Passamos aquelas semanas em tanta paz, que me senti quase como naqueles momentos onde a calmaria vem antes de tempestade. Pedro queria me falar alguma coisa, mas não conseguia, não sei se era algo realmente grave ou se ele só não estava pronto para tocar no assunto, e no meio de tantas coisas da faculdade, também não insisti. Estava em casa com a Mari, que andava mais desanimada, e eu tinha absoluta certeza que isso tinha alguma coisa a ver com Lucas.- Você sabe que eu to quase ouvindo seus pensamentos daqui né? Segurei o riso.- Desculpa Mari, mas, você sabe que se quiser conversar, estou aqui, não importa dia nem hora.- Eu sei Nic, sei mesmo – disse segurando minha mão – eu só... Acho que nem sei direito o que está acontecendo, eu e o Lucas estamos juntos a tanto tempo, que acho que nem percebi quando nos tornamos pessoas diferentes- Vocês conversaram?- Sim, mas não conseguimos chegar a um consenso sabe, ao mesmo tempo que não quero impor nada, parece que
Depois de desabafar com Guilherme, passamos um tempo tomando uma cerveja e assistindo ao jogo, como Nicole ficou de me avisar quando tivessem terminado de estudar, não percebi quando peguei no sono no sofá do meu amigo, acordando no dia seguinte, sem entender nada, demorando um segundo para entender onde eu estava. Peguei no celular e vi as ligações perdidas de Nicole, merda, que mancada ter furado com ela, logo agora que estava pronto para abrir o jogo.Pedro Lima: Linda, peguei no sono aqui na casa do Gui, desculpa, acabei de acordar Minutos se passaram enquanto eu encarava a tela do celular, sem resposta, arrisquei:Pedro Lima: Ei, desculpa mesmo, vou te compensar, prometoNicole B: Quando puder, vem me ver Engraçado que conforme vamos conhecendo alguém, sabemos até os trejeitos da pessoa, e eu sabia que ela estava chateada e não queria conversa pelo telefone. Nicole dificilmente era uma pessoa que perdia a calma, e olha, ela já teve motivos, e, apes
Enquanto minha cabeça latejava, eu só conseguia pensar em como sobreviver a montanha russa emocional que era estar com Pedro, ele é um cara incrível, me mostrou isso mais de uma vez, mas ainda assim, eu estava me sentindo exausta, e ainda por cima, agora teria que envolver até minha família, descobrir quais segredos estavam sendo guardados e o que fazer com eles. Fui para casa de meus pais no meio da tarde, sabendo que só minha mãe estaria em casa, queria falar com Dona Amélia sozinha, a verdade viria, doendo ou não.- Filha! Que bom que você veio, você não avisou nada, não sabia que vinha hoje- Oi mãe Ela me deu um abraço e eu quase comecei a chorar ali novamente, minha mãe sempre viveu para nós, eu a vi e meu pai juntos e não havia um mundo onde ela pudesse ter o traído, não havia um mundo onde ela faria isso com ele, e não haveria um mundo caso aquela bomba explodisse de uma forma irreversível.- O que aconteceu? – Ela colocou meu rosto entre as mãos e vi seu olhar
Quando sai da casa dos meus pais, meu pensamento era um só “preciso falar com Pedro”, enviei uma mensagem e ele me respondeu de pronto, disse que poderíamos conversar em sua casa, seus pais não estavam lá, e assim, eu fui, tão rápido quanto pude.Pedro me recebeu e por mais que tentasse amenizar o clima, ele era tão pesado que quase dava para segurar entre os dedos.- Falei com minha mãe – Disse enquanto ele me guiava para uma salinha, nunca tinha entrado em sua casa, quando conheci sua mãe ficamos apenas na entrada, e agora, sentia uma sensação incrivelmente estrada por estar ali, uma sensação de que não deveria estar naquela casa. Ele permaneceu de cabeça baixa até nos acomodarmos, sentou-se ao meu lado e assim permaneceu, em silêncio, apenas com sua mão tocando meu joelho.- Pedro, eles realmente tiveram um caso... Finalmente Pedro subiu o olhar, me encarou, fitando meus olhos, e eu senti quando sua mão que me tocava, começou a suar. Expliquei tudo a ele, de
