CAPÍTULO 106 Valéria Muniz Ouvi o barulho do carro do Theodoro, eu já estava arrumando a mesa, os meninos logo acordariam. Estranhei que ele não entrou, e uma voz estranha gritou no portão, fazendo o Snoopy latir, e me agarrei à cadeira, tremendo de medo. De repente, o Adam gritou: — O QUE FEZ COM O THÉO, SEU LOUCO? ESSE É O CARRO DELE! — fiquei mais tranquila ao notar que havia acordado, mas temi que pudesse acontecer alguma coisa com ele. — Quem está aí? — perguntei ainda dentro de casa. — Foi o senhor Theodoro quem pediu que eu viesse, será que posso conversar com a esposa dele? — eu não conhecia aquela voz, e também notei que o cachorro parou de latir, o que me fez soltar a cadeira. — VOCÊ VAI EMBORA, OU VAI QUERER LEVAR UMA FACADA? A MINHA IRMÃ É CASADA, SEU MARIDO NÃO ESTÁ, MAS ELA TEM A MIM! — Saí devagar, aumentando a voz, com a minha bengala. — Adam, o que é isso, guarde essa faca! — Senhora, são apenas as coisas que o
CAPÍTULO 107 Theodoro Almeida (No outro dia) Hoje é domingo, como alguns me conhecem no hospital, não terei problemas em ir com a Val até lá, visitar. Deixamos os meninos na casa da Dona Maria, e depois voltaremos buscar, pois iremos almoçar no orfanato, conforme prometi para Joaninha de ir vê-la. — Sabe qual é o quarto? — Valéria me perguntou. — Vou entregar os documentos, eles já informam na recepção. Quando nos liberaram, vi que o Vicente saiu parecendo desesperado do quarto, limpando o rosto, sentido uma outra porta que também dava acesso por fora, e em seguida Anelise correu atrás dele, nem chegou a me ver, e fiquei nervoso. “Será que aconteceu alguma coisa com a senhora Beatriz?“ Apressei o passo, não diria nada a Val, antes de ir até o quarto, já estávamos quase lá. A porta estava aberta, e senhor Emanuel chorava, olhei desesperado para a cama, e para meu alívio a sua esposa estava lá, sentada e também chorando com algun
CAPÍTULO 108 Theodoro Almeida / Vinicius Cardoso Agora estou entendendo... porque Vicente parece tanto comigo, porque Anelise chegou a se aproximar dele quando estive na guerra e ela pensou que eu tivesse morrido... realmente, somos irmãos. — Théo, Théo! Eu já estava sentindo isso, desde que vi a pulseira, mas achei impossível, até por seu nome, e o tanto de vezes que nossos pais se enganaram na busca, perderam dinheiro com farsantes! — Vicente me disse enquanto me abraçava. — Vicente... — eu fiquei com dificuldades em falar — Te admiro tanto, é um sonho ter um irmão assim, você deixou a sua vida de lado por esses dias para me ajudar! — ele me soltou e me segurou pelos ombros, me olhando com lágrimas. — Não se engane, meu irmão! Eu fui egoísta desde o início. Não te tratei bem, porque te vi como um substituto, mas claro... tão parecido comigo! — deu um sorriso — Sou eu quem te admira muito, se fosse eu que tivessem levado, talvez não tivesse a metade
CAPÍTULO 109 Theodoro Almeida Meu pai puxou a poltrona e pensei que sentaria ao lado da minha mãe, mas apontou para que eu sentasse. — Vejo que você está nervoso, sente-se e tenha calma, meu filho! — olhou para a porta, Vicente, você consegue outra cadeira? — imediatamente trouxe a Val no meu colo, aceitando o mimo. A cadeira era espaçosa e, Vicente conseguiu outra bem rápido. Eu poderia ter negado, mas era o primeiro gesto do meu pai para comigo, me senti “bem” podendo pela primeira vez, receber uma demonstração de carinho, de preocupação. — Obrigado. — então ele começou a contar a história: — Bom, vou contar como aconteceu... antes de conhecer a sua mãe, eu tive muitas amantes. Porque ser um CEO e ter um nome famoso, atrai muito às mulheres, Vicente sofreu com isso. Quando a sua mãe apareceu na minha vida, eu havia acabado de terminar com uma delas. — Nossa... — Sim, e adivinha... meses depois ela descobriu uma gravidez, e sua mãe já estav
CAPÍTULO 110 Theodoro Almeida De dentro do carro vi Adam e Abel brincando no jardim com dona Maria. Quando nos viram, soltaram o brinquedo que estavam na mesma hora, e correram sorridentes. — A gente já vai? — Abel perguntou, e confirmamos. Também levamos a dona Maria e sua outra filha, Nayara para almoçar. A sensação era tão diferente, foi como se o dia tivesse clareado pra mim, tivesse mais cor. Meu coração ficou agitado, simplesmente não conseguia tirar o sorriso do rosto. Era diferente entrar na casa do Vicente, e agora saber que estou visitando meu irmão... meu irmão! Agora tenho um irmão! No começo fiquei um pouco sem graça, ainda tinha receio de ciúmes dele, mas percebi que estava enganado, assim que notei que ele e meu pai, começaram a competir, pra ver quem tinha mais da minha atenção, mas era a minha mãe quem permanecia segurando a minha mão, ela na cadeira de rodas e eu no sofá. Não foi difícil pra Vicente conseguir a alta dela.
