— Obrigado por se encontrar comigo. Liam não queria, mas tinha que agradecer àquele homem. Querendo ou não, ele estava disposto a ajudá-lo, mesmo sem conhecê-lo. O CEO da Serenity parecia ser uma pessoa humilde, apesar de suas vestimentas caras. Ele tinha os mesmos cabelos e olhos de Bryan, a serenidade também. Se surpreendeu, tinha que admitir que não foi assim que o imaginou, principalmente ao saber que ele não queria ver o próprio filho. Ainda que compreendesse um pouco, afinal, querendo ou não, ele tinha motivos para acreditar que aquela criança não era sua. Finn descobriu que ele namorou a mãe de Bryan por um ano, e dias depois de descobrir que ela o traía, ela contou que estava grávida. Ele não acreditou que o filho era dele e a abandonou. Não quis saber dela ou da criança. Meses depois, ela apareceu contando que tinha desistido de ser mãe, mas não quis saber o que ela fez, só seguiu com sua vida. Ela não era mais nada dele. Mas a irmã dele foi atrás da criança. Mesmo que ele
— Uma carta? Liam sabia que o filho iria decepcionar quando entregou a carta que o pai biológico enviou por ele. — É um covarde. — Filho, ele deve ter os motivos dele. — Que motivos faz um pai... enviar apenas uma carta ao filho que ele nem conhece? Silêncio. — Eu não quero. Liam o impediu de rasgar. — Bryan, leia. Leia e descubra o que ele tem a dizer. O garoto de nove anos respirou fundo e então se sentou na cama, se demorando um pouco para abrir a carta, mas ao fazer com as mãos tremendo, se pôs a ler. Bryan. Nossa, é difícil escrever esse nome e não pensar em como você deve ser. Tenho que confessar que gostaria de saber se nos parecemos. Mas não acho que eu mereço. Não fui um pai para você. Me deixei levar pelos sentimentos ruins que tive por sua mãe e não pensei na possibilidade de que poderia sim ter um filho. Até pouco tempo achei que era impossível me tornar pai. Quando Holly me disse que estava grávida, eu imediatamente acabei tudo com ela por descobrir uma
Aritmética era insuportável, mas o que fazia aquela aula ser ainda mais insuportável, era a bendita da professora, que tinha o prazer de humilhar os alunos. Em especial Thomas Kavanagh. E se o aluno fosse do time de basquete, como ele era, aí era ainda pior. Ela pisava neles. Como se fossem baratas. Como se não fossem os pais deles que pagava o salário da megera, como o filho de Liam a chamava. O único motivo de ele estar ali, sentado naquela cadeira, era porque precisava de nota. Mas sabia que a porcentagem para aquela mulher dar a nota necessária para ele, era nula. Ela nunca o ajudaria. Na verdade, fazia questão de empurrar ele para o buraco. Já não tinha conseguido fazer a última prova, e mesmo depois de seu pai ter uma séria conversa com a diretora, e também com a professora, nada mudou. Ela parecia estar ainda mais possessa que antes. Thomas iria para o céu. Direto. Ele tinha certeza. Não teria que pegar fila, não teria uma conversa longa com Deus, ele apenas passaria por aquel
Bryan ficou o dia inteiro pensando naquela carta. Ele pensou também nas palavras de seu pai. Ele ou sua mãe tinham sempre palavras certas para dizer no momento certo. Ele nunca se sentiu seguro com ninguém, mesmo quando começou a estudar, mas com os Kavanagh foi fácil. Foi incrível. Sentiu falta deles durante todos aqueles dias que ficou sem vê-los, e se sentiu tão feliz e emocionado e ansioso quando soube que eles o buscariam para viverem juntos. Como uma família. Jamais imaginou que se sentiria daquele jeito antes. Na verdade, antes deles, tinha medo de ser adotado por um casal ruim. Já tinha escutado tantas histórias que pegou trauma. E então, quando conheceu seus pais todos os seus amigos disseram que ele teve sorte. E eles tinham razão. Foi sorte. Ele encontrou a família mais incrível do mundo para ter como sua. Não era só seus pais. Eram os irmãos, os tios, avós. Todos eles o trataram como parte da família desde o começo. Nunca foi tratado diferente dos irmãos, mesmo que não tiv
