Fiquei de pegar alguns exames para que minha mãe levasse para um dos médicos do meu irmão que foi parar em outro lugar, mas quando estou entrando distraído no hospital, acabo esbarrando em alguém de forma inesperada. E adivinha em quem eu acabo esbarrando? Marcela! Que droga! Não sei o que fiz para sempre me encontrar com essa mulher. Parece que virou meu carma! A cidade não é tão pequena assim. Quando ela percebe que sou eu, se aproxima rapidamente do Alexandre. Ah, não, até o Alexandre agora passou a ser o guarda-costas dela. Olho para ele, que sem rodeios, a abraça de forma protetora. Mas espere, a Marcela está diferente, parece que andou ganhando peso, e olho para sua barriga. Não pode ser?!? Não…Será???Alexandre começa a falar assim que percebe onde meus olhos estão: “Urias, você por aqui, homem?”E me dou conta de que não estamos tão sozinhos.“Oi, Alexandre”, respondo sem muita alegria ou entusiasmo.Marcela, não fiz nada!“Espero que não esteja doente”, fala Ale
Hugo continua estranho, alguma coisa está incomodando-o, fica muito evidente, mas sempre faço de conta que não percebo. Não estou pronto para enfrentar o que quer que ele tenha a dizer. Ouvir sobre sua filha e como o tornou avô, sei lá, essa situação é estranha, não estou na vibe desse tipo de conversa. Prefiro manter minha distância e observar de longe, como se estivesse assistindo a um drama familiar se desenrolar diante dos meus olhos, mas sem minha participação. No fundo, sei que eventualmente terei que enfrentar essa situação. Mas por enquanto, prefiro manter minha posição de observador distante, esperando o momento certo para tomar uma decisão sobre como lidar com tudo isso.Marcela ainda povoa, não apenas meus pensamentos, mas meu coração!Ela abriu uma porta que há muito eu mantinha fechada. Desde aquele fatídico dia, quando tudo mudou, resolvi não me relacionar com ninguém. Minha vida se foi naquele momento e me tornei apenas uma casca do que eu fui algum dia.Mesmo as
Alexandre, sempre atento, perguntou: "E depois disso, Hugo, quais serão os próximos passos?""Ícaro passará por um tratamento intensivo de quimioterapia e, possivelmente, radioterapia. Esse processo é crucial para preparar o corpo dele para receber as novas células da medula", elucidou meu pai."Isso parece ser bastante desgastante para o paciente, não é?", ponderou Alexandre."É um tratamento intenso, sem dúvida. No entanto, é a nossa melhor chance de curar essa doença e evitar a rejeição do enxerto, da implantação da medula", explicou meu pai.Syrah acrescentou com carinho: "Apesar dos desafios, estamos confiantes de que será o caminho para a recuperação do Ícaro"A conversa seguiu com a explicação de que as células da medula seriam introduzidas no paciente por meio de uma veia, como uma transfusão de sangue. "Posteriormente, essas células transplantadas encontrarão seu lugar na medula óssea de Ícaro e começarão a produzir novas células sanguíneas", concluiu Syrah, olhando para m
Meus dias têm sido tranquilos, sem muitas novidades. Ainda estou evitando meu irmão, optando por nos comunicarmos por vídeo chamada. Com tantos casos de gripe sendo noticiados, tenho usado isso como desculpa para manter a distância. Erika tem percebido que algo está diferente comigo. No entanto, ela é muito próxima do meu irmão e, se a conheço bem, provavelmente mencionará minha gravidez na primeira oportunidade que tiverem para conversar. Não quero correr esse risco.Espero que ela compreenda o motivo pelo qual escolhi não compartilhar essa informação ainda. Não quero que mais ninguém fique chateado comigo.Tempos depois…Estou em casa, aproveitando o dia para descansar. A gravidez tem sido uma jornada intensa. Desenvolvi a síndrome do túnel do carpo e minha mão direita começou a inchar. Meu obstetra me tranquilizou, explicando que isso é comum na gravidez e sugeriu algumas sessões de fisioterapia para aliviar o desconforto.Mas, sinceramente, o que eu realmente preciso é de
