“Obrigado Deus!” e senti meu coração pela primeira vez nessas horas, sentir paz e conforto.Diante do desconhecido que se estende diante de mim, sinto-me perdido e incapaz de vislumbrar o que o futuro me reserva. Minha alma estava mergulhada na mais intensa dor que já experimentei em anos, e a incerteza do que virá a seguir me assombra.Amar Marcela é uma parte essencial de quem sou, mas agora confronto com a realidade de que o bebê que ela acabará de ter, pertence a outra pessoa. Esta situação desafia todos os meus conceitos e expectativas, deixando-me completamente sem rumo.Apesar de tudo, encontro um raio de esperança em meio à escuridão: a gratidão por Deus ter preservado a vida de Marcela e seu bebê. Este é um lembrete poderoso de que, mesmo nos momentos mais sombrios, há uma luz que nos guia e nos sustenta.Acabei deixando a sala para ir ao banheiro, e quando estou voltando, me encontro com o médico responsável pela Marcela.Seu semblante sério e o tom grave de sua voz indic
Ao deixar a UTI, percebi que algo mudou dentro de mim. Não sei explicar exatamente o que é, mas sinto como se tivesse encontrado um propósito maior na vida. Esse momento com o botãozinho foi como um despertar para uma nova realidade, uma que eu nunca imaginei viver.Enquanto segurava aquela pequena vida em meus braços, senti algo dentro de mim se transformar, como se uma chama adormecida tivesse sido reacendida.Não estava preparado para esse turbilhão de emoções, mas agora percebo que cada passo do caminho, cada desafio e obstáculo que enfrentei, levou-me a este momento. Parece que Deus, em sua infinita sabedoria, já havia planejado esse encontro muito antes de eu sequer imaginar.Segurar a princesinha pela primeira vez foi mais do que um simples encontro; foi uma revelação, uma confirmação de que a vida é cheia de surpresas e milagres. Eu estava ali, testemunhando o milagre da vida em sua forma mais pura, e isso mudou algo fundamental dentro de mim.Agora, olhando para trás, vej
“Se eu não fosse um covarde de merda, poderia ter tido a chance de viver algo incrível com você. Mas fui um baita babaca, isso sim! Deixei meu maldito passado levar vantagem sobre mim e sufoquei meu coração. Mas a verdade é que eu sou completamente apaixonado por você! Quando te vi pela primeira vez, seu sorriso alcançou algo em mim e como fui besta! Ao invés de aproveitar a chance que possivelmente Deus estava me dando, eu joguei fora! Fui um ser desprezível! Tratei você como não merecia. Falei tanta coisa desagradável para você… Me desculpa! Sei que não mereço perdão pela forma que te tratei tantas vezes. Mas se você conseguir achar espaço para me deixar ao menos de vez em quando ver sua filha e estar perto de vocês, serei o homem mais feliz do mundo”, confesso, sentindo um sorriso bobo surgir em mim. “Marcela, a pequena é linda demais! Perfeita! Está bem, dentro do possível. A doutora acha que não precisará de muitos cuidados. Olha, não fique brava, mas a enfermeira me deixou pegá
Passo a mão e não sinto nada!Passo a mão de novo e nada!Meu Deus não! Meu pai do céu, isso não, isso não meu Deus. Não pode ser! Deus…E a moça percebe que estou tendo outra crise de pânico.“Marcela olhe para mim, está tudo bem. Tenta se controlar, porque se não conseguir terei que seda-la. Olha para mim, respira assim. Vamos lá…” E ela sai me ajudando com a respiração.Respirando comigo várias e várias vezes. Aquilo vai me ajudando a controlar, ao menos, a respiração. Meus Deus, onde está meu brotinho?!?É a única coisa que consigo pensar."Onde… onde… meu…” Tento falar mas minha voz está embargada.Respiro fundo, preciso saber onde ele está.A enfermeira percebe minha aflição e tenta me acalmar, orientando-me a respirar profundamente. Mas a incerteza e a angústia são avassaladoras. Onde está meu brotinho?As lágrimas começam a cair com o medo que me percorre."O brotinho... Como está meu brotinho?", finalmente consegui articular, minha voz fraca e trêmula.A enfermeira R
