Talvez Harry esteja certo. Talvez eu seja louca.
Mas quando solto um suspiro lento e me viro para o espelho, vejo uma escova de dente roxa em uma xícara, ao lado da escova de Harry. Isso é garantia suficiente para que eu não precise me preocupar. Ele me quer aqui de qualquer maneira.
Desligo a luz quando volto para seu quarto, com nada além do brilho da TV me guiando para a cama. Quando me recosto nos travesseiros, ele pega o controle remoto e começa a folhear os canais. Harry passa uns cinco minutos examinando o guia de canais em um ritmo alarmantemente rápido.
— Você não está parando tempo suficiente para ver se é algo que você quer assistir — dou risada. Ele dá de ombros. Está com um braço curvado atrás do pescoço enquanto segura o controle remoto com a outra mão.
— Se não conseguir manter minha atenç&atil
Suas palavras fazem um calor se espalhar através de mim, um sentimento que me faz flutuar. Quando ele me beija de novo, fico na ponta dos pés para aprofundar o beijo e, com um grunhido curto, Harry passa os braços em volta da minha cintura, afastando-se de mim apenas para resmungar um rápido "pule" para me colocar em cima do balcão. Eu rio em sua boca, e passo minhas pernas em volta de sua cintura para puxá-lo para mais perto.Eu me sinto diferente. As pessoas sempre dizem que você muda depois de fazer sexo, e eu sinto como se ganhei uma nova parte de mim, um lado que só Harry é capaz de trazer quando ele me toca de certa maneira. Eu me sinto mais viva do que eu jamais me senti um dia.Assim que Harry começa a passar os dedos nas minhas coxas, congelo, só então me lembrando das minhas cicatrizes. Como pude esquecer isso? Fiquei tão envolvida com ele, que esqueci.&
Londres, InglaterraQuarta-feira, 10 de outubro de 2018Ao final do dia, depois das atividades na cama durante a tarde, decidimos nos levantar para tomar um banho. Quando saímos, o telefone de Harry toca e ele sai do quarto para atender enquanto me visto.— Eu encontrei algo — Harry diz, parado na porta do quarto, com uma toalha enrolada na cintura.— O quê? — pergunto, e ele se aproxima com um pequeno objeto preto entre os dedos.— Um microfone.Arregalo os olhos e cubro a boca com a mão.— Ah, não — digo.Harry levanta uma sobrancelha.— Fo... foi Chase. Ele... estava me esperando, ele deve ter colocado antes de eu chegar-— Whoa, whoa, espere — Harry interrompe, alarmado. — Chase? Como assim? Quando Chase entrou no meu apartamento?Ah, merda.— Q-quand
Minhas costas atingem a cama macia de Harry enquanto ele beija meu pescoço. Meu coração bate rápido quando suas mãos se movem para o cós do meu jeans, desabotoando e abrindo-os rapidamente.Então percebo que Harry não quer fazer amor comigo, ele quer uma fuga. Ele se afasta para tirar sua camisa, e volta para tirar a minha. Suas mãos percorrem meu corpo e ele tira meu jeans e o joga. Não consigo acompanhar esse Harry apressado, e estou muito assustada para continuar, então solto:— Harry, pare — digo quando ele se levanta para tirar suas calças. Harry para e percebe o que está fazendo.— Grace, desculpa — Harry suspira, deitando-se ao meu lado. — Você está bem?— Estou assustada, e você? — pergunto.— Estou com medo — responde ele.— Por quê?— Porque n&at
— Então, onde você mora? — pergunto.— Oh, quartos de hotéis diferentes — diz ela, dando de ombros. — Eu tenho viajado o mundo por alguns anos...— Uau — digo. — Isso deve ser...— Cansativo — suspira. — Mas mantém minha mente ocupada.— Qual é o melhor lugar em que você já esteve até agora?— Paris — responde rapidamente. — E eu sou, uh... uma aspirante a designer de moda.— Ah, que lindo — digo, impressionada.— Mas agora conte-me sobre você: de onde é esse sotaque?— Bem, eu sou do Brasil — digo.— Que legal. Já estive lá algumas vezes. E o que você faz?— Eu sou babá.— E vocês dois são... — Rebecca sorri.— Sim, Rebecca, cresça —
