POV LinneaFiquei sentada no chão, no canto do quarto, esperando que alguém aparecesse para me dizer o que eu deveria fazer, ou se eu apenas deveria ficar ali quieta. Estava me sentindo muito cansada, minha mente ainda confusa com tudo o que estava acontecendo. Batidas na porta me deixaram novamente em alerta. Não respondi, apenas permaneci no meu lugar enquanto uma jovem mulher entrava no quarto com uma grande bandeja. O cheiro da comida fez minha barriga roncar, mas eu me mantive no lugar.― Trouxe o seu café da manhã, senhorita. O beta me informou que você não se alimentou antes de sair do hospital, precisa comer para sua plena recuperação. ― A mulher disse com uma voz gentil. Acenei concordando, mas a mulher continuava de pé ao lado da mesa. Me levantei devagar e a mulher me olhou em choque. Travei no lugar, minhas pernas tremendo um pouco. Baixei a cabeça e busquei meus cabelos para me esconder, mas eu havia esquecido que eles estavam mais curtos. Seria aquele o motivo do seu ch
POV LinneaMeu rosto estava muito quente, eu precisava sair de lá, mas minhas pernas apenas não me obedeciam, tremendo presas no mesmo lugar. O ar parecia ter ficado ainda mais quente e pesado, dificultando que eu respirasse normalmente. Meu coração batia tão rápido e tão forte, que tive medo que o senhor Ashfur pudesse ouvi-lo. A grande sombra me cobriu, tornando tudo ainda mais difícil para mim. Pude sentir o calor de seu grande corpo em minhas costas, seu grande corpo parecia se inclinar sobre o meu, espalhando seu perfume apimentado e me deixando um pouco tonta.O suave toque de seus dedos em minha mão, me causaram arrepios, o que foi estranho para mim. Então, ele os arrastou, subindo pelo meu braço até os ombros e pescoço, segurando uma mecha do meu cabelo. Sua respiração quente tocou minha pele e o ouvi ronronar baixo ao meu ouvido, fazendo meu corpo tremer.― Eu sinto muito, não pensei que o senhor pudesse estar aqui. ― Um rosnado alto surgiu e imediatamente eu travei. Seus for
POV FioraJamais imaginaria que teria tanta sorte assim na minha vida. Essa mulher estúpida estava nas minhas mãos, como um passarinho ferido. Bastava apertar um pouco que eu a esmagaria. Estava ficando cada vez mais difícil conter meu sorriso diante dela.Desde que apareceu, Linnea se mostrou um grande obstáculo. O fato dela possuir a joia com o poder primordial me surpreendeu, mas eu acreditava que Kael apenas desejava a joia e iria descartá-la, mas eu pude ver em seus olhos o desejo, a curiosidade sobre aquela mulher. Além de ter a atenção de Kael, aquela mulher era a última descendente direta da deusa Nix, portadora da joia com o poder primordial, capaz de alterar o futuro de quem a olhasse diretamente. Tantas bençãos dadas a uma criatura fraca como aquela mulher, sem contar sua beleza única. Os longos cabelos de um branco tão puro quanto a própria deidade, a pele suave, mesmo que estivesse repleta de cicatrizes, a voz baixa e suave.Quando Kael me encontrou no hospital e disse q
POV LinneaContinuei escondida enquanto o carro continuava a se mover, mas o cheiro daquelas ervas estava me dando fortes dores de cabeça, já não aguentava mais. Me movi desconfortável no chão apertado entre o banco da frente e o banco de trás. A coberta foi puxada e me levantei respirando profundamente.― Sinto muito, mas não podia arriscar enquanto estivéssemos perto do Vale do Silício. Kael é um homem muito poderoso. ― Me sentei no banco, arrumando minhas roupas.― Poderoso quanto? ― Perguntei curiosa. Os olhos brilhantes da mulher me olharam pelo pequeno espelho retrovisor.― Ele é o dono da maior mineradora de São Francisco, tem contatos de pessoas muito importantes e influentes na cidade. Pode-se dizer que, se o Kael realmente quisesse, ele poderia ter São francisco debaixo dos pés dele.A forma como Fiora falava de Kael estava me incomodando. Não parecia haver apenas admiração em seu tom de voz. Meu coração palpitava todas às vezes que pensava em Kael e já estava me questionand
