CAPÍTULO 108 Theodoro Almeida / Vinicius Cardoso Agora estou entendendo... porque Vicente parece tanto comigo, porque Anelise chegou a se aproximar dele quando estive na guerra e ela pensou que eu tivesse morrido... realmente, somos irmãos. — Théo, Théo! Eu já estava sentindo isso, desde que vi a pulseira, mas achei impossível, até por seu nome, e o tanto de vezes que nossos pais se enganaram na busca, perderam dinheiro com farsantes! — Vicente me disse enquanto me abraçava. — Vicente... — eu fiquei com dificuldades em falar — Te admiro tanto, é um sonho ter um irmão assim, você deixou a sua vida de lado por esses dias para me ajudar! — ele me soltou e me segurou pelos ombros, me olhando com lágrimas. — Não se engane, meu irmão! Eu fui egoísta desde o início. Não te tratei bem, porque te vi como um substituto, mas claro... tão parecido comigo! — deu um sorriso — Sou eu quem te admira muito, se fosse eu que tivessem levado, talvez não tivesse a metade
CAPÍTULO 109 Theodoro Almeida Meu pai puxou a poltrona e pensei que sentaria ao lado da minha mãe, mas apontou para que eu sentasse. — Vejo que você está nervoso, sente-se e tenha calma, meu filho! — olhou para a porta, Vicente, você consegue outra cadeira? — imediatamente trouxe a Val no meu colo, aceitando o mimo. A cadeira era espaçosa e, Vicente conseguiu outra bem rápido. Eu poderia ter negado, mas era o primeiro gesto do meu pai para comigo, me senti “bem” podendo pela primeira vez, receber uma demonstração de carinho, de preocupação. — Obrigado. — então ele começou a contar a história: — Bom, vou contar como aconteceu... antes de conhecer a sua mãe, eu tive muitas amantes. Porque ser um CEO e ter um nome famoso, atrai muito às mulheres, Vicente sofreu com isso. Quando a sua mãe apareceu na minha vida, eu havia acabado de terminar com uma delas. — Nossa... — Sim, e adivinha... meses depois ela descobriu uma gravidez, e sua mãe já estav
CAPÍTULO 110 Theodoro Almeida De dentro do carro vi Adam e Abel brincando no jardim com dona Maria. Quando nos viram, soltaram o brinquedo que estavam na mesma hora, e correram sorridentes. — A gente já vai? — Abel perguntou, e confirmamos. Também levamos a dona Maria e sua outra filha, Nayara para almoçar. A sensação era tão diferente, foi como se o dia tivesse clareado pra mim, tivesse mais cor. Meu coração ficou agitado, simplesmente não conseguia tirar o sorriso do rosto. Era diferente entrar na casa do Vicente, e agora saber que estou visitando meu irmão... meu irmão! Agora tenho um irmão! No começo fiquei um pouco sem graça, ainda tinha receio de ciúmes dele, mas percebi que estava enganado, assim que notei que ele e meu pai, começaram a competir, pra ver quem tinha mais da minha atenção, mas era a minha mãe quem permanecia segurando a minha mão, ela na cadeira de rodas e eu no sofá. Não foi difícil pra Vicente conseguir a alta dela.
