Edgar tentou ligar algumas vezes para Joana, mas, ela não o atendeu. Em um momento seu celular vibrou, mas, era apenas uma mensagem dela dizendo que não poderia ligar para ele, pois estava com Théo e que, mais tarde, eles iriam conversar. Ele pegou o celular e quase o jogou na parede, mas, ainda lhe restava alguma racionalidade, então, ele suspirou e pôs o celular no aparador. Decidiu que o melhor a fazer era aguardar Joana chegar para que, como ela dissera na mensagem, eles pudessem conversar.
Para Joana, o velório de Sampaio foi triste por Théo, e, ao mesmo tempo, cheio de tensão, pois, do outro lado, Daniel olhava para ela de soslaio a cada instante que se aproximava de Théo. Ela, no entanto, não se deixou abater pelos olhares desagradáveis do ex-cunhado. Jamais deixaria que qualquer tipo de ameaça a afastasse de Théo no momento em que ele mais precisava dela e em um momento em que ela poderia oferecer para ele todo o conforto que ele lhe deu no período em que Torres estava doente. Ela percebeu, com alívio, que Théo já não chorava como antes; o que
Depois de muito tempo, Edgar sentia que tinha feito a coisa certa da maneira certa. Agora ele estava em paz consigo e estava feliz por isso, afinal, há muito tempo não se sentia desse jeito. Estava na casa das tias. Optara ficar ali, pois, queria aproveitar com elas o tempo que ainda tinha no Brasil, até porque ele sabia muito bem que elas não iriam tão cedo para o Japão e ele esperava nunca mais ter que voltar ao Brasil. Contou para elas da decisão de se manter definitivamente longe de Joana, ocultando, é claro, a parte da bebida e do sangue. Falou, ainda, que estava aguardando a confirma&ccedi
Sem saber bem o porquê Joana tinha optado por desistir da venda do apartamento e resolveu voltar a habitá-lo. Logo que chegou percebeu que a ausência deles durante aqueles meses fizeram com o que antes era um lar, carregasse, agora, um aspecto fantasmagórico. Ela suspirou pensando na trabalheira que teria para ressignificar aquele lugar. Levou alguns dias para que, por si só, pusesse tudo em ordem e, finalmente, pudesse parar para apreciar o mar que embelezava a sua janela - como sempre fizera. Foi nesse momento que percebeu que, mesmo com tudo no lugar, a casa ainda estava sem vida. “É isso”
A cada dia que o dia da sua viagem se aproximava, Théo se recordava das palavras de Edgar. Muitas vezes, ele dormia e acordava com a voz do homem em sua mente e concluiu que, talvez, ele estivesse certo, mas, Théo sabia que não poderia simplesmente abrir mão de tudo por Joana novamente - ainda mais depois de tudo o que ele descobrira. Ninguém tinha ideia de como ainda doía nele lembrar que tudo de real que viveram foram frutos de uma mentira, uma moeda de troca para que Joana chegasse exatamente onde ela estava. Ele cerrou os punhos dominado pela cólera. Joana e seu pai… Por Deus, ele amava tant
Mesmo com toda a confusão que tinha acontecido nos últimos tempos, Théo conseguiu reequilibrar a sua paz. Isso, no entanto, ele pensava que isso não era mérito seu - pelo menos não totalmente! Com todas as conversas, Joana o ajudara a entender que ele não tinha culpa da pulverização na relação de Daniel e Sampaio e que, mesmo sendo parte de uma família, ele não precisava carregar em seu espírito o peso dos erros dos outros membros dessa família, até porque quem ele era não foi fruto apenas do ambiente familiar, mas, de todas as esfer
Querido Edgar,confesso que é estranho te escrever tanto tempo após a sua partida, mas, acontece que ontem recebi, através de tia Violeta, os quimonos que você me enviou. São de uma delicadeza e de uma beleza extraordinária. Devo dizer que fico muito feliz que você tenha lembrado de mim com tanto carinho por todos
Já havia um tempo que as paredes do Hospital Sagrado Coração de Jesus se tornaram a casa de José Augusto Torres. Uma casa, não um lar. Nunca gostou daquele tipo de lugar e, tinha certeza: nunca gostaria! Em seu coração havia sendo constantemente alimentadas inúmeras lamentações sobre o fato de ter que estar ali e não poder ser nada além de um vegetal. O que mais lhe doía, porém era o fato de não poder fazer nada como uma pessoa “normal”, mas pode compreender tudo o que se passava com a mesma perspicácia e sabedoria de quando est
Joana acordou pela segunda vez na madrugada. Olhou o relógio e eram 02:30. Foi despertada pelo mesmo sonho que vinha atordoando sua mente desde a última visita que fizera a seu pai no hospital, há uma semana: a Morte, em todo o seu esplendor, lhe encontrava em uma floresta escura e sem vida – todas as suas folhas estavam despencadas no chão e a neblina cobria todos os lados. Tudo era escuridão, mas, ao longe - se ela se esforçasse bastante –, era possível ver uma pequena luz cintilar e era para lá que o dedo cadavérico da Morte apontava. Joana sabia que não deveria conf