Mia riu dos trigêmeos. Seus pequenos eram arteiros, e com toda a certeza deixa a casa mais divertida. A não ser quando estavam dando trabalho. Que criança nunca deu trabalho na vida? Eles eram unidos, mas quando acontecia alguma coisa entre eles, havia aquelas briguinhas bobas, e ela ou o pai tinham que intervir. Mas era tão raro. Ela agradecia aos céus por eles serem tão amigos. Como Thomas e Natalie, apesar de agora eles se implicarem a cada segundo do dia. Estavam crescendo, mas não parecia que estavam amadurecendo. E já tinham quinze anos. Ela se perguntava se eles teriam vinte e aquelas implicâncias continuariam. Liam surtava mais que ela. Principalmente quando ele gritava, berrava, e eles fingiam não escutar. — Mamãe? Mia se virou com um sorriso, mas desmanchou quando viu a tristeza de Bryan. — O que houve, querido? — Eu prometi não esconder mais nada. — Está bem. Bryan abriu a boca, mas foi impedido quando tudo se apagou e em seguida um grito. — O que será que foi
Mia pode ver a surpresa nos olhos daquela mulher. A professora no caso. Com certeza não esperava que Bryan fosse aparecer com ambos os pais dele. Nas outras vezes ele tinha ido sozinho, mas dessa vez era diferente. Ele tinha confiado nela e no pai, falado com eles e contado sobre o encontro que teria com a antiga professora, que ele ainda não fazia ideia de que era sua tia biológica. Eles queriam contar, e já teriam feito se não tivessem pensado melhor e decidido contar na presença dela. Seria melhor. Era o certo a se fazer. Principalmente porque queria ver qual seria a reação dela. Como ela se posicionaria e o que diria para se explicar a ele. Ela se aproximou sabendo quem ele era desde o início, fingiu que não conhecia a mãe dele quando a conhecia, prometeu buscá-la quando sabia onde ela estava e onde morava. Foram muitas mentiras e omissões. Liam estava preocupado com a reação de Bryan. Pouco se importava com aquela mulher, mas seu filho era outra coisa. Queria ter dito a ele des
A porta de casa bateu em um estrondo, e logo foi aberta e batida novamente, mas bem diferente da primeira vez. Bryan passou por Thomas e Natalie, que o olharam confusos pela forma como ele parecia estar chateado. Nervoso. Conheciam o irmão o bastante para dizer que estava até mesmo raivoso. Nunca o viu com raiva antes. Era a primeira vez. Passou por eles sem cumprimentar, sem dizer uma palavra, nem mesmo aos irmãos menores, que o cumprimentaram com entusiasmo quando o viram, e Bryan nunca ignorava os trigêmeos. Ambos viram os pais passarem nervosos e preocupados, seguindo para o andar de cima, parecendo ir atrás do filho do meio, e imaginaram que alguma coisa muito ruim tinha acontecido. — É culpa sua. — Minha? — Foi por causa da sua gracinha de ontem. Thomas não retrucou a irmã, porque querendo ou não, podia ser mesmo por sua causa. Bryan havia ficado muito chateado com o que aconteceu, e suas palavras ainda não foram esquecidas. Só depois pensou que ele poderia estar querendo
— Como ele está? Liam chegou à sala, vendo sua garota se levantar rapidamente ao vê-lo. Ou o mais rápido que ela podia no momento, por causa do tamanho da barriga. — Ele dormiu. Mia se sentiu mais tranquila, mas não o bastante para deixar de se preocupar. O quarto devia estar uma bagunça, assim como o coração de seu garotinho. Por culpa daquela mulher. Por culpa daquela família biológica. Ela sabia que buscar por eles daria em problema. Por isso não quis buscar quando o adotou. E também porque tinha medo de perdê-lo. Mas maior que isso, era pensar que ele poderia se machucar novamente. E estava certa. Seu filho agora estava quebrado por dentro. — Fiquei com ele até ter certeza de que ele tinha um sono tranquilo. — Mudei de ideia. Mudei de ideia, Liam. Eu não acho que seja bom ele se encontrar com aquela mulher e ouvir o que ela tem a dizer. Não depois disso. Olha o que ele fez com o quarto dele? Olha como ele está sofrendo? Não. Ele não vai se encontrar com ela. — A decisão
