POV Linnea― Qual o problema desse hospital? ― A voz de Kael trovejou pelos corredores, fazendo as luzes piscarem e as paredes vibrarem. ― Os machos não sabem ficar com as mãos longe da minha mulher.Kael era um homem imponente, com um terno preto sob medida, a camisa branca justa em seu peito aberta mostrava a parte de cima de seu peito. Enquanto caminhava com passos firmes, seus dedos deslizaram pelos cabelos negros, os jogando para trás. Parecia que eu o estava vendo pela primeira vez, um homem tão lindo e tão intimidador que fez o meu coração acelerar no instante em que apareceu.― Meu alfa, a senhorita está segura. ― Kael ergueu seu olhar, encontrando os meus.Todo o meu corpo tremeu, um arrepio que começava na ponta dos meus dedos dos pés e ia subindo, até a minha nuca. Uma força estranha parecia me puxar na direção de Kael, como se a minha alma gritasse dentro de mim para que eu estivesse ao lado dele. Coloquei minha mão sobre o peito, sentindo ainda mais meu coração batendo fo
POV LinneaOs olhares na minha direção eram variados. De surpresos a incrédulos, mas o que mais fez meu coração palpitar e doer foi o de Kael, tomado de esperança. Eu queria falar, queria acabar logo com tudo aquilo, mas sentia em meu íntimo que não era o momento. Kael claramente não confiava em mim e eu não fazia ideia do motivo. Será que eu teria feito algo que o levasse a ter essas dúvidas e por isso perdi minhas memórias? Ou Kael tinha uma visão errada de mim? Ainda estava confusa e com medo, tinha tantas perguntas que não sabia ao certo se as respostas que eu buscava seriam realmente as que eu desejava escutar.Kael se aproximou de mim, suas mãos em seus bolsos e sua postura firme, mas seus olhos não mentiam. O olhei diretamente, sentindo aquela atração novamente, desejando envolver meus braços ao redor de seu corpo e nunca mais o soltar. Mordi meu lábio inferior e agarrei meus cabelos, tentando desaparecer diante da comoção que eu mesma havia criado.― Diga, quem é. ― A voz firm
POV LinneaCarter e o ancião ainda ficaram algum tempo conversando, ou discutindo. O beta não parecia gostar da ideia de que eu me afastasse, mesmo que fosse com o ancião de sua alcateia. Após alguns minutos, os dois homens se aproximaram, Carter com um olhar preocupado, já o ancião estava relaxado e confiante.― Preste atenção. ― A voz autoritária do beta me surpreendeu. ― Dois lobos estarão de guarda, são de confiança do alfa e serão discretos, mas se eles sentirem qualquer intenção de fuga da sua parte, eles têm permissão para gir. Entendeu? ― Acenei concordando rapidamente. Carter suspirou, olhou mais uma vez para o ancião e saiu.― Muito bem, vamos até a minha casa. Lá poderemos conversar com mais privacidade. ― O homem gentil apoiou a mão em minhas costas, me guiando pelo caminho até uma cabana fora da pequena cidade. Os lobos se mantiveram a uma distância respeitosa durante todo o caminho e quando chegamos, ficaram longe da cabana, mas estava claro que eles estavam atentos a t
POV LinneaAs palavras do ancião me fizeram sentir uma grande pressão. Aquela era uma grande responsabilidade, algo para o qual eu acreditava que jamais estaria pronta. Sem contar que eu não me sentia digna de tamanha benção. Não conhecia as lendas e os costumes dos filhos da lua, mas entre os filhos de Nix, ser escolhida pela deusa como sua representante era a maior honra entre as jovens. Antes da joia despertar em meus olhos, eu via aquelas meninas caminhando pela vila, orgulhosas em seus trajes cerimoniais, e sonhava em ser como elas. Porém, a deusa tinha outros planos.As dúvidas se acumulavam na minha cabeça, assim como o medo de falhar e decepcionar a todos. Mordi o lábio inferior com força, tentando pensar em como contar ao Kael tudo o que estava acontecendo e o que ainda estava por vir. Eu não tinha mais o poder de ver o futuro e mudá-lo, não fazia ideia se a minha existência poderia mesmo salvar a todos como o ancião dizia, mas eu também não podia apenas me esconder como eu
