POV LinneaAs palavras do ancião me fizeram sentir uma grande pressão. Aquela era uma grande responsabilidade, algo para o qual eu acreditava que jamais estaria pronta. Sem contar que eu não me sentia digna de tamanha benção. Não conhecia as lendas e os costumes dos filhos da lua, mas entre os filhos de Nix, ser escolhida pela deusa como sua representante era a maior honra entre as jovens. Antes da joia despertar em meus olhos, eu via aquelas meninas caminhando pela vila, orgulhosas em seus trajes cerimoniais, e sonhava em ser como elas. Porém, a deusa tinha outros planos.As dúvidas se acumulavam na minha cabeça, assim como o medo de falhar e decepcionar a todos. Mordi o lábio inferior com força, tentando pensar em como contar ao Kael tudo o que estava acontecendo e o que ainda estava por vir. Eu não tinha mais o poder de ver o futuro e mudá-lo, não fazia ideia se a minha existência poderia mesmo salvar a todos como o ancião dizia, mas eu também não podia apenas me esconder como eu
POV KaelAquela pequena trapaceira, aparecendo na minha porta tarde da noite usando nada além daquela maldita camisola fina. O tecido abraçava suas curvas, as finas alças repousavam sobre seus ombros. Aquilo era tão delicado que bastava passar minhas garras pelo tecido que se desmancharia em finas tiras no chão, expondo aquele peque corpo de pele suculenta e macia.Eu deveria tê-la mandado embora assim que senti seu cheiro, mas achei divertido sentir seu nervosismo e quis ver até onde Linnea seria capaz de ir. Ver sua sombra pela brecha da porta, indo de um lado para o outro me fez sorrir, mas eu não era conhecido por ser um lobo paciente. Ao abrir a porta e dar de cara com seus grandes olhos de esmeraldas, a vontade de apenas a provocar um pouco desapareceu e a vontade de tomá-la em meus braços surgiu.Bastaram poucas palavras, enquanto ela falava com uma voz suave e baixa, segurando seus cabelos agora curtos e sua face corava, meu corpo reagiu, envolvendo sua cintura e a trazendo pa
POV LinneaVoltei para o quarto com uma tempestade de emoções. Pela primeira vez eu não estava chorando por medo ou tristeza, mas por raiva e frustração. Sentei encostada a porta e limpei meu rosto, respirando profundamente várias vezes até conseguir me acalmar. Meu coração estava acelerado, achei que Kael fosse tentar me beijar, ou até mesmo me tocar. Mas afinal, o que eu estava pensando que aconteceria? O que eu queria que acontecesse? A sensação da pele quente de Kael ainda formigava em meus dedos, a maciez dos pelos de seu peito, a vibração causada pelos rosnados baixos na palma da minha mão. Quando ele se afastou a primeira vez, achei que poderia estar apenas cansado, ou se sentindo mal, mas quando ele me lançou na cama, eu acreditai que havia chamado a sua atenção.― O que foi aquilo afinal? O Kael me deixa confusa. ― Olhei para minhas mãos, desejando ter estado mais tempo com Kael. ― Ele parecia querer estar comigo, mas me afastou mesmo assim. E aquilo que ele disse, sobre eu
POV LinneaAs meninas me levaram para a cozinha. Todos nos olharam com um misto de curiosidade e desagrado, olhares com os quais eu estava muito acostumada. Patricia tomou a frente enquanto Rute se manteve ao meu lado.― Viemos fazer um pedido especial para o jantar. ― Patricia falou animada, mas a expressão do chefe da cozinha não a acompanhava. O robusto homem rosnou na direção da mulher que, perto dele, era minúscula.― É melhor darem meia volta, antes que eu decida colocá-las no forno e servir para os ômegas. ― Rute rosnou ao meu lado, mas Patricia manteve seu sorriso.― Acredito então que dirá ao ancião que se recusou a seguir suas ordens e ainda por cima, está ameaçando a protegida do nosso alfa.Toda a cozinha parou. O ambiente ficou tenso e o chefe ficou pálido, sua testa começou a suar e ele olhou para seus subordinados, que apenas baixaram suas cabeças. Com um rosnado de claro desgosto, ele deu um passo para trás, aceitando nossa presença naquele lugar.― Digam logo o que qu