Estranho, nenhum deles mencionou Urias, mas eu sabia que ele devia estar por perto. Sentia sua presença, como se estivesse comigo o tempo todo. Não consigo explicar, mas tenho certeza de que ele não me deixou sozinha nem por um minuto sequer.Isso me fez abrir a gaveta onde havia trancado minhas lembranças do Urias, prometendo a mim mesma que não permitiria que ele voltasse à minha vida. Mas agora, diante da sua presença persistente, tudo isso parece desmoronar. Não sei explicar, mas senti seu desespero, sua urgência em me ajudar, me socorrer, me tirar de dentro do carro. Tudo havia acontecido tão rápido, e minha percepção estava totalmente voltada para ele.Lembro de ouvir sua voz falando sobre minha filha, elogiando sua beleza, até mesmo dizendo que teve a alegria de pegar ela no colo. Mas será que tudo isso foi uma alucinação? Um sonho talvez? Ou um delírio? Já ouvi casos que a pessoa fantasia quando está em um momento trágico como esse que estou passando. Por mais real
Rose me ajuda a sentar, e então ela coloca minha pequena no meu colo.Meu Deus, como ela é linda!Eu já sabia, porque todos falaram isso para mim. Mas ela é ainda mais do que eu imaginava. Cheguei a ver algumas fotos que meu pai e meu irmão tiraram dela, mas estar aqui agora, segurando-a nos meus braços, é mil vezes melhor.Urias está nos olhando, tranquilo como nunca o vi antes. Ele senta ao nosso lado, e ficamos os três em um silêncio reconfortante. Enfermeira Rose sai do quarto, e eu me vejo incapaz de dizer qualquer coisa.Nem em meus melhores sonhos, eu esperava estar aqui, com minha filha e seu pai, mesmo ele não sabendo que é o pai dela. A delicadeza com a qual ele está lidando com tudo isso é incrível. Vejo como ele está emocionado e feliz, assim como eu.Ficamos ali, os três, observando os detalhes da nossa pequena.E então, sei exatamente como chamá-la.“Meu amor, você é tão perfeita. Tão incrível! Tão especial… Seu nome sempre nos fará lembrar da sua preciosidade… Voc
Enquanto eu pegava os pratos na cozinha, percebi Urias entrando na sala de jantar, acompanhado de perto por sua "amiga". Puxa, por essa eu não esperava!Desde aquele dia que me visitou no hospital não o vi mais.E ver ele acompanhado, mexe comigo. Meu coração afunda ao vê-los juntos, e a mistura de ciúmes e ressentimento borbulha dentro de mim. "O que ela está fazendo aqui?", sussurro para mim mesma, mal conseguindo conter a raiva em minha voz. Papai disse que seria um almoço só entre nós, e ele traz essa menina junto. Droga!Vi Urias se aproximando, possivelmente querendo me cumprimentar, mas eu mal conseguia forçar um sorriso, quem dirá dizer: Oi, como vai?, isso já era demais para mim. Meus olhos faiscavam de indignação, enquanto lutava para manter minhas emoções sob controle.Graças a Deus, nosso irmão apareceu e o arrastou para o quintal, onde papai cuidava da churrasqueira. Ufaaaa! Mas acho que esse será um dia daqueles!Enquanto o almoço prosseguia, a tensão entre mim
“Então, vai, fala… o que aconteceu lá atrás que você não consegue encarar seu hoje?”, desafiei, minhas próprias emoções à flor da pele enquanto observava Urias travar uma batalha interna diante de mim.Vejo Urias sentir cada golpe que minhas palavras dão nele. Seus olhos revelam uma mistura de dor, culpa e angústia enquanto ele luta para encontrar uma resposta que não parece vir.Ele passa suas mãos por seu cabelo, na busca de encontrar seu autocontrole, mas sua respiração pesada e o tremor em suas mãos denunciam a agonia que ele tenta esconder.“Ok, Urias! Abrace seu passado e fique com ele. Nunca conseguiremos ser nada, além de dois conhecidos”, despejei minhas palavras com uma mistura de amargura e tristeza, a dor queimando em meu peito.“Espere, Marcela, não é fácil para mim…”, ele tenta argumentar, mas minhas palavras cortantes o interromperam.“Chega, agora sou eu que te falo… vá viver sua vida e me esqueça! Por mais que tenhamos sentimentos um pelo outro, você prefere seguir ca