Amber
O sol da tarde aquecia suavemente minha pele enquanto eu me sentava na grama do jardim, observando Bella e Louis correrem pelo gramado. O riso deles era uma melodia perfeita, um som puro e genuíno que preenchia meu peito com uma paz rara e, ao mesmo tempo, frágil.
Um mês havia se passado desde que Uria desaparecera novamente. Nenhuma visita inesperada, nenhuma tentativa de aproximação. Apenas silêncio. Parte de mim se sentia aliviada, grata por poder viver sem o peso constante de sua presença. Mas outra parte, aquela que nunca descansava, queria saber por que ela apareceu para, logo depois, sumir de novo. Algo em mim se recusava a acreditar que aquilo fosse o fim. Talvez fosse a criança dentro de mim que ainda queria respostas. Talvez fosse apenas um instinto de proteçã
AmberO sol ainda brilhava suavemente no céu, filtrando-se pelas árvores e lançando sombras esparsas pelo gramado. O riso de Louis e Bella ecoava pelo jardim, e, por um momento, eu tentei me convencer de que aquilo era normal.De que não havia nada errado.Uria estava ali, sentada na grama com um sorriso sereno nos lábios, observando as crianças com um olhar que parecia… genuíno. Mas eu sabia que tudo o que envolvia aquela mulher vinha com um peso, com uma sombra oculta.E, ainda assim, eu a deixei entrar.Eu a deixei chegar perto."Vocês dois são tão parecidos comigo quando criança," Uria comentou, seu tom carregado de nostalgia. "Amber, você costumava correr assim também?"A pergunta me pegou desprevenida. Eu não tinha lembranças felizes da infância, não tinha momentos de risadas despreocupadas como aquelas."Não," respondi com frieza, cruzando os braços.Ela me olhou por um instante, como se quisesse dizer algo, mas desistiu."Mas fico feliz que eles tenham isso," acrescentou, obse
Leonardo)A manhã havia sido intensa. A reunião no hotel tinha se arrastado por horas, cada detalhe técnico sendo exaustivamente discutido. Eu estava focado, atento a cada proposta de segurança reforçada para nossos empreendimentos. Meu objetivo era simples: tornar qualquer brecha impossível.Não era apenas sobre os negócios. Era sobre minha família.Magnus estava ao meu lado, mais calado do que o normal. Ele participava da reunião como conselheiro, mas sua mente parecia em outro lugar. Eu poderia ter perguntado, mas naquele momento, eu estava totalmente imerso no projeto."Se implementarmos este sistema de reconhecimento facial nos acessos principais, ninguém entra sem ser identificado. Isso inclui nossas propriedades particulares," um dos especialistas disse, girando a tela para exibir o protótipo.Assenti, analisando a proposta. "E qual seria o tempo de resposta caso alguém tentasse burlar o sistema?""Imediato. Qualquer movimentação suspeita acionaria um protocolo de emergência,"
LeonardoO caos havia se instalado.A mansão Martinucci, que sempre foi um santuário protegido por segurança de ponta, agora parecia um campo de guerra. Homens de terno circulavam pelo espaço, os celulares tocavam sem parar, as vozes se sobrepunham enquanto os seguranças analisavam câmeras, ligavam para contatos e tentavam traçar um rastro de Uria.Mas não havia rastro.Eu estava no centro de tudo isso, sentindo como se estivesse preso em um pesadelo do qual não conseguia acordar.Bella havia sido levada.Minha filha. Meu bebê.E eu não fazia ideia de onde ela estava."Senhor Martinucci, estamos rastreando os veículos próximos à área no horário do desaparecimento," um dos agentes falou, se aproximando. "Até agora, não identificamos nenhuma movimentação suspeita nos registros oficiais."Meu sangue ferveu."Então ela simplesmente evaporou com a minha filha?" minha voz saiu cortante, carregada de fúria e desespero.O homem abriu a boca, mas hesitou. Ele sabia que não havia resposta sufic
AmberO silêncio do quarto era ensurdecedor.A luz do abajur lançava sombras nas paredes, mas tudo parecia frio, distante, como se eu estivesse presa em um pesadelo do qual não conseguia acordar. Desde que Bella desapareceu, o tempo perdeu qualquer sentido. Eu não sabia mais se era dia ou noite, se tinha dormido ou apenas desmaiado de exaustão.Mas nada disso importava.A única coisa que importava era minha filha.Bella estava lá fora, em algum lugar. E eu não sabia o que ela estava passando.O pânico crescia dentro de mim, uma fera descontrolada tentando romper as correntes do me
AmberO celular ainda estava firme na minha mão. O visor brilhava com o endereço que Uria havia acabado de me mandar. Meu coração estava batendo tão forte que eu mal conseguia respirar.Minha mente gritava com todas as possibilidades. Se eu contasse a Leonardo, Uria poderia desaparecer com Bella e levá-la para um lugar onde nunca mais a encontraríamos. Mas se eu fosse sozinha, corria o risco de cair direto em uma armadilha.E eu sabia que era uma armadilha.Mas nada disso importava.O rosto da minha filha preenchia cada canto da minha mente. Bella, assustada, chorando, chamando por mim. Seu rostinho sujo de lágrimas, os cachos bagunçados, os olhos aterrorizados en
LeonardoO aeroporto nunca pareceu tão frio e estéril. O som dos anúncios abafados no alto-falante e o fluxo constante de passageiros se misturavam ao burburinho da minha própria mente, que gritava sem parar, me corroendo por dentro.Bella ainda estava desaparecida.E não havia nenhuma maldita pista. Nenhuma ligação do resgate. Nenhuma informação. Apenas o silêncio sufocante que me dizia que eu estava perdendo o controle.Minha perna balançava compulsivamente enquanto eu esperava. Cada segundo parecia uma tortura.Eu sentia a pulsação forte em minhas têmporas, minha mandíbula estava travada. Eu
AmberAs ligações começaram no meio do caminho. O celular vibrava insistentemente no banco do passageiro, a tela brilhando com o nome de Leonardo.Ele sabia.Meu coração se apertou, e a culpa se enroscou na minha garganta como um nó sufocante. Eu queria atender, queria ouvir sua voz, mas sabia o que aconteceria se fizesse isso. Ele me impediria. Mobilizaria todas as forças possíveis para me encontrar, e Uria… Ela simplesmente desapareceria com Bella para sempre.Respirei fundo, os dedos trêmulos deslizando pela tela antes de rejeitar a chamada. A dor daquele simples gesto foi insuportável. Logo depois, outra ligação veio. E outra. Cada vez que eu recusava, sentia como se estivesse cortando um pedaço de mim mesma."Me desculpa, Leo…" murmurei, a voz em
AmberO frio que percorreu minha espinha foi paralisante. Meus braços apertavam Bella contra o peito, sentindo seu corpinho tremer de medo, seu choro abafado contra meu pescoço. O coração dela martelava em sintonia com o meu. Eu queria acalmá-la, dizer que tudo ficaria bem, mas como eu poderia prometer isso se nem eu sabia o que estava prestes a acontecer?Os olhos de Martina brilhavam com um prazer cruel, enquanto um sorriso vitorioso se espalhava por seu rosto. Mas o que fez minha respiração falhar foi a figura que surgiu ao lado dela.Uria.Não!A mulher diante de mim não era a mesma que apareceu na minha casa há um mês e meio atrás, implorando para fazer