CAPÍTULO 111 Theodoro Almeida No final do grande dia da minha vida, consegui permissão para voltar pra casa. Enfim entenderam, que já estou acostumado a minha rotina, porque meus pais queriam que passassemos a noite lá. — Théo, me diz que a gente vai de carro vermelho? — Adan me cutucou, quando já estava com a chave do meu carro simples, indo naquela direção. Estava prestes a enrolar o menino, mas... — Não, ele vai testar o carro novo, quem vai com ele? — Vicente perguntou, e seria difícil fugir dos meninos, agora. — Aê! Vem Adan! — Abel gritou e Adan veio apressado. — olhei para frente e Vicente segurava uma chave tão moderna, daquelas de carregar no bolso e ligar o carro usando um botão. Dei a volta, acho que é a primeira vez que aceito algo vindo do Vicente, mas fiquei tão feliz em saber que tenho um irmão, que não liguei mais em aceitar o presente. Meu pai abriu a porta do Jeep, e os ajudou a subir, imediatamente percebi que a Val também precisaria de ajuda, o carr
CAPÍTULO 112 Valéria Muniz Fiquei com o coração apertado ao sentir a Joaninha com febre, simplesmente não consegui sair de perto dela, e até os meninos vieram conhecê-la. Abel cumprimentou e saiu atrás do Théo, já o Adan, ficou o tempo todo ali, sem dizer nada, não sei o que ele está pensando. O médico relatou que foi apenas uma febre, medicou, e depois chamou o dono do orfanato lá fora, e Théo foi junto. — Você vai ficar boa, querida... — falei enquanto acariciava seu cabelo. — Você também! — estranhei a frase dela, iria perguntar, mas então percebi que todos entraram. — Amor, vamos pra casa? — Théo falou e eu fiquei em dúvida se falava comigo ou se convidava a Joaninha, porquê a única vez que me chamou assim, foi quando Ezequiel estava perto. — A Joaninha precisa descansar, vão cuidar bem, dela aqui. Podemos voltar um dia da semana para vê-la. — senti que a criança segurou mais forte na minha mão, e também entendo que realmente era comigo.
CAPÍTULO 113 Theodoro Almeida / Vinícius Cardoso É claro que eu não diria para a Val, tamanha a complexidade de uma adoção, principalmente para alguém que foi adotado como eu, que já está num processo de guarda de dois menores, e ainda tem o quesito que a Val é deficiente visual, e meu salário é curto para tantas despesas, perante a lei. Preciso ir aos poucos, até porquê com a minha identidade revelada, tenho muito mais chances agora, e também não quero desmotivar a minha esposa. Demorei um pouquinho para perceber que a minha menina ficou insegura. Eu senti que algo estava errado, porém acreditava, que já estava tudo certo entre nós. Talvez as mulheres gostam de saber dessas coisas com clareza, vou precisar aprender, porque não quero ver a mulher que amo, triste de novo. — Não há nada que eu queira mais, do que estar com quem eu amo, minha menina... — Então você me ama... pode repetir? — havia um sorriso travesso em seu rosto agora. — Claro que eu te
CAPÍTULO 114 Valéria Muniz Hoje o dia foi maravilhoso. Fiquei o tempo todo lembrando das coisas que ouvi do Théo, e as tantas vezes que ele disse que me ama. Não consegui ouvir o barulho do carro, esse é bem silencioso, e só descobri que Théo chegou, porque Edineia comentou: — Seu marido chegou, os meninos correram para o portão! — Ele está demorando pra entrar, né? — Parecia no celular, mas já está vindo. — ouvi seus passos, senti seu cheiro. — Oi, amor! Oi Edineia! — me deu um beijo enquanto ela respondia. — Oi! — Você já pode ir, bom descanso! — falou pra ela. — Tá bom! — Edineia se despediu, mas percebi que a voz dele estava diferente do habitual. — O que foi, Théo? — Val, você tem algum compromisso? — Agora? — franzi o cenho. — Sim. — Não tenho, porquê? — Rogério me ligou... — O que aconteceu com a Joaninha? — perguntei apavorada, pela sua voz e comportamento, eu já sabia que coisa boa não era. —
CAPÍTULO 115 Theodoro Almeida / Vinícius Cardoso Mal comecei a dirigir e estranhei quando meu celular tocou, parei o carro numa vaga para estacionar, e atendi: — Val? — Você não vai acreditar..., mas a Carla é a cuidadora da Joaninha! — Quê? Que história é essa? Vou chamar a polícia, não pode ser verdade! — Porque, polícia? — ouvi a voz da Carla muito perto do celular, e imediatamente dei a volta no meio dos carros e joguei o celular para o Adan. — Adan, faz como te ensinei outro dia, liga para o número de emergência que está aí, e pede uma viatura para o orfanato do Rogério, em nome do tenente Almeida! — acelerei o carro, que inclusive, era de um motor incrível, passei pelos carros e em questão de poucos minutos eu estava no orfanato novamente. . Tenho acesso livre ao orfanato, entrei como um furacão, vi o Rogério no caminho: — Theodoro, já voltou? — Rogério, que critério você usou para contratar a Carla como cuidadora aqui do