Capítulo 4
O plano acabou e minha última gota de nostalgia por Vital também.

Suspirei aliviada, reprimindo a amargura em meu coração.

Esta noite era o dia em que eu e Lélio nos encontraríamos oficialmente.

Senti um frio na barriga, afinal, na vida passada, ele também havia sido meu tio.

Respirei fundo, decidida a mostrar meu melhor.

"Mesmo que ele não se apaixone por mim, pelo menos que não me despreze."

Arrumei meus sentimentos, me preparei e só então saí de casa satisfeita.

Assim que cheguei ao estacionamento, ouvi sons ofegantes se intensificando.

Olhei na direção do som e vi um carro preto balançando.

Dei uma olhada na placa.

Era do Vital.

Pela janela entreaberta, Miriam, com olhos repletos de sonhos, observava cada movimento de Vital.

Ele movia-se com um ritmo coerente, liberando murmúrios sutis.

Embora ele não representasse mais nada para mim, aquela cena ainda despertava em mim uma intensa náusea.

Miriam detectou minha presença, sorriu provocante e se lançou em um beijo ardente com Vital.

O som de seus murmúrios e o eco de seus beijos reverberavam pelo estacionamento deserto.

Segurei a náusea e saí quase correndo, pronta para dirigir até o jantar.

Com um gemido abafado, os dois desceram do carro.

— Ah! Estela!

Miriam fingiu surpresa, com o rosto ainda corado.

Quando ouviu meu nome, Vital mostrou um olhar constrangido.

Não parei, pisei fundo no acelerador e fui embora.

Quando passei por ele, pude ver claramente uma lingerie de renda pendurada em seu cinto.

No caminho, fiz questão de passar no shopping.

Comprei alguns presentes para os mais velhos da Família Barros.

Preparei um presente especialmente para o Lélio.

Quando cheguei à Mansão Barros, me deparei com Vital.

Ele se apressou para chegar até mim, querendo explicar.

Mas ao ver a caixa de presente em minhas mãos, seu rosto se transformou de embaraço para orgulho, depois para escárnio.

— Pensei que estivesse brava, mas vejo que foi comprar presentes para mim.

— É só isso que você consegue fazer.

Ele estendeu a mão para pegar, mas eu rapidamente me esquivei. — Não é para você.

Ele acendeu um cigarro e disse friamente. — Você viu, não é?

— Bem, Miriam é minha esposa legal, tudo isso deveria ser dela desde o início.

— Se você tivesse um pouco de bom senso, talvez eu até fosse generoso o bastante para satisfazê-la duas vezes.

Seu olhar lascivo percorreu meu corpo e senti um arrepio de nojo.

Que nojo!

Estava prestes a sair quando ele me agarrou, franzindo a testa. — Meu tio vem esta noite, não cause problemas.

— Quando o jantar acabar, vou levá-la para se desculpar com Miriam.

— Se ainda quiser se casar, seja boazinha.

Vital terminou de falar e saiu sem me dar chance de responder.

Olhei para suas costas e deixei escapar um riso cínico.

Logo ele entenderia se esse casamento realmente iria acontecer.

Entrei no restaurante, todos os outros mais velhos já estavam sentados, exceto Lélio.

Havia um lugar vazio ao lado do Vital, mas passei direto por ele.

Sentei-me no assento vazio ao lado da cabeceira.

Vital me viu sentada e, impaciente, sentou-se ao meu lado.

— Estela, o assento ao seu lado é do meu tio!

— Volte aqui agora! Não faça besteira!

Suprimi minha irritação e estava prestes a explicar quando uma voz masculina ressoou.

— Desculpe, estou atrasado.
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