Meus dias têm sido tranquilos, sem muitas novidades. Ainda estou evitando meu irmão, optando por nos comunicarmos por vídeo chamada. Com tantos casos de gripe sendo noticiados, tenho usado isso como desculpa para manter a distância. Erika tem percebido que algo está diferente comigo. No entanto, ela é muito próxima do meu irmão e, se a conheço bem, provavelmente mencionará minha gravidez na primeira oportunidade que tiverem para conversar. Não quero correr esse risco.Espero que ela compreenda o motivo pelo qual escolhi não compartilhar essa informação ainda. Não quero que mais ninguém fique chateado comigo.Tempos depois…Estou em casa, aproveitando o dia para descansar. A gravidez tem sido uma jornada intensa. Desenvolvi a síndrome do túnel do carpo e minha mão direita começou a inchar. Meu obstetra me tranquilizou, explicando que isso é comum na gravidez e sugeriu algumas sessões de fisioterapia para aliviar o desconforto.Mas, sinceramente, o que eu realmente preciso é de
“Espero que não tenha marcado um novo encontro e agora você se fantasiando de Tiazinha e rebolando para ele”“Que raios é ‘Tiazinha’, Erika?”Ela começa a rir.“Amiga, era uma assistente de palco de um programa de TV antigo que usava máscara e chicote, tipo aquelas mulheres dominatrix do BDSM, sabe?”“Tá louca! Eu me fantasiando de dominatrix para um estranho? Nem pensar!!!”“Ahh, eu já me vesti de professora para um cara uma vez”“Você o quê?” E arregalo meus olhos para minha amiga, desacreditando no que acabara de ouvir. “Ah, Marcela, ele pediu com tanto carinho que entrei na brincadeira; era nossa primeira vez e achei que poderia. Mas quebrei a cara!”“Por quê? Ele não gostou da fantasia?”“Que nada! O amigo dele era menor que meu dedo mindinho”“O amigo dele era menor… que seu dedo mindinho?”Ela cai na risada de novo.E dessa vez foi impossível, a gargalhada me alcançou. Cheguei às lágrimas imaginando minha amiga fantasiada de professora e o amigo do cara ser menor que o giz d
Enfim, visualizo uma vida familiar como todas as famílias merecem ter, inclusive a minha. Acredito que situações difíceis nos alcançam para provocar um renovo, eliminando coisas danificadas e quebradas de nossas vidas, como folhas secas de uma árvore. Elas nos dão os chacoalhões necessários para o crescimento. Logo, os brotos novos começam a surgir, trazendo o melhor para nós. É assim que prefiro encarar esses momentos que estamos passando. Todos nós enfrentamos desafios, mas logo veremos nossos novos brotos surgirem, cheios de esperança do melhor de Deus para todos nós.Estou parada diante da imponente fachada da empresa dos Martelli, aguardando a chegada do meu pai. Ele insistiu para eu ir com ele para ver o berço que acabou de encomendar e gostaria que eu desse uma olhada para verificar se são necessárias algumas modificações. Pensando sobre a futura chegada do bebê, decidi que não irei montar um quarto exclusivo para ele ou ela. Nos últimos tempos, minha casa tem sido um ver
Meu pai olha para ele, surpreso: "Mas você está apertado também?""Não, mas vou para esticar as pernas", responde Urias, como se estivéssemos viajando de carro há horas e não apenas há um pouco mais de quinze minutos."Não, você fica aqui com a Marcela, que eu já volto", decide meu pai, saindo apressadamente e nos deixando sozinhos no carro.Posso esfolar a cara do meu pai? Se fosse outra pessoa, eu iria dar tanto nele, nossa que ódio! Ele sabe da minha animosidade com Urias e me faz isso. Já deixei bem claro que não quero nada do Urias, falei para ele e para a Syrah. Na minha cabeça, meu brotinho só terá mãe e ficaremos bem. Não precisamos de alguém desagradável em nossas vidas. Eu juro, se meu pai aprontar mais uma dessas, eu acabo com ele.“Acho impressionante como você respeita seu pai”, de repente ouço Urias falar.Mas fico quieta, não estou em um bom momento para conversas vazias. Ele percebe que não irei responder e continua:“Ele inventa uma carona, não sei como qual p