POV KaelAquela pequena trapaceira, aparecendo na minha porta tarde da noite usando nada além daquela maldita camisola fina. O tecido abraçava suas curvas, as finas alças repousavam sobre seus ombros. Aquilo era tão delicado que bastava passar minhas garras pelo tecido que se desmancharia em finas tiras no chão, expondo aquele peque corpo de pele suculenta e macia.Eu deveria tê-la mandado embora assim que senti seu cheiro, mas achei divertido sentir seu nervosismo e quis ver até onde Linnea seria capaz de ir. Ver sua sombra pela brecha da porta, indo de um lado para o outro me fez sorrir, mas eu não era conhecido por ser um lobo paciente. Ao abrir a porta e dar de cara com seus grandes olhos de esmeraldas, a vontade de apenas a provocar um pouco desapareceu e a vontade de tomá-la em meus braços surgiu.Bastaram poucas palavras, enquanto ela falava com uma voz suave e baixa, segurando seus cabelos agora curtos e sua face corava, meu corpo reagiu, envolvendo sua cintura e a trazendo pa
POV LinneaVoltei para o quarto com uma tempestade de emoções. Pela primeira vez eu não estava chorando por medo ou tristeza, mas por raiva e frustração. Sentei encostada a porta e limpei meu rosto, respirando profundamente várias vezes até conseguir me acalmar. Meu coração estava acelerado, achei que Kael fosse tentar me beijar, ou até mesmo me tocar. Mas afinal, o que eu estava pensando que aconteceria? O que eu queria que acontecesse? A sensação da pele quente de Kael ainda formigava em meus dedos, a maciez dos pelos de seu peito, a vibração causada pelos rosnados baixos na palma da minha mão. Quando ele se afastou a primeira vez, achei que poderia estar apenas cansado, ou se sentindo mal, mas quando ele me lançou na cama, eu acreditai que havia chamado a sua atenção.― O que foi aquilo afinal? O Kael me deixa confusa. ― Olhei para minhas mãos, desejando ter estado mais tempo com Kael. ― Ele parecia querer estar comigo, mas me afastou mesmo assim. E aquilo que ele disse, sobre eu
POV LinneaAs meninas me levaram para a cozinha. Todos nos olharam com um misto de curiosidade e desagrado, olhares com os quais eu estava muito acostumada. Patricia tomou a frente enquanto Rute se manteve ao meu lado.― Viemos fazer um pedido especial para o jantar. ― Patricia falou animada, mas a expressão do chefe da cozinha não a acompanhava. O robusto homem rosnou na direção da mulher que, perto dele, era minúscula.― É melhor darem meia volta, antes que eu decida colocá-las no forno e servir para os ômegas. ― Rute rosnou ao meu lado, mas Patricia manteve seu sorriso.― Acredito então que dirá ao ancião que se recusou a seguir suas ordens e ainda por cima, está ameaçando a protegida do nosso alfa.Toda a cozinha parou. O ambiente ficou tenso e o chefe ficou pálido, sua testa começou a suar e ele olhou para seus subordinados, que apenas baixaram suas cabeças. Com um rosnado de claro desgosto, ele deu um passo para trás, aceitando nossa presença naquele lugar.― Digam logo o que qu
POV LinneaPensei por um momento nas palavras de Kael. Tentar estar juntos, tentar me lembrar da nossa relação, tentar compreendê-lo melhor e tentar ficar mais próxima dele. Eu desejava todas essas coisas, mas não fazia ideia de como poderia fazê-las até aquele momento. Kael estava abrindo uma pequena porta para mim, me permitindo chegar mais perto dele e eu não podia deixar aquela chance passar. Concordei movendo minha cabeça com animação, o que o fez rir novamente. Kael apoiou seu cotovelo sobre a mesa e então seu queixo na mão, me olhando com atenção.― Isso vai ser muito divertido. ― Sua mão em meu pescoço apertou um pouco mais. ― Mas terá de ser paciente comigo. Não sou conhecido por ser gentil com as pessoas, minha pequena.― Eu entendo e peço que tenha paciência comigo também. Quero criar novas memórias ao seu lado, mas vou entender se for frustrante ficar ao meu lado.― Faremos o seguinte. ― Kael aproximou seu rosto um pouco mais, seus olhos indo até os meus lábios. ― Vamos de