Londres, Inglaterra
Sexta-feira, 21 de setembro de 2018
Gabriel queria fazer aulas de judô.
— Eu gosto disso — Gabe sussurra. — Mas a mamãe não quer...
— Gabriel, você precisa falar com ela...
— Mas eu estou falando, Gracie — ele suspira. Se eu estivesse vendo-o agora, ele provavelmente jogou a cabeça contra o travesseiro tão forte, que a cabeceira da cama bateu contra a parede.
— Você só tem dez anos! A única coisa que você precisa focar é em suas notas na escola. Você ainda tem muito tempo pela frente...
Sei que ele não tem certeza sobre as coisas, mas isso é normal. Havia tanta pressão sobre o seu futuro que é natural que ele mude o foco das coisas.
— Olha, eu sei que minhas notas não são tão boas, mas eu queria...
— Queria o quê?
— Não sei... Eu só quero ser feliz.
Fecho meus olhos. Se eu não p
Eu não falei com Harry desde quinta-feira de manhã. Quero dizer, hoje é sexta-feira, então tinha sido apenas um dia, mas ainda assim. Ele mandou uma mensagem de texto para mim ontem à noite, e disse que passaria me buscar às 8h da noite hoje. Eu estava tão nervosa que tudo o que consegui escrever de volta foi um rápido “ok”. — Quando seu namorado vem te buscar? — Daqui a pouco — respondo. — O que foi? — Hannah pergunta. Suspiro. — Ele está estranho... não falou comigo desde que saiu daqui ontem de manhã. Hannah ri e diz: — Você não precisa se preocupar com isso, amor. A maioria dos homens são assim. — Sinto que ele está escondendo algo... Hannah abre a boca para me responder, quando ouvimos a voz de Jeny ecoar pelo corredor: — Graaaciiie... Você se parece com Hannah Montana — diz ela com um sorriso, assim que chega na cozinha. — Sério? Se eu pudesse cantar como ela. — Aposto que el
Respiro fundo e passo entre as pessoas, pedindo desculpas quase inaudíveis e tentando evitar pisar nos pés dos outros. Quando finalmente chego ao bar, Harry está se virando para mim, bebendo um longo gole de sua cerveja. Na outra mão, vejo um drink rosa. Ele a estende para mim, sem nenhuma palavra. — Obrigada, meu amor — sorrio, bebo um gole e o sigo até a mesa em que estão nossos amigos. Louis começou uma história sobre Natan cair em uma poça de lama, mas levanto-me para ir ao banheiro. Depois que termino de usar o banheiro, retoco o batom usando a câmera do meu celular como espelho. Quando volto, vejo uma garota ao lado de Harry, inclinada para falar com ele, com a mão dela nas costas da cadeira em que ele está. Eu não quero interromper, então vou para o bar e peço outro drink. Termino minha bebida em um só gole, e decido tomar outra. Porque eu tenho que levantar com as garotas pela manhã, me limito a três. — Gata, é seu aniversário hoje
Londres, Inglaterra Sexta-feira, 21 de setembro de 2018 Coloco minhas mãos em meus quadris, com Natan à minha esquerda e Will à minha direita, e mais alguns espalhados pelo salão. Eu não faço isso há algum tempo, mas percebo que é como andar de bicicleta. Assim que eu entrar no ritmo, eu ficarei bem. — Tudo bem, vamos começar com a perna direita para frente, desse jeito assim — demonstro: — Salto, dedo do pé, calcanhar, salto. Então pule para a esquerda e repita o calcanhar, ponta do pé, calcanhar, salto. — Acho que meu joelho não vai suportar — Natan diz, seguindo meus passos. — Depois você alterna os saltos três vezes — falo e demonstro: — Agora você b**e palmas, gira e agita os quadris! Tento manter o foco, mas é difícil quando tudo que eu posso fazer é rir de Will tropeçando em si mesmo. Atrás de mim, Louis está xing
— Chega — Harry diz, sua voz alta o suficiente para eu ouvir. — As pessoas estão olhando. Faço uma careta. — O quê? Por quê? Eu tenho batom nos dentes? Não tinha espelho no banheiro. Harry zomba: — Eles não estão olhando para seus dentes, Grace. — Ele tira a sua camisa de flanela e coloca rapidamente na minha cintura, para cobrir meu bumbum: — Coloque isto. Não sei se fico zangada ou envergonhada. Ele está exagerando. Metade das garotas nesse lugar está usando menos do que eu. — Você está sendo ridículo. &n