“Espero que não tenha marcado um novo encontro e agora você se fantasiando de Tiazinha e rebolando para ele”“Que raios é ‘Tiazinha’, Erika?”Ela começa a rir.“Amiga, era uma assistente de palco de um programa de TV antigo que usava máscara e chicote, tipo aquelas mulheres dominatrix do BDSM, sabe?”“Tá louca! Eu me fantasiando de dominatrix para um estranho? Nem pensar!!!”“Ahh, eu já me vesti de professora para um cara uma vez”“Você o quê?” E arregalo meus olhos para minha amiga, desacreditando no que acabara de ouvir. “Ah, Marcela, ele pediu com tanto carinho que entrei na brincadeira; era nossa primeira vez e achei que poderia. Mas quebrei a cara!”“Por quê? Ele não gostou da fantasia?”“Que nada! O amigo dele era menor que meu dedo mindinho”“O amigo dele era menor… que seu dedo mindinho?”Ela cai na risada de novo.E dessa vez foi impossível, a gargalhada me alcançou. Cheguei às lágrimas imaginando minha amiga fantasiada de professora e o amigo do cara ser menor que o giz d
Enfim, visualizo uma vida familiar como todas as famílias merecem ter, inclusive a minha. Acredito que situações difíceis nos alcançam para provocar um renovo, eliminando coisas danificadas e quebradas de nossas vidas, como folhas secas de uma árvore. Elas nos dão os chacoalhões necessários para o crescimento. Logo, os brotos novos começam a surgir, trazendo o melhor para nós. É assim que prefiro encarar esses momentos que estamos passando. Todos nós enfrentamos desafios, mas logo veremos nossos novos brotos surgirem, cheios de esperança do melhor de Deus para todos nós.Estou parada diante da imponente fachada da empresa dos Martelli, aguardando a chegada do meu pai. Ele insistiu para eu ir com ele para ver o berço que acabou de encomendar e gostaria que eu desse uma olhada para verificar se são necessárias algumas modificações. Pensando sobre a futura chegada do bebê, decidi que não irei montar um quarto exclusivo para ele ou ela. Nos últimos tempos, minha casa tem sido um ver
Meu pai olha para ele, surpreso: "Mas você está apertado também?""Não, mas vou para esticar as pernas", responde Urias, como se estivéssemos viajando de carro há horas e não apenas há um pouco mais de quinze minutos."Não, você fica aqui com a Marcela, que eu já volto", decide meu pai, saindo apressadamente e nos deixando sozinhos no carro.Posso esfolar a cara do meu pai? Se fosse outra pessoa, eu iria dar tanto nele, nossa que ódio! Ele sabe da minha animosidade com Urias e me faz isso. Já deixei bem claro que não quero nada do Urias, falei para ele e para a Syrah. Na minha cabeça, meu brotinho só terá mãe e ficaremos bem. Não precisamos de alguém desagradável em nossas vidas. Eu juro, se meu pai aprontar mais uma dessas, eu acabo com ele.“Acho impressionante como você respeita seu pai”, de repente ouço Urias falar.Mas fico quieta, não estou em um bom momento para conversas vazias. Ele percebe que não irei responder e continua:“Ele inventa uma carona, não sei como qual p
Escolhemos um berço lindo que servirá até como uma mini cama conforme ele ou ela for crescendo. Meu pai queria comprar outras coisas, mas achei melhor apenas o berço. Já desocupei uma cômoda onde estamos colocando as roupinhas que Rosália faz questão de cuidar. Syrah comprou roupa de cama para o berço, e papai já foi montando assim que o berço chegou. A vovó do meu brotinho me ajudou a montar as coisinhas no berço. Agora sim, parece que minha ficha está caindo. Escolhi um papel de parede unissex, que lembra uma revoada de pássaros no céu clarinho. As almofadas do berço são em tons pasteis, entre o azul, amarelo e verde. A luminária é em formato de um tronco de árvore. Meu pai colocou o mobile no centro do berço. Ele mandou fazer, são vários cachinhos de uva entre bichinhos da floresta, uma graça!Meu pai me disse que era importante para o herdeiro já se acostumar com a paixão da nossa família. Isso me emocionou, pois vi meu pai e a avó do meu brotinho emocionados. Sei que a