Escolhemos um berço lindo que servirá até como uma mini cama conforme ele ou ela for crescendo. Meu pai queria comprar outras coisas, mas achei melhor apenas o berço. Já desocupei uma cômoda onde estamos colocando as roupinhas que Rosália faz questão de cuidar. Syrah comprou roupa de cama para o berço, e papai já foi montando assim que o berço chegou. A vovó do meu brotinho me ajudou a montar as coisinhas no berço. Agora sim, parece que minha ficha está caindo. Escolhi um papel de parede unissex, que lembra uma revoada de pássaros no céu clarinho. As almofadas do berço são em tons pasteis, entre o azul, amarelo e verde. A luminária é em formato de um tronco de árvore. Meu pai colocou o mobile no centro do berço. Ele mandou fazer, são vários cachinhos de uva entre bichinhos da floresta, uma graça!Meu pai me disse que era importante para o herdeiro já se acostumar com a paixão da nossa família. Isso me emocionou, pois vi meu pai e a avó do meu brotinho emocionados. Sei que a
A atmosfera do hospital era sempre densa, impregnada com o aroma de antissépticos e a palpável tensão que envolve as enfermarias. No entanto, naquele dia, eu sentia um misto de esperança e nervosismo ao adentrar aquele ambiente. O propósito da minha visita era tão gigante que parecia preencher cada canto do espaço com uma expectativa silenciosa.Respirei fundo e avancei pelos corredores familiares, guiada pela memória e pelo coração. Cheguei ao quarto de Ícaro e parei por um momento para reunir coragem. Minha mão tremia ao tocar a maçaneta, e, antes que pudesse pensar duas vezes, empurrei a porta.Ao vê-lo, uma onda de alívio e alegria me invadiu. Seus olhos, apesar do cansaço, brilhavam com a luz da recuperação. “Marcela, que saudade, maninha!” Sua voz era fraca, mas o calor humano era inegável.Sem hesitar, aproximei-me para abraçá-lo, sentindo o conforto do seu corpo familiar. No entanto, ao sentir a diferença em minha forma, seus olhos se arregalaram em confusão.“Mas esper
E nos abraçamos rindo da brincadeira que ele fez.Nem havia percebido que Urias havia chegado com eles. Por essa eu não esperava.“Olá Urias”, falo educadamente.Ele apenas acena com a cabeça, mantendo seu olhar em minha barriga. Todos notam seu interesse e meu pai sai falando para quebrar o clima. “Meus amores vou subir e tomar um banho. Ícaro seu quarto está do mesmo jeitinho que você deixou filho. Fique à vontade. Urias, se precisar usar o quarto de hóspedes, já sabe. Voltou em poucos minutos”E dizendo isso meu pai sobe as escadas para os quartos.“Vem Ícaro, vou te ajudar com essas malas”, diz Syrah caminhando para o quarto do meu irmão. E eu volto para a cozinha, deixando Urias sozinho na sala. O que? Achou que eu fosse fazer sala para ele? Mas não mesmo, prefiro encarar a bacia de cebola que me aguarda, do que ficar ali, feito um enfeite na sala, pois Urias é incapaz de ser sociável. Nosso jantar foi perfeito! Ícaro amou poder comer um pouco de tudo que ama comer. Ros
Sinto algo acariciar suavemente meu rosto, um toque leve, mas inconfundível. Reconheço o aroma que me envolve e sei que é Urias. Mantenho meus olhos fechados, fingindo estar adormecida, enquanto percebo sua presença e o calor de seu olhar sobre mim. A sensação é reconfortante e, ao mesmo tempo, faz com que eu involuntariamente aperte minhas pernas contra mim. Urias tem um poder sobre mim que não sei explicar, parece que meu corpo se rende a sua presença numa facilidade, nunca vivi isso com outra pessoa. Sinto sua mão deslizar pelo ar acima de mim, uma carícia quase mágica que não chega a me tocar fisicamente, mas de alguma forma, sinto seu calor. A mão dele desliza até pousar suavemente sobre minha barriga, que se inclina levemente para o lado."Era para você ser meu. Era para sermos uma família!", sussurra Urias para minha barriga. "Mas eu não sirvo para ser parte de uma família, pois fui quebrado em muitos pedaços há muito tempo", diz em meio a tristeza. Urias parece mais tr