que eu precisava pra completar a merda de dia.Um Aston Martin para em frente ao Pub, eu reconheço o motorista do carro preto e congelo sentada na mesa, não consigo mover um músculo, Youssef está na porta do Dickens.