Na manhã de terça-feira acordei antes de Carol. Ela ainda dormia, e apesar de ter concordado com meu pedido para passar alguns dias em Moema, a nossa primeira noite na minha casa foi uma noite de sono e nada mais, pois ao deitarmos Carol logo dormiu e com isso eu fui obrigado a sufocar mais uma vez meu desejo. Eu estava louco de saudades da minha namorada, do seu corpo, dos seus carinhos, dos seus beijos deliciosos, porque mesmo que estivéssemos novamente juntos, desde o nosso reencontro nós não tínhamos transado, na verdade mal tínhamos trocado beijos ousados, e ao meu ver já havia chegado a hora, por isso bloqueei da mente qualquer possibilidade sombria sobre os acontecimentos no cativeiro e me dediquei apenas a Carol.
Para acordá-la de um jeito especial preparei um caprichado café da manhã, coloquei pães, frutas, bolo e suco na bandeja e fui até o quarto. Deixei a comida sobre
Após a crise de choro Carol foi tomar banho e quando a reencontrei no quarto ela estava terminando de se vestir. Na verdade estava arrumada para sair, tinha secado e escovado os cabelos e também tinha se maquiado conseguindo assim disfarçar o hematoma do rosto; sem saber o que se passava em sua mente eu a elogiei. - Está linda amor, pretende ir ao hospital falar com seu chefe agora de manhã? - Não, talvez apenas depois do almoço eu vá falar com o Dr. Isidoro sobre minha licença médica, agora cedo prefiro ir ao shopping, passear um pouco. - Ao shopping?! Está precisando de alguma coisa? - Não, não estou precisando de nada, quero apenas sair e olhar as lojas, ver as vitrines para me distrair. - Bem, então sendo assim, vou ligar para o grupo Bastos e desmarcar a reunião que tinha agendado... -
Assim que deixei o hospital liguei para Carol. Ela parecia bem, de qualquer modo achei mais prudente ir buscá-la, contudo quando ela entrou no carro eu não disse nada sobre Ricardo, apenas perguntei: - Então, como foi o passeio? - Foi bom, fiz até umas comprinhas, mas não se preocupe porque não surtei, nem tão pouco detonei seu cartão de crédito. Ela comentou sorrindo ao fazer referência ao fato de eu ter lhe dado meu cartão para usar, tentei sorrir também, mas não consegui, afinal a história de Ricardo não me permitia, ainda assim sabia que abordar o assunto no carro era inadequado e fazendo um esforço imenso eu fui para minha casa com Carol, contudo ao entrarmos não dei chance da minha namorada dizer nada porque falei: - Carol, eu preciso conversar com você. O leve sorriso no seu rosto se d
Carol permaneceu na minha casa, contudo não falamos mais sobre os exames médicos, afinal não queria preocupá-la, porém, de madrugada, acordei sobressaltado, olhei de lado e vi Carol dormindo. Então me levantei com cuidado para não a acordar e fui para a sala. Fiquei sentado no sofá, no escuro, tentando assimilar os fatos. Estava tão perdido com tudo que não sabia o que fazer. Pensei mais uma vez na possibilidade de um dos exames de Carol dar positivo. O que nós faríamos se isso acontecesse? Buscar os tratamentos adequados seria o bastante para propiciar a Carol uma vida com qualidade? Ela se sentiria minimamente bem mesmo que o tratamento desse resultado? E como ficaria o estado emocional dela? Ela se sentiria estigmatizada se tivesse sido contaminada por um vírus letal como o HIV? Lembrei do amigo que tive na faculdade, que se contaminou por fazer sexo sem proteção
