Capítulo 16
Soluções mágicas
Acordei já tarde no dia seguinte. Ouvi batidas na porta. Girei o corpo e olhei meu celular. Dez da manhã. Não acreditei que dormi tanto! Afinal nem bebi na noite anterior, somente olhei o mar e fui para a cama. Levantei-me sem vontade para abrir a porta e dei de cara com Simone. Ela me olhava de braços cruzados com um olhar perturbador de quem ia cometer um assassinato.
— Que houve?
— Bom dia! — Disse ela entrando sem pedir licença.
Ao me olhar nu, ela parou e baixou a cabeça sorrindo.
— Nada que você nunca tenha visto antes.
Joguei meu corpo na cama e sabia que era quase certo de que ela me tocaria. O problema é que eu tinha que, uma vez na vida, ser fiel ao que dizia às outras pessoas. Eu tinha dito a Larissa que não dormiria com mais ninguém ali. Ela ficou ali olh
Capítulo 17Desconfortos femininosAo chegar ao hospital, soube que a médica estava presente mas eu precisava aguardar minha vez. Simone sentou ao meu lado e observou que as pessoas olhavam para mim. Afinal, um cabeludo, tatuado, com colete de motoqueiro e cara de poucos amigos não era necessariamente uma figura atraente aos olhos de muita gente. Baixei a cabeça e fiquei esperando ao celular para evitar o contato com os olhares maldosos.- As mulheres piram em você né?- Mulheres? Levantei a cabeça e olhei em volta. Se alguma enfermeira ou paciente tinham olhado para minha pessoa com ares cobiçosos, pelo menos naquele momento estavam disfarçando bem. Voltei a olhar o celular e até entrei no site da empresa. Eu estava voltando e, para minha tristeza, teria que botar aquele enforcador cinza que se chama gravata. Simone já estava impaciente, cruzando de pe
Capítulo 18Emoções a flor da peleAssim que chegamos, Simone se dirigiu com alguma raiva a seu escritório. Eu fui atrás dela. Ela se sentou e me olhou com estranheza, como se eu não tivesse o direito de estar ali.- Vai me tratar mal porque outra mulher me chamou para jantar?- Eu estou te tratando mal, Vitor?- Está.- Alecrim dourado, eu preciso trabalhar, eu fui com você e já fiz o que quis fazer, que era te apoiar.- É assim?- Vitor, o que você quer de mim?Ela baixou a cabeça e enterrou o rosto nas mãos, um sinal de desespero ou impotência.- Quero que confie que eu não cantei aquela médica!- Eu confio. Quer por escrito? - Ela alterou a voz - Já é difícil o suficiente ter me apaixonado por um cara que vai me deixar a qualquer momento, é
Capítulo 19Sozinho outra vezA tarde daquele dia foi de preparativo para ir embora. Contudo foi de dar uma satisfação a minha médica também. Eu me sentia na obrigação de honrar os sentimentos da única mulher naquela cidade que tinha me apoiado em todas as circunstâncias e nunca me cobrado nada. A minha consciência era de nunca fazê-la sofrer. Enviei mensagem a médica.Doutora, obrigado pelo convite mas não terei tempo para o jantar. Meu grupo já foi embora, preciso partir hoje. Um abraço e obrigado por tudo! Vitor FerreiraEstava tudo sacramentado finalmente. Eu não queria me sentir um filho da puta que não consegue parar com o pau dentro da calça. Eu era mais do que isso. Encontrei Bill e os outros na praia.- Quando vamos? - Perguntei.Bil
Capítulo 20A noite especialAquela noite teria que ser especial para a minha querida amante Simone. Pedi a ela que desse a ordem aos cozinheiros de seu hostel que preparassem um jantar saboroso e bonito. E teria que ser à escolha dela. Ela escolheu um filé ao molho madeira com penne a moda parisiense e um vinho tinto que guardava há anos. Marcamos as vinte horas na sua cobertura. Eu faria de cada minuto daquela noite um momento mais que especial.Eu não tinha uma roupa especial para aquela ocasião, afinal estava em uma trip de motoqueiros. Escolhi um perfume caro que sempre carregava comigo, borrifei pelo corpo, vesti uma calça jeans e botas. Procurei uma camisa social, não tinha. Decidi por uma camisa preta de botões e minha leather jacket preta. Os cordões de prata e de couro estavam lá em algum lugar embaixo daquela roupa. Pentear meus cabelos revoltados