Eu quase não acreditei no que vi quando meu pai empurrou Nicole contra uma parede, aquilo não poderia ser real, eu fui tomado por um ódio que nem sabia ser capaz de sentir, não queria saber se ele era meu pai, se era o papa ou o presidente, Nicole não tinha culpa do merda que ele era, e nem da bagunça que fez, seu único pecado foi ter se envolvido comigo, e que por uma piada do destino, desenterrou erros do passado. Sua voz desesperada pedindo para que parássemos não saia da minha cabeça, durante todo o caminho até a casa dela, não soltei sua mão, perguntando a cada dois minutos se ela estava se sentindo bem, quando de repente, como um pinscher raivoso, ela me encara do banco, pronta para me matar.- Pedro, pelo amor de Deus, eu sei que você está preocupado, mas eu estou bem tá? Não precisa perguntar de minuto em minuto- Só quero ter certeza- Eu sei, e agradeço sua preocupação, mesmo, mas também não sou de vidro, estou bem Ela estreitou os olhos quando percebeu que e
Depois que Pedro saiu da minha casa, achei que ia acabar com a água do meu corpo de tanto chorar, eu sabia que estava doendo, e a falta de Pedro ia doer todos os dias, a cada minuto, mas na minha alma, lá no fundo eu sabia, precisávamos de tempo para crescer, para ser quem precisávamos ser, se quiséssemos ter qualquer chance, não poderia ser daquela forma. Sabendo que aquilo levaria tempo para se resolver e com confiança de que precisava de um tempo sozinha, para dar tempo às minhas próprias cicatrizes. Fui até a casa de Mari, ela não morava longe de mim, e eu sabia que seria a melhor coisa a fazer, minha amiga sempre tinha um abraço e um conselho, e era tudo que eu mais queria. Bati em sua porta e ela mal teve tempo de me ver quando corri para abraça-la, precisava dela, chorei em seu ombro e ela chorou no meu, aquela dor que só uma amizade assim conseguiria compartilhar, entender, sem julgar.- Mari, eu e o Pedro, terminamos... E minha amiga, para minh
Conforme os meses passavam, eu me sentia cada vez mais vazia, nunca é fácil terminar uma relação, principalmente quando você sabe que ao partir, deixou seu coração lá. No fundo eu sabia que se eu e Pedro quiséssemos dar certo em algum momento, precisávamos desse espaço, desse tempo, para conseguir lidar com nossas próprias questões. Nesse meio tempo, Pedro saiu da cidade, não tive mais notícias dele desde o fatídico dia, não sei o que pensar a respeito, se eu levasse em consideração apenas o que sabia daquele “antigo” Pedro, a essa altura ele já poderia muito bem estar com outra pessoa, mas aquilo não condizia com o homem que conheci, que convivi, por quem me apaixonei, e eu teria que contar com a confiança que sentia em meu coração, que pertencíamos um ao outro.Acontece que eu tinha me tornado um zumbi, senti aqueles meses se arrastando, as provas, a faculdade, não sentia a realização que pensei que ia sentir, nem quando finalizamos o curso, nem quand
A verdade? Eu estava na merda, o pouco que soube da Nicole durante os meses que passaram, foi pelo fofoqueiro do Guilherme, que também só se limitava a dizer que ela estava “indo” e que se falasse mais, Fernando cortaria seu pau fora. Depois de tudo que passamos, eu sabia que não podia forçar que ela voltasse, mas sinceramente eu estava passando por todas as fases do luto, negação, raiva, aceitação, mais raiva. Meu pai deu um jeito de destruir minha vida de uma forma totalmente nova, me tirando a mulher que eu amo, e isso eu jamais iria perdoar, o clima em casa pareceria melhor de alguém de fato tivesse morrido, meus pais mal se falavam, eu só falava com minha mãe e já havia avisado que estava saindo da casa, era questão de tempo até conseguir um lugar. Estava tentando me concentrar nas notas da fazenda que ainda precisavam ser lançadas quando ouvi alguém bater na porta do meu quarto.- Filho... – Minha mãe coloca a cabeça para dentro do quarto, cabisbaixa- Oi