POV LinneaTudo o que ouvi de Bárbara e como a história dos amantes se parecia com a minha com Kael, tudo era diferente do que eu conhecia e de como me contaram quando eu era criança. Um amor entre irmãos destruído pelo ciúme e a arrogância de ambas.― Acredito que, por hoje, isso já é o suficiente. ― Barbara disse enquanto juntava os papeis. ― Amanhã estenderemos um pouco mais o horário.Eu tinha muitas dúvidas ainda, porém não eram ligadas ao que ela tinha acabado de me ensinar, então eu me senti estranha em fazê-las. Esfreguei minhas mãos por debaixo da mesa, tantas coisas em minha mente que não notei a aproximação de Barbara.― Você não precisa se conter. Pode falar o que a esta preocupando tanto. ― Mordi o lábio, tentando encontrar uma forma que não parecesse estranha de abordar o assunto.― É que, eu estava querendo fazer algo especial para o senhor Ashfur, mas tenho medo de fazer algo que seja desrespeitoso e ele se irrite. ― Desejar agradar alguém especial não é algo que a se
POV Linnea― Bem, acho que já vou indo. Meu marido está me esperando. ― Barbara se despede com um aceno de mão e volta para o elevador.A mão de Kael segurou a minha com firmeza, seu aperto machucava um pouco, mas não disse nada. Fomos até outro elevador, que se abriu assim que nos aproximamos. Em nenhum momento Kael soltou a minha mão, o que não me incomodava, mas fazia o meu coração acelerar sem controle.Um carro vermelho estava parado perto do elevador. Era estranho, pois não tinha nenhum outro carro naquele lugar. Kael soltou minha mão por um momento e foi até um suporte na parede, pegou uma chave e voltou para onde eu estava. Demos a volta no carro e Kael abriu a porta da frente. Fiquei olhando confusa para ele, que suspirou e aproximou o rosto do meu.― Entre no carro, pequena. ― Sua voz profunda fez os pelinhos do meu braço se arrepiarem.Sentei no banco e no segundo seguinte Kael estava ao meu lado. Novamente, ele se inclinou na minha direção, seu braço se estendendo enquanto
POV LinneaEstava com medo de sair do banheiro, mas não havia a possibilidade de ficar ali para sempre, sem contar que Kael ficaria preocupado comigo. Respirei fundo algumas vezes e, quando estava chegando ao final do corredor que levava ao salão, vi o homem sair irritada, Fiora logo atrás dele, mas parando várias vezes e olhando para Kael, que estava de pé ao lado da mesa com os punhos cerrados.Antes que eu me aproximasse, Kael se virou e percorreu a curta distância até mim, segurando meus ombros com uma força desnecessária, ao ponto de me fazer gemer de dor.― Ela tocou em você? O que ela falou? ― Sua voz estava tomada pela raiva, seus olhos ganhando o tom vermelho que me apavorava. Suas mãos apertaram mais e eu tentei me afastar dele.― Está me machucando, Kael. ― Disse com a voz chorosa e finalmente ele percebeu que tinha perdido o controle e me soltou.― Me desculpe. ― Ele disse, olhando mais uma vez para a porta da frente por onde o casar havia saído. ― Melhor irmos embora agor
POV KaelHavia algo estranho nos olhos de Linnea, sua pele estava pálida e pude sentir o cheiro de suor vindo dela. O som de seu coração acelerado me alertou de sua presença e, antes que eu pudesse me deter, já tinha aberto a porta. Estava me esforçando para colocar um limite em mim, ir com calma, respeitando o tempo que ela precisava para se recuperar, mas se ela continuasse aparecendo de camisola na minha porta seria impossível resistir por mais tempo. Aquele cervo insistia em ser devorado por mim e eu estava prestes a aceitar a deliciosa refeição diante de mim.― Eu sinto muito, não queria te acordar. ― Ela falou apressada, erguendo suas mãos e virando o rosto corado, mas eu percebi que seus olhos estavam chegando meu corpo.Eu tinha acabado de sair do banho, outro detalhe que vinha se repetindo, e mal estava seco quando senti o cheiro de Linnea. Olhei pelo corredor, ouvindo passos se aproximando. Possivelmente era um dos lobos que eu tinha designado para fazer ronda e vigiar o qua