Quando volto para casa, tiro minhas botas antes de entrar, pois não quero acordar ninguém. Normalmente, eu teria ido direto para as escadas, mas vejo a luz da cozinha acesa e decido ir até lá. Hannah está encostada na geladeira, o roupão de banho esticado sobre a barriga, comendo sorvete direto da caixa. Eu queria sorrir, mas não consegui. — Nossa, você chegou cedo — Hannah diz, e coloca a caixa no balcão. — Na verdade, estou um pouco surpresa que você esteja em casa. — Minha garganta aperta e pressiono meus lábios. — Grace... — Hannah diz lentamente, dando um passo em minha direção. — Amor… Não sei como demorei tanto para começar a chorar. Lembrei-me do quanto eu era chorona antes de tudo acontecer. Hoje eu não comecei a chorar até que eu estava no meio da cozinha, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto enquanto eu lutava para respirar. Eu nunca tive um coração partido antes. Será que é isso? Um sentimento de vazio? Um coração oco e dolorido
— Oh — engulo em seco. — Eu pensei que você queria... — olho para as meninas. É uma experiência especial para elas. Eu me lembro de quando fui com minha mãe para o ultrassom de Gabe. Fizemos o dia das garotas. Nós almoçamos em um bistrô e fomos fazer compras. Ela me comprou um vestido azul claro para usar na igreja, na véspera de Natal. Então, quando chegamos ao consultório do médico, ela me sentou em uma cadeira e explicou que eu poderia ver o bebê em uma tela. Eu já estava animada com um novo irmão, mas quando ouvi o coração dele, jurei que me apaixonei. E acho que é por isso que eu tenho um ponto fraco por ele. Eu queria que as meninas tivessem essa mesma experiência. Esta seria uma memória duradoura para elas, ou pelo menos para Jenny. Katherine ainda é nova, mas
Londres, Inglaterra Domingo, 23 de setembro de 2018 Pego os cupcakes que fiz durante a noite e me preparo para ir até o ponto de ônibus. Irei me encontrar com Natan para o jantar. — Tem certeza de que não quer que eu te leve? — Hannah ri, balançando a cabeça ao me ver sofrer para equilibrar tudo. — Estou bem — respondo. — É apenas uma pequena caminhada até o ponto de ônibus. Ela abre a boca para falar algo, mas se cala e assente. Ela sabe que gosto de usar o ônibus quando preciso pensar. — Tenha cuidado, ok? Te vejo mais tarde. Sorrio em resposta. Felizmente, eu não precisei esperar muito tempo. Quando chego no ponto, o ônibus para na minha frente. Faço uma chamada de vídeo com Angela assim que me sento no banco. — Que dia horrível — ela reclama ao atender, parecendo esgotada. Angela está organizando e encaixotando suas coisas para a mudança. — Eu preciso de uma cer
Londres, Inglaterra Domingo, 23 de setembro de 2018 Quando chego ao apartamento de Natan, ele abre a porta antes de eu bater. O jogo já está passando na TV. Natan sorri para mim e entro na sala de estar. Coloco os cupcakes na mesa de café. Os olhos de Natan se arregalam quando vê o curativo: — Grace, o que aconteceu com a sua mão? — Foi só um pequeno acidente no forno — dou de ombros. — Mas você está bem? O olhar em seu rosto sugere que ele não está falando da minha mão. Ele está preocupado, ou talvez apenas curioso. — Eu não quero falar sobre isso. — Ele é um idiota — Natan acrescenta. Forço um sorriso. Não importa o quanto eu concorde com ele, não consigo reagir. — Onde estão todos? — pergunto, mudando de assunto. — Foram buscar a comida. Tinham dito que demoraria uma hora e meia para a entrega, e então foram buscar. Mas é só o Will e o Louis. Ele toma