CAPÍTULO 111 Theodoro Almeida No final do grande dia da minha vida, consegui permissão para voltar pra casa. Enfim entenderam, que já estou acostumado a minha rotina, porque meus pais queriam que passassemos a noite lá. — Théo, me diz que a gente vai de carro vermelho? — Adan me cutucou, quando já estava com a chave do meu carro simples, indo naquela direção. Estava prestes a enrolar o menino, mas... — Não, ele vai testar o carro novo, quem vai com ele? — Vicente perguntou, e seria difícil fugir dos meninos, agora. — Aê! Vem Adan! — Abel gritou e Adan veio apressado. — olhei para frente e Vicente segurava uma chave tão moderna, daquelas de carregar no bolso e ligar o carro usando um botão. Dei a volta, acho que é a primeira vez que aceito algo vindo do Vicente, mas fiquei tão feliz em saber que tenho um irmão, que não liguei mais em aceitar o presente. Meu pai abriu a porta do Jeep, e os ajudou a subir, imediatamente percebi que a Val também precisaria de ajuda, o carr
CAPÍTULO 112 Valéria Muniz Fiquei com o coração apertado ao sentir a Joaninha com febre, simplesmente não consegui sair de perto dela, e até os meninos vieram conhecê-la. Abel cumprimentou e saiu atrás do Théo, já o Adan, ficou o tempo todo ali, sem dizer nada, não sei o que ele está pensando. O médico relatou que foi apenas uma febre, medicou, e depois chamou o dono do orfanato lá fora, e Théo foi junto. — Você vai ficar boa, querida... — falei enquanto acariciava seu cabelo. — Você também! — estranhei a frase dela, iria perguntar, mas então percebi que todos entraram. — Amor, vamos pra casa? — Théo falou e eu fiquei em dúvida se falava comigo ou se convidava a Joaninha, porquê a única vez que me chamou assim, foi quando Ezequiel estava perto. — A Joaninha precisa descansar, vão cuidar bem, dela aqui. Podemos voltar um dia da semana para vê-la. — senti que a criança segurou mais forte na minha mão, e também entendo que realmente era comigo.
CAPÍTULO 113 Theodoro Almeida / Vinícius Cardoso É claro que eu não diria para a Val, tamanha a complexidade de uma adoção, principalmente para alguém que foi adotado como eu, que já está num processo de guarda de dois menores, e ainda tem o quesito que a Val é deficiente visual, e meu salário é curto para tantas despesas, perante a lei. Preciso ir aos poucos, até porquê com a minha identidade revelada, tenho muito mais chances agora, e também não quero desmotivar a minha esposa. Demorei um pouquinho para perceber que a minha menina ficou insegura. Eu senti que algo estava errado, porém acreditava, que já estava tudo certo entre nós. Talvez as mulheres gostam de saber dessas coisas com clareza, vou precisar aprender, porque não quero ver a mulher que amo, triste de novo. — Não há nada que eu queira mais, do que estar com quem eu amo, minha menina... — Então você me ama... pode repetir? — havia um sorriso travesso em seu rosto agora. — Claro que eu te