— Obrigado por se encontrar comigo. Liam não queria, mas tinha que agradecer àquele homem. Querendo ou não, ele estava disposto a ajudá-lo, mesmo sem conhecê-lo. O CEO da Serenity parecia ser uma pessoa humilde, apesar de suas vestimentas caras. Ele tinha os mesmos cabelos e olhos de Bryan, a serenidade também. Se surpreendeu, tinha que admitir que não foi assim que o imaginou, principalmente ao saber que ele não queria ver o próprio filho. Ainda que compreendesse um pouco, afinal, querendo ou não, ele tinha motivos para acreditar que aquela criança não era sua. Finn descobriu que ele namorou a mãe de Bryan por um ano, e dias depois de descobrir que ela o traía, ela contou que estava grávida. Ele não acreditou que o filho era dele e a abandonou. Não quis saber dela ou da criança. Meses depois, ela apareceu contando que tinha desistido de ser mãe, mas não quis saber o que ela fez, só seguiu com sua vida. Ela não era mais nada dele. Mas a irmã dele foi atrás da criança. Mesmo que ele
— Uma carta? Liam sabia que o filho iria decepcionar quando entregou a carta que o pai biológico enviou por ele. — É um covarde. — Filho, ele deve ter os motivos dele. — Que motivos faz um pai... enviar apenas uma carta ao filho que ele nem conhece? Silêncio. — Eu não quero. Liam o impediu de rasgar. — Bryan, leia. Leia e descubra o que ele tem a dizer. O garoto de nove anos respirou fundo e então se sentou na cama, se demorando um pouco para abrir a carta, mas ao fazer com as mãos tremendo, se pôs a ler. Bryan. Nossa, é difícil escrever esse nome e não pensar em como você deve ser. Tenho que confessar que gostaria de saber se nos parecemos. Mas não acho que eu mereço. Não fui um pai para você. Me deixei levar pelos sentimentos ruins que tive por sua mãe e não pensei na possibilidade de que poderia sim ter um filho. Até pouco tempo achei que era impossível me tornar pai. Quando Holly me disse que estava grávida, eu imediatamente acabei tudo com ela por descobrir uma
Aritmética era insuportável, mas o que fazia aquela aula ser ainda mais insuportável, era a bendita da professora, que tinha o prazer de humilhar os alunos. Em especial Thomas Kavanagh. E se o aluno fosse do time de basquete, como ele era, aí era ainda pior. Ela pisava neles. Como se fossem baratas. Como se não fossem os pais deles que pagava o salário da megera, como o filho de Liam a chamava. O único motivo de ele estar ali, sentado naquela cadeira, era porque precisava de nota. Mas sabia que a porcentagem para aquela mulher dar a nota necessária para ele, era nula. Ela nunca o ajudaria. Na verdade, fazia questão de empurrar ele para o buraco. Já não tinha conseguido fazer a última prova, e mesmo depois de seu pai ter uma séria conversa com a diretora, e também com a professora, nada mudou. Ela parecia estar ainda mais possessa que antes. Thomas iria para o céu. Direto. Ele tinha certeza. Não teria que pegar fila, não teria uma conversa longa com Deus, ele apenas passaria por aquel
Bryan ficou o dia inteiro pensando naquela carta. Ele pensou também nas palavras de seu pai. Ele ou sua mãe tinham sempre palavras certas para dizer no momento certo. Ele nunca se sentiu seguro com ninguém, mesmo quando começou a estudar, mas com os Kavanagh foi fácil. Foi incrível. Sentiu falta deles durante todos aqueles dias que ficou sem vê-los, e se sentiu tão feliz e emocionado e ansioso quando soube que eles o buscariam para viverem juntos. Como uma família. Jamais imaginou que se sentiria daquele jeito antes. Na verdade, antes deles, tinha medo de ser adotado por um casal ruim. Já tinha escutado tantas histórias que pegou trauma. E então, quando conheceu seus pais todos os seus amigos disseram que ele teve sorte. E eles tinham razão. Foi sorte. Ele encontrou a família mais incrível do mundo para ter como sua. Não era só seus pais. Eram os irmãos, os tios, avós. Todos eles o trataram como parte da família desde o começo. Nunca foi tratado diferente dos irmãos, mesmo que não tiv