POV KaelAquele falatório me irritava, mas era melhor do que ficar em casa com a tentação perambulando livremente, espalhando seu cheiro doce por toda parte. Aquela noite na piscina foi muito perigosa. Linnea estava tão linda com aquela camisola colada ao seu corpo perfeito, os bicos de seus seios eriçados por conta do contato direto com a seda, seus braços nus e a fenda lateral que emoldurava sua coxa. Para completar, ela estava com aquela venda de renda preta, o que a tornava ainda mais sensual com o leve rubor de suas bochechas. Mal tive tempo de me surpreender com seus cabelos curtos, pois já estava sobre ela, colando meu corpo ao dela, sentindo seu calor e os arrepios em sua pele.Rosnei alto, chamando a atenção de todos. Precisava me concentrar, havia problemas sérios para serem resolvidos, entre eles os estranhos movimentos vindos de Torin Kairos, que vinha assediando vários acionistas da minha empresa com a intensão de comprar suas ações a preços ridículos.― O que eu quero sa
POV Kael ― Kael, me escuta, por favor. ― Fiora choramingava do chão. ― Ela implorou para que eu a ajudasse, ela estava apavorada, disse que temia pela vida da criança. Você sabe que esse tipo de coisa mexe comigo. ― Para onde você a levou? ― Rosnei, ignorando completamente aquela conversa desagradável. Fiora, vendo que suas técnicas não estavam funcionando, limpou o rosto e se levantou. ― Ela apenas me pediu que a levasse até um ponto de ônibus. Parece que ela já estava preparada com algumas coisas de valor. ― Os olhos da bruxa estavam sérios e frios enquanto ela me analisava. ― Deixe que ela viva em paz, Kael. Não ter memória estando grávida, cercada de pessoas de quem ela não lembra, é pressão demais para aquela menina. ― Não me lembro de ter pedido a sua opinião. ― Respondi com a voz fria. Fiora bufou e saiu pela porta da frente. Mais uma vez, notei a terra em seus sapatos e na barra do vestido, mas naquele momento minha mente estava focada apenas em encontrar Linnea. Assim qu
POV Linnea Já havia se passado alguns dias, os suprimentos que Fiora deixou logo acabariam e eu tinha de encontrar uma maneira de ir até uma cidade, ou vilarejo, para conseguir velas e outras coisas. Acordei cedo na manhã seguinte, peguei apenas o que fosse necessário, me vesti para uma longa caminhada e comecei a andar pela estrada de terra. Como eu não fazia ideia de onde ficava a vila mais próxima, decidi me manter na estrada até que alcançasse o trecho asfaltado. Após caminhar mais de vinte minutos, vi uma fina fumaça escura no céu, avisando que havia uma casa próxima. Corri pela estrada, mas me deparei com a cabana de Fiora. Olhei para trás, tentando pensar se eu fiz alguma curva no longo percurso, pois tinha certeza de que apenas caminhei em linha reta. Dei as costas e voltei a andar. Vinte minutos depois a cabana apareceu na minha frente mais uma vez. ― O que está acontecendo aqui? ― Disse assustada. ― Eu sei que não fiz nenhuma curva. Isso não faz sentido. Tentei uma últim
POV LinneaA pequena não quis me dizer seu nome, então eu passei a chamá-la de fada. Era engraçado como Fada queria parecer madura em várias situações, mas suas reações quando era elogiada ou parabenizada eram tão inocentes e fofas como as de qualquer outra criança. Como havia prometido, minha amiga fada me mostrou um riacho próximo repleto de peixes, arbustos e árvores com vários tipos de framboesas, amoras e outras pequenas frutas silvestres. Nos últimos três dias, juntamos muitas frutas. Os peixes nós pegávamos apenas aquilo que iriamos consumir em dois dias, pois a geladeira já não estava mais funcionando. Por mais que a situação fosse preocupante, eu me sentia estranhamente calma com a presença da Fada.Acordei em uma manhã com a cabana mergulhada em silêncio. A fada normalmente acordava bem cedo e ficava cantarolando no andar de baixo. Me troquei e desci, mas o lugar estava vazio. Fiquei me perguntando para onde aquela criança tinha ido. As portas e janelas ainda estavam fechad