Londres, InglaterraQuinta-feira, 11 de outubro de 2018Acordo queimando na manhã seguinte.Minha garganta está seca e dolorida, meu nariz está entupido e minha pele está em chamas.— Você está acordada, finalmente — Harry diz, preocupado. Ele está vestido com uma camisa branca e seu jeans preto, e se senta ao meu lado na cama.— Estou horrível — resmungo, e tento engolir para aliviar a dor da minha garganta.— Você estava queimando, mas eu não queria acordar você — Harry me entrega um termômetro. Alguns minutos depois, o termômetro apita e Harry o lê rapidamente. — 38 graus — diz, colocando-o na mesa de cabeceira. — Você não vai a lugar nenhum hoje. Já liguei para a Hannah, ela vai para a fazenda da mãe dela com as crianças. Voc&e
— Meu pai gostava de administrar a casa como fazia quando era sargento no exército. Ele era muito dominador. E ele foi muito cruel com Harry. Quando Harry completou seis anos, começou os treinos, do amanhecer ao anoitecer. — Os olhos de Rebecca começam a lacrimejar e os meus também. Ela respira fundo e continua:— Ele tinha apenas seis anos... E ele gostava muito de ler e escrever, e nosso pai odiava isso. Então Harry lia escondido... um dia, ele viu Harry com o livro e bateu muito nele. Depois o castigou, fazendo-o correr em volta da casa por uma hora, sem parar, enquanto gritava com ele. — Ela limpa as lágrimas, as mãos trêmulas. Respira fundo e continua: — Mamãe chegou e tentou interferir. Ele bateu tão forte nela, que ela desmaiou com um só golpe. Não foi a primeira vez, é claro. E eu? Eu fiquei parada olhando, paralisada de medo... fui uma covarde o tem
Harry fica comigo por um bom tempo, seus dedos se movendo suavemente para cima e para baixo no meu rosto. Ele começa a cantarolar baixinho, e sua voz profunda é tão linda.Acredito que depois de uma hora, finalmente reúno forças para abrir meus olhos. Harry está sentado na cama ao meu lado, seus olhos preocupados fixados em mim. Ele não trocou de roupa, e suas mangas estão enroladas até os cotovelos. Consigo sorrir para ele e ele sorri de volta. Quase aliviado ao ver que estou acordada.— Droga, Grace, por que você sempre me deixa preocupado? — Tento sorrir e sento-me devagar. — Você está se sentindo melhor?— Um pouco — respondo.— Bom, isso é melhor que nada. Está com fome? Rebecca está fazendo o jantar.— Você falou com ela? — pergunto, embora já esteja ciente da resposta.&mda
Na hora do almoço, Harry reclama sobre como foi horrível dirigir com Natan ontem, e que nunca irá usar o carro dele novamente. Rebecca ri, obviamente feliz em ver seu irmão mais à vontade perto dela, e pergunta sobre o trabalho dele.Harry solta o garfo no prato e encara Rebecca. Depois olha para mim. Levanto minhas sobrancelhas. Se ele quiser contar, por mim tudo bem.Então, ele conta tudo. Desde quando ele foi sequestrado por Chase. Ele contou sobre ter sido uma cobaia de laboratório, de como ele foi drogado tantas vezes, que perdeu a memória. Contou sobre como foi devastador quando sua memória voltou, quando ele reviveu todas as lembranças ruins. E então ele fala sobre mim, sobre como nos conhecemos e como conseguimos sair de lá.— Agora Chase quer vingança, e ele sempre está um passo à nossa frente. — Harry termina, e eu pergunto:&mdas