POV KaelMantive meus olhos fechados, mas era impossível dormir com o cheiro e o calor de Linnea ao meu lado. Eu podia sentir seus olhos sobre mim, queimando em minha pele, os pequenos movimentos agitados que ela fazia sob as cobertas. Respirei fundo, mas foi um grande erro. Seu perfume me inundou, doce e quente, atiçando meu lobo já faminto pelo seu sabor. Estava claro que ela não conseguia dormir, algo a estava incomodando. O fato de Linnea ter aparecido na minha porta no meio da noite, trêmula e assustada, era um grande sinal de alerta para mim. A princípio eu achei que alguém poderia ter invadido, mas as defesas haviam sido reforçadas e não senti nenhum tipo de ameaça dentro da casa. Por instinto, para manter aquela linda imagem de Linnea em sua camisola longa, de cor clara, de cetim apenas para meus olhos, assim que ouvi passos se aproximando a convenci a entrar no meu quarto.A deusa sabia o quanto eu desejava aquela mulher, tanto o seu corpo quando seu jeito gentil e inocente
POV LinneaTodo o meu corpo parecia estar em chamas, as roupas eram muito incômodas, pois não estavam me permitindo ficar mais perto de Kael, como uma barreira. Meu coração estava transbordando tantos sentimentos, desejos e lembranças. Eu apenas queria mostrar todos eles ao Kael, expressar tudo o que eu estava sentindo e a única maneira que vi ser possível, era aquela.Kael desejava aquilo tanto quanto eu. Estava claro pelo volume em sua calça e como seus olhos brilhavam de maneira predatória. Mesmo assim, Kael segurou minha cintura por debaixo das cobertas e me empurrou com gentileza, afastando nossos corpos. Eu não gostava daquela distância e bufei reclamando de sua atitude, o que apenas o fez rir.― Filhote de cervo teimoso. Já disse que preciso falar com seu médico primeiro. ― Seu sorriso revelava os longos caninos brancos, emoldurados por seus lábios macios. Levei meu dedo até eles e Kael abriu a boca, me permitindo ir além.A sensação de perigo, a ferocidade que aquele homem tra
POV LinneaSenti a cama se movendo e um toque suave na minha cabeça, mas estava tão cansada que não consegui abrir os meus olhos. Quando acordei, estava sozinha na grande cama. Sentei, ainda um pouco zonza, mas logo voltei a deitar, abraçada ao travesseiro e com meu coração acelerado. Eu ainda podia sentir cada um dos toques de Kael, seus beijos e tudo o mais que aconteceu na noite anterior. Afundei meu rosto no travesseiro, sentindo seu perfume como se ele ainda estivesse ao meu lado.― Será que vamos dormir junto hoje também? Batidas leves na porta me surpreenderam, então Patrícia surgiu com seu sorriso gentil seguida por Rute, que empurrava um carrinho com várias coisas sobre ele. Sentei na cama e as duas mulheres baixaram seus olhos.― Trouxemos o seu café, como ordenado pelo Alfa, e roupas limpas. Tome o seu tempo e nos chame se precisar de alguma coisa. Logo a senhora Bárbara estará aqui para as lições do dia. ― Rapidamente elas arrumaram tudo sobre a mesa e saíram do quarto.N
POV LinneaAinda estava pensando na ligação das bruxas com o desaparecimento das Peeiras, assim como Fiora tentou fazer comigo. Abracei o livro, ainda sentindo aquele peso no meu coração.― Eu posso pegar emprestado até amanhã? ― Claro. Se tiver qualquer dúvida, eu posso te responder amanhã. ― Concordei com um aceno. A porta se abriu e Rute apareceu, em seus braços um casaco e uma bolsa.― Senhorita, está na hora da sua consulta. O motorista está esperando e o alfa disse que iria encontrá-la lá. ― Levantei da cadeira animada. Barbara se despediu e eu parti para o hospital.Coloquei o livro na bolsa, pois acreditava que ele estaria mais seguro comigo do que se eu o deixasse em casa. O hospital estava vazio, uma música suave tocava em algum lugar e logo uma enfermeira se aproximou de nós com uma prancheta. Ela fez várias perguntas que eu nunca tive de responder antes, dizendo se tratar de um protocolo do hospital e pediu que eu aguardasse, que o médico logo me chamaria. Kael ainda não