Destranco a porta do meu apartamento com o coração aos pulos, não devo satisfação a ninguém, porém me sinto constrangida que meus filhos descubram que não dormi em casa e eu tenha que inventar uma desculpa qualquer. Sorrateiramente tranco novamente a porta com o mínimo de barulho possível e coloca a chave pendurada no suporte ao lado e quando me viro, deparo-me com Hortência e seus olhos sagazes me olhando com um sorriso no rosto. Levo um momento para me recuperar do susto e para acalmar meu coração que bate furioso em minha caixa torácica. Por muito pouco não soltei um grito.
- Quer me matar Hortência? – Consigo soltar a frase presa em minha garganta com muito esforço.
- Matou alguém Carolina? – Sorri mais largamente e fala – ou resolveu viver a vida e passou a noite fora com um homem lindo?
Fico desconcertada com essa se
Vejo uma lágrima escorrer pelos dela e lhe dou um abraço apertado, onde choro junto a ela, tentando aplacar um pouco da sua dor.- Sinto tanto Hortência!- Não minha querida, não sinta por mim. Já faz tanto tempo e depois de anos tentando engravidar do meu marido, nós decidimos desistir e viver um com o outro, ele foi muito bom para mim e aprendi a amá-lo, não tinha aquela paixão desenfreada, mas tinha carinho e respeito. Já perto do fim de sua vida o Geraldo fez alguns exames que detectaram sua incapacidade para ter filhos.- A senhora pode não ter tido filhos biológicos, mas eu a tenho como uma mãe e os meninos te amam como uma avó. Nunca se esqueça disso.- Eu sei disso e os amo na mesma proporção. – Me olha dentro dos olhos e completa – por isso que eu não quero que você se martirize, viva minha filha, v
Hoje é a reunião com a última construtora das três que eu escolhi, espero que seja realmente uma ótima proposta, pois as duas primeiras foram uma merda. Não me agradaram com nenhuma proposta que fizeram, muito menos demonstraram o profissionalismo que busco nos meus negócios.Tive uma semana dos infernos depois que acordei sozinho naquela cama de hotel. Mesmo antes de abrir os olhos eu tive a certeza de que estava sozinho e acredito que a muito tempo, pois o lugar que ela ocupou estava frio.Em um primeiro momento fiquei realmente sem reação, nunca fui abandonado por qualquer mulher, ainda mais depois do sexo que tivemos. Ou será que foi ruim para ela? Será que é isso, ela não gostou e resolveu sair sem ter que repetir? Porque era isso que eu queria fazer, queria repetir pelo menos até ficar satisfeito, pois estou bem longe disso.- Você está muito dista
Passo as mãos no meu rosto e solto a respiração em lufadas contidas, na tentativa de me acalmar. Como que uma única noite com uma mulher da qual não sei nem mesmo o nome pode me deixar dessa maneira? Até dos caras eu tenho me mantido distante essa semana, assim como a giágia, eles me conhecem e saberiam que tem algo errado.Minha frustração só pode ser por ela ter me deixado sem nenhuma explicação, não é comum que mulheres ajam assim e ao analisar friamente todos os momentos que tivemos, é eu fiz isso e me pareço com um maricas, sei que ela ficou satisfeita, não é possível fingir tão bem. Então qual o problema dessa mulher?Não vou ter como descobrir já que não sei nem ao menos o nome dela. Eu poderia contratar um detetive particular e com as câmeras de segurança da “Discoteca” s
- E qual é mesmo o seu nome senhor? – Percebo que ela me come com os olhos e tenta chamar minha atenção.- Acho que a senhora não é a recepcionista, não? – Falo com calma olhando em seus olhos. – É para isso que essa bela moça foi contratada e ocupa o cargo de recepcionista, não estou certo senhorita ...? – Me viro para a moça e consigo ler o seu nome no crachá completando – Thaynara.- É claro senhor ...? – Fala a víbora com cara de poucos amigos e aguarda que eu me apresente com a sobrancelha arqueada.- Lykaios, Olavo Lykaios. – Ao ouvir meu nome percebo que ela muda sutilmente sua postura e enrijece o corpo, mas é tão rápido que fico em dúvida se realmente aconteceu.- Desculpe Sr. Lykaios, sou eu quem trabalho diretamente com o Edgar e vou acompanhá-lo agora mesmo a sua sala.Si
Saio da sala do Edgar como se minha dependesse disso e corro direto para a sala de reuniões, onde a Nat já deve estar. Abro a porta em um rompante e todos parecem me olhar com curiosidade. Fecho a porta respiro fundo e digo para todos:- O homem chegou e já está com Edgar, alguém mais está nervoso? – Pergunto para disfarçar meu desconforto. Todos balançam a cabeça para mim em afirmação e eu continuo até me sentar ao lado da Peste. Quando me sento e solto uma lufada de ar, ouço uma risadinha ao meu lado e a olho assustada.- O que foi? – Pergunto sem entender sua cara de debochada.- Nunca mais o verei mesmo, não é Carolina? – Pergunta e eu percebo que ela já sabe quem é o poderoso dono da
- Senhorita Lins, como que foi possível elaborar esse projeto sem saber as características do solo, se ocorre insolação no terreno ou se a ventilação é adequada para esse tipo de prédio?- Sr. Lykaios, pode me chamar de Nathalia. – Diz minha amiga com uma calma que apenas eu que a conheço sei ser fachada. – Respondendo a sua pergunta, o senhor veio até nós com o intuito de construção de uma indústria automobilística aqui em Goiânia, certo? – Ele apenas anui sem retirar os olhos dela. - Sendo assim, supomos que ou será construída em torno da capital.- Sim, pretendo estabelecer residência aqui e por razões de locomoção o terreno é em torno da cidade.- Desta forma senhor, o município de Goiânia está, geologicamente, situado sob o embasamento de rochas metamórfica
Respiro fundo e rezo para ter entendido errado, ele não teve a intenção de colocar duplo sentido nesta frase, teve? Não, é claro que não, tivemos apenas uma noite e com a forma que fui tratada por ele, demonstrou não ter interesse em manter nenhuma intimidade comigo, não foi isso? Me encaminho para a minha sala, sendo seguida por minha fiel companheira, ela permanece em silêncio, o que definitivamente não é normal para uma pessoa como a Nat. Ao adentrar meu santuário particular deixo as emoções transparecerem ao mesmo tempo em que me jogo em meu sofá e olho para ela dizendo:- O que foi tudo isso Nat? Como eu vou fingir que nada aconteceu? – Minha voz demonstra o meu desespero. – Eu não sei fazer isso, nunca estive n
- Foi a melhor noite da minha vida! Escuto sua voz quase sussurrada e paro com a mão na maçaneta da porta. Fecho os olhos e espero para ver se ela diz mais alguma coisa, porém ela não diz nada. Me viro vagarosamente em sua direção e encontro aqueles olhos de esmeralda me olhando arregalados e fragilizados. Alguém machucou muito essa mulher e eu daria tudo nesse momento para descobrir quem é, para poder protegê-la de seus próprios demônios. Meu Deus do céu, que pensamentos são esses que eu estou tendo? Nunca os tive por mulher nenhuma, como assim protegê-la? Estou ficando louco, só pode.- Fica meio difícil de acreditar, uma vez que fugiu sem se despedir, não é mesmo? – Questiona e vejo um lampejo de raiv