Apesar das poucas horas de sono, levantei-me cedo, pois tinha uma reunião agendada no grupo Bastos. Fiz de tudo para convencer Carol a me acompanhar porque não queria deixá-la sozinha, afinal ainda não tinha contratado um guarda-costas e além do mais Carol estava visivelmente triste. No entanto ela se recusou a ir comigo e jurou que ficaria bem. Cheguei ao ponto de dizer que remarcaria a reunião, mas ao me ouvir Carol protestou e quase brigou comigo. - Alexandre, já disse que você pode ir. Eu vou ficar bem, além do mais a dona Isolda está aqui e é muito simpática, portanto se me sentir triste posso conversar com ela, tenho certeza que conseguirei me distrair com o bate papo descontraído da sua empregada. Soltei um suspiro antes de dizer: - Ok, eu vou, mas quero que prometa que vai telefonar se acontecer qualquer coisa, por mais banal que seja, se ficar
Não contei a Carol sobre a traição do meu pai por um único motivo, não queria aborrecê-la ainda mais, afinal quando voltei para casa na quarta à noite Carol estava triste, mesmo que me dissesse o contrário eu via nos seus olhos sua angústia pelo que tinha vivido e pelo que ainda poderia passar caso um dos exames médicos desse positivo, por isso omiti o fato e me limitei a inventar uma forte dor de cabeça para justificar minha ausência na missa do meu pai. Carol não me condenou por isso, apenas permaneceu comigo e sua presença me ajudou um pouco a amenizar a decepção que eu sentia. De qualquer modo a vida tinha que seguir em frente, por isso na manhã de quinta-feira fui até meu escritório para ver como estavam as coisas. Mais uma vez Carol não quis me acompanhar e me pediu para levá-la até seu apartamento porque queria c
Depois de quase uma hora eu consegui deixar meu escritório, porém não permaneci lá para trabalhar, simplesmente não tinha cabeça para isso, só fiquei na minha sala tentando assimilar a situação, afinal ainda era difícil acreditar em tudo. De qualquer modo, as coisas eram reais e eu precisava enfrentá-las, por mais doloroso que fosse era necessário ser forte, até porque tinha que cuidar de Carol, protegê-la contra qualquer situação ou pessoa e apoia-la quando fosse pegar os resultados dos exames. Então deixei meu escritório e segui para o Brooklin e ao encontrar Carol me senti ainda pior, porque ela estava visivelmente triste e eu tinha absoluta certeza que havia chorado. Os motivos só podiam ser o stress vivido e a angústia pelos exames, contudo eu não consegui dizer nada, a única coisa que fiz foi abraçá
Só consegui contato com o detetive quase oito da noite, estava aflito e por causa disso reclamei. - Caramba seu Rodolfo, já liguei várias vezes para o senhor! Por que não respondeu as minhas chamadas? - Meu celular não estava funcionando, desculpe, no entanto eu ia ligar para você de qualquer maneira porque tenho uma notícia que pode tranquilizá-lo. - O que é? - Eu localizei o suposto sequestrador. - Mesmo?! E onde ele está? - No cemitério. - Como? - O homem morreu, pelo menos um sujeito chamado Clorisvaldo Silva foi morto pela polícia no sábado de manhã após assaltar um posto de combustíveis em Jundiaí. Eu investiguei a ficha do cara e pelo histórico de bandidagem é provável que seja o homem que sequestrou sua namorada, de qualq
Abri os olhos ainda com sono, por isso me virei de lado para dormir mais um pouco, contudo ao ver a cama vazia despertei e chamei por Carol. - Amor? Sentei-me na cama e olhei em direção ao banheiro, no entanto não vi Carol. Procurei pelo celular e ao ver as horas me indaguei se minha namorada tinha levantado tão cedo, afinal não eram nem oito da manhã. De qualquer maneira decidi levantar também e procura-la. Fui até a cozinha chamando por Carol, mas não obtive resposta. - Onde ela está? Novamente me questionei, mas ao ouvir o barulho da porta da sala fui até lá. - Carol, onde... - Bom dia seu Alexandre, levantou cedo, heim? - Ah... bom dia dona Isolda, achei que fosse a Carol, ela está lá fora? - Não, pelo menos não está no jardi