Capítulo 21Vamos levantar acampamento, lobinho?Simone serviu o jantar porém em seu rosto estava perceptível o arrependimento e tristeza. Sentei-me a mesa ainda com um pouco de irritação de ter sido interrompido em um momento erótico e na verdade não consegui mais entender sua lamentação por me amar. A gente não escolhe quem amar, pode escolher desenvolver esse amor, nutrir esse amor mas amor sentimos por quem nos faz bem. Eu não queria que ela tivesse aquela percepção sobre nós dois. Jantamos calados. Estava uma delícia. Ela serviu o vinho em silêncio.- Então, vamos ficar assim? - Perguntei. - Nossa última noite e você vai ficar chorando antecipadamente?Ela me olhou com raiva.- Não estou chorando antecipadamente, apenas disse algo que não devia ter dito.- Eu n&atild
Capítulo 22O lobo solitárioSimone chorou muito e aquilo partiu meu coração. Ele ficaria ali com ela durante muitos meses da minha vida. Nós nos abraçamos e ficamos um tempo grudados enquanto os rapazes preparavam suas motos.- Me liga? - Ela pediu.- Com certeza, meu bem. Vai me ver.- Pode deixar.Eu odiava despedidas, me deixavam melancólico. Se eu tivesse partido sem vê-la seria menos dolorido para mim porém muito triste para ela. Subi na moto e enfiei os fones de ouvido do celular nas orelhas. Tocava Thrills in the night do Kiss e seria assim que eu queria partir. Ouvindo rock.- Lobo, se você correr, na primeira parada eu vou te meter um soco nessa tua cara - Avisou Bill.- Ele não é um amor? - Perguntei a Simone enquanto ajeitava o capacete.- Um doce - Respondeu ela com os olhos vermelhos. - Te amo...- Te ador
Capítulo 23Um lobo adormecidoDona Vânia entrou no quarto abrindo as cortinas, fazendo barulho. Pisquei várias vezes os olhos. Estava ainda com a roupa do corpo com a qual cheguei de viagem. Estava morto de cansaço. Tinha dirigido por horas e quando chegara, meu pai teve que correr ao hospital e passar o dia.- Vitor, o alfaiate chegou meu filho.- Que horas são? Não posso ir de calça jeans e um paletó do pai?Sentei na cama coçando o saco por fora da calça enquanto bocejava. Ainda nem tinha conseguido ver meus irmãos.- Não meu amor, não pode, seu pai exigia que todos estivessem impecáveis e você será notado por muitos. Pode prender o cabelo?- Vou tomar um banho, mãe e já desço para ver o alfaiate, juro não vou deixar o homem esperando.- Seja rápido e quando formos a empresa, por f
Capítulo 24O corruptoO dia seguinte chegou.Todo aquele processo matinal de banho, perfume, prender os cabelos, arrumar gravata e tomar um café fora cumprido. Cheguei a empresa na hora marcada, oito da manhã e minha secretária pessoal já me aguardava empunhando sua prancheta e agendas. Todos cumprimentaram de suas mesas naquela imensa sala cinza cheia de mesas ligadas a seus computadores e telefones. Laís me seguiu e a vi pelo canto do olho dando uma corridinha para me acompanhar.- Bom dia senhor.Ao chegar a sala vazia, a primeira providência que tomei foi retirar o paletó. Notei que Laís observava a camisa branca social por baixo. Era um pouco difícil que tudo ficasse em ordem já que eu era um cara definido, o que fazia com que aquele tipo de tecido repuxasse nos braços e ombros, me irritando profundamente.- Isso é tão irritante, ter