POV LinneaPensei por um momento nas palavras de Kael. Tentar estar juntos, tentar me lembrar da nossa relação, tentar compreendê-lo melhor e tentar ficar mais próxima dele. Eu desejava todas essas coisas, mas não fazia ideia de como poderia fazê-las até aquele momento. Kael estava abrindo uma pequena porta para mim, me permitindo chegar mais perto dele e eu não podia deixar aquela chance passar. Concordei movendo minha cabeça com animação, o que o fez rir novamente. Kael apoiou seu cotovelo sobre a mesa e então seu queixo na mão, me olhando com atenção.― Isso vai ser muito divertido. ― Sua mão em meu pescoço apertou um pouco mais. ― Mas terá de ser paciente comigo. Não sou conhecido por ser gentil com as pessoas, minha pequena.― Eu entendo e peço que tenha paciência comigo também. Quero criar novas memórias ao seu lado, mas vou entender se for frustrante ficar ao meu lado.― Faremos o seguinte. ― Kael aproximou seu rosto um pouco mais, seus olhos indo até os meus lábios. ― Vamos de
POV LinneaUma tosse alta interrompeu o momento que Kael e eu estávamos tendo e percebi que sua atenção foi tirada de mim, mas não me atrevi a dizer nada. Kael e eu não tínhamos qualquer tipo de relação, eu não tinha o direito de exigir nada dele.― Lin, querida. ― Fiora se aproximou, se agarrando ao braço de Kael. ― Parece pálida. Uma mulher nas suas condições deveria estar descansando. Ficarei para fazer companhia ao Kael, é claro. Afinal, somos amigos há tantos anos e… ― Antes que ela terminasse, Kael puxou seu braço e a agarrou pelos cabelos, fazendo Fiora gritar de dor.― Já te falei, bruxa. Dei a oportunidade para que fosse embora, mas insiste nessa palhaçada inútil. ― Kael aproximou seu rosto do pescoço de Fiora farejando e emitindo um rosnado de repulsa. ― Seu cheiro me dá nojo. ― Ele então a jogou na direção de dois homens que apareceram na porta. ― Joguem esse lixo fora e se ela voltar a aparecer na minha frente, executarei todos.Com um aceno firme, os homens agarraram os b
POV KaelOlhei furioso para Carter. Linnea estava mais acessível, disposta a se entregar mais uma vez para mim. O perfume de seu desejo ainda era forte, o que só me deixava mais irritado por Carter estar ali. Sai da sala, indo até o escritório. Pude ouvir no andar de cima a porta do quarto de Linnea se fechar e precisei me conter para não ir até lá.― Acho bom ser algo importante, beta. ― Disse abrindo a porta do escritório com tanta força que a madeira soltou das dobradiças e ficou pendurada.― Sinto muito ter interrompido, meu alfa. ― Outro lobo entrou, tremendo ao ver o estado da porta, e entregou uma pasta para o meu beta, que prontamente me ofereceu. ― Parece que Gideon tem se movido sem nenhum cuidado pelo nosso território nos últimos dias, quando o alfa estava longe.Rosnei batendo com minha mão na mesa com força. Alaric estava mesmo disposto a iniciar uma guerra contra mim, mesmo que não tivesse mais uma alcateia para liderar. Alguém estava ao seu lado e eu tinha as minhas sus
POV LinneaPassei o dia no meu quarto, tentando não atrapalhar o trabalho de todos, especialmente do Kael. Patricia e Rute tentaram me levar para a cidade, ver as lojas ou mesmo ir até São Francisco ver lojas de bebês. Até pensei em ir, mas poderia deixar Kael preocupado e irritado. Também não queria andar por ai cercada de pessoas para me proteger, não gostava de chamar atenção e não estava acostumada a ser tratada daquela forma. Preferia ficar em silêncio em um lugar que fosse familiar para mim e, aquele quarto, por mais que eu não me lembrasse dele, me fazia sentir protegida, como se eu já tivesse estado ali.O dia passou lentamente. Tentei me manter ocupada lendo alguns livros de Patrícia e Rute me levavam, mas eu não entendia nem a metade do que estava escrito neles. Todos falavam sobre os lobisomens, filhos da lua e da deidade que eles cultuavam. Teve um momento em que me peguei pensando em quando parei de orar a Nix, quando desisti de pedir ajuda e piedade a deusa. Octavius hav