Bryan olhou para aquele prédio enorme antes de entrar. Era tão grande quanto o prédio da empresa de seu pai. Se lembrou então da primeira vez que visitou o trabalho dele. Do quanto ficou chocado com tudo e interessado no que ele fazia. Tinha também o fato de ele ser cumprimentado por onde passava, por cada um de seus funcionários. Para ele, que sempre esteve no orfanato e na escola, era incrível. Mas havia um motivo de ser totalmente diferente dessa vez. Primeiro porque o dono da empresa não o conhecia e segundo porque estava fazendo algo que diriam que era loucura. Se sentia nervoso e também muito ansioso. Mesmo assim adentrou aquele prédio. Percebeu os olhares estranhos que tinham sobre ele, mas tentou não se importar. Só tentou, porque a verdade que todos aqueles olhares só o deixavam mais nervoso. Seu coração parecia sair pela boca. Era uma criança, afinal de contas. Tinha sentimentos conturbados com o que estava fazendo. Sabia que provavelmente era um erro, mas mesmo assim não
— Você se parece tanto comigo. Bryan se surpreendeu. — É espantoso. — Mesmo? Nathan balançou a cabeça, confirmando. — Não achei que fosse tanto. Mas... imaginava... o tempo todo. Desde que descobri que era pai. — E o que sentiu... quando soube? — Que era pai? Bryan confirmou, balançando a cabeça. — Primeiro... me espantei, é claro. Depois, fiquei me sentindo culpado... por ter te deixado passar por tantas coisas. Eu teria feito diferente se soubesse. E se eu tivesse pedido por um exame de DNA no começo, quando soube que estava na barriga da... Holly... teria sido diferente para você. — Mas você pensou que ela estava mentindo. — Ela já tinha mentido muito, e me enganado, e... eu só quis me afastar dela o mais rápido possível. Eu não pensei direito. Além disso, eu não poderia ter filhos. Os médicos me disseram. Vários deles. Você, Bryan... é um milagre. — E isso é bom? Bryan abriu um sorriso ladino. — É muito bom. Bryan se emocionou, mas desviou os olhos para não
— O que achou do Nathan? Quer dizer, do meu pai? Quer dizer... Era estranho ver seu irmão tão perdido daquele jeito. Envergonhado por não saber como chamar o homem que era seu pai, mas ao mesmo tempo, não era. E realmente ele tinha motivos para ficar sem saber como chamá-lo. Eles tiveram apenas um encontro. E se não fosse pela atitude de seu irmãozinho de apenas nove anos, aquele encontro provavelmente nunca aconteceria. Culparia o homem, se não tivesse conhecido ele e compreendido melhor ao conversarem. Ele não estava pensando apenas em Bryan, mas também nas pessoas que cuidaram do filho dele por todo aquele tempo. E por ele ter aquele tipo de “compaixão” por seus pais, Thomas já não tinha ressentimento por aquele homem. — Ele me pareceu uma pessoa de bem. — Ele não me rejeitou. — Irmãozinho, você é muito especial, se ele o rejeitasse, estaria perdendo muito por não conviver com um garoto como você. — Minha mãe me rejeitou. — Isso diz muito dela, não de você. — Por que s
Mia percebeu como Bryan parecia estar diferente desde que se encontrou com o pai biológico. Inacreditavelmente, aquele encontro tinha feito mais bem que mal, o que a deixava mais tranquila. Ele está mais alegre e divertido, e não tem se escondido em seu quarto mais, mesmo porque, agora ele não tem mais o que procurar naquele notebook. Ele sabia quase tudo sobre sua família biológica. Quase, porque ele ainda não conhecia direito coisas sobre Holly. E não parecia mais querer descobrir seja o que fosse sobre ela. Ao que parecia, Nathan tinha de alguma forma o convencido a não procurar pela “mãe”. E, claro que Mia se tranquilizou. Não era só ciúmes, era preocupação. Ela temia que aquela mulher machucasse seu filho de alguma forma. Se ela não pensou nele nem quando bebê, por que motivo só agora estava querendo vê-lo e ter sua guarda? Para quê? É claro que tanto ela quanto o marido estavam muito curiosos a respeito disso, mas não estavam dispostos a ir atrás de algo que pode trazer problema