Quando sai da casa dos meus pais, meu pensamento era um só “preciso falar com Pedro”, enviei uma mensagem e ele me respondeu de pronto, disse que poderíamos conversar em sua casa, seus pais não estavam lá, e assim, eu fui, tão rápido quanto pude.Pedro me recebeu e por mais que tentasse amenizar o clima, ele era tão pesado que quase dava para segurar entre os dedos.- Falei com minha mãe – Disse enquanto ele me guiava para uma salinha, nunca tinha entrado em sua casa, quando conheci sua mãe ficamos apenas na entrada, e agora, sentia uma sensação incrivelmente estrada por estar ali, uma sensação de que não deveria estar naquela casa. Ele permaneceu de cabeça baixa até nos acomodarmos, sentou-se ao meu lado e assim permaneceu, em silêncio, apenas com sua mão tocando meu joelho.- Pedro, eles realmente tiveram um caso... Finalmente Pedro subiu o olhar, me encarou, fitando meus olhos, e eu senti quando sua mão que me tocava, começou a suar. Expliquei tudo a ele, de
Eu quase não acreditei no que vi quando meu pai empurrou Nicole contra uma parede, aquilo não poderia ser real, eu fui tomado por um ódio que nem sabia ser capaz de sentir, não queria saber se ele era meu pai, se era o papa ou o presidente, Nicole não tinha culpa do merda que ele era, e nem da bagunça que fez, seu único pecado foi ter se envolvido comigo, e que por uma piada do destino, desenterrou erros do passado. Sua voz desesperada pedindo para que parássemos não saia da minha cabeça, durante todo o caminho até a casa dela, não soltei sua mão, perguntando a cada dois minutos se ela estava se sentindo bem, quando de repente, como um pinscher raivoso, ela me encara do banco, pronta para me matar.- Pedro, pelo amor de Deus, eu sei que você está preocupado, mas eu estou bem tá? Não precisa perguntar de minuto em minuto- Só quero ter certeza- Eu sei, e agradeço sua preocupação, mesmo, mas também não sou de vidro, estou bem Ela estreitou os olhos quando percebeu que e
Depois que Pedro saiu da minha casa, achei que ia acabar com a água do meu corpo de tanto chorar, eu sabia que estava doendo, e a falta de Pedro ia doer todos os dias, a cada minuto, mas na minha alma, lá no fundo eu sabia, precisávamos de tempo para crescer, para ser quem precisávamos ser, se quiséssemos ter qualquer chance, não poderia ser daquela forma. Sabendo que aquilo levaria tempo para se resolver e com confiança de que precisava de um tempo sozinha, para dar tempo às minhas próprias cicatrizes. Fui até a casa de Mari, ela não morava longe de mim, e eu sabia que seria a melhor coisa a fazer, minha amiga sempre tinha um abraço e um conselho, e era tudo que eu mais queria. Bati em sua porta e ela mal teve tempo de me ver quando corri para abraça-la, precisava dela, chorei em seu ombro e ela chorou no meu, aquela dor que só uma amizade assim conseguiria compartilhar, entender, sem julgar.- Mari, eu e o Pedro, terminamos... E minha amiga, para minh
Conforme os meses passavam, eu me sentia cada vez mais vazia, nunca é fácil terminar uma relação, principalmente quando você sabe que ao partir, deixou seu coração lá. No fundo eu sabia que se eu e Pedro quiséssemos dar certo em algum momento, precisávamos desse espaço, desse tempo, para conseguir lidar com nossas próprias questões. Nesse meio tempo, Pedro saiu da cidade, não tive mais notícias dele desde o fatídico dia, não sei o que pensar a respeito, se eu levasse em consideração apenas o que sabia daquele “antigo” Pedro, a essa altura ele já poderia muito bem estar com outra pessoa, mas aquilo não condizia com o homem que conheci, que convivi, por quem me apaixonei, e eu teria que contar com a confiança que sentia em meu coração, que pertencíamos um ao outro.Acontece que eu tinha me tornado um zumbi, senti aqueles meses se arrastando, as provas, a faculdade, não sentia a realização que pensei que ia sentir, nem quando finalizamos o curso, nem quand
A verdade? Eu estava na merda, o pouco que soube da Nicole durante os meses que passaram, foi pelo fofoqueiro do Guilherme, que também só se limitava a dizer que ela estava “indo” e que se falasse mais, Fernando cortaria seu pau fora. Depois de tudo que passamos, eu sabia que não podia forçar que ela voltasse, mas sinceramente eu estava passando por todas as fases do luto, negação, raiva, aceitação, mais raiva. Meu pai deu um jeito de destruir minha vida de uma forma totalmente nova, me tirando a mulher que eu amo, e isso eu jamais iria perdoar, o clima em casa pareceria melhor de alguém de fato tivesse morrido, meus pais mal se falavam, eu só falava com minha mãe e já havia avisado que estava saindo da casa, era questão de tempo até conseguir um lugar. Estava tentando me concentrar nas notas da fazenda que ainda precisavam ser lançadas quando ouvi alguém bater na porta do meu quarto.- Filho... – Minha mãe coloca a cabeça para dentro do quarto, cabisbaixa- Oi
Com meu pai aparentemente fora do jogo, e toda documentação resolvida, finalmente consegui voltar para a cidade, o que acabou me pegando de surpresa foi que dessa vez, Nicole estava saindo da cidade, Guilherme me disse que ela e Mariana iam viajar, como um presente de formatura, para descansar e espairecer um pouco. Fui tomado por um misto de sentimentos, tristeza porque sabia que ela estava tocando a vida sem mim, eu deveria estar nessa viagem com ela, fazer planos, leva-la aos lugares, realizar seus sonhos, ciúmes, ela estaria em qualquer lugar, onde qualquer um poderia tocar no que é meu, e por fim, raiva, senti raiva daquela situação, e no fundo, senti raiva de Nicole também, por ter desistido de nós. Eu sempre fui eu mesmo, nunca enganei nenhuma das mulheres que passaram pela minha cama, nada de flores, nada de relacionamentos, e minha vida estava perfeitamente boa como eu a vivia, e agora, depois que Nicole passou pelo meu caminho, eu sentia um vazio que nenhuma
Por mais que meu namoro estivesse por um fio quando terminamos, quando a realidade bate e você percebe que perdeu alguém que já tinha ao seu lado há tanto tempo, é uma sensação, pra dizer minimamente, estranha.Por alguma razão, Nicole pensava que eu estava me saindo muito melhor que ela no quesito solteirice, mal sabe ela, a verdade é que apesar de ser muito boa em me fazer de prática e direta, eu me sentia completamente sem chão, só não ia demonstrar isso.É por isso que tomei uma decisão drástica. Quando vi Nicole murcha na nossa formatura, vez e outra olhando para a porta de entrada do salão, como se Pedro fosse magicamente aparecer e se declarar (sim, ela é o clichê romântico em pessoa), eu soube que precisava fazer alguma coisa, apesar de ser normal essa ressaca pós termino, já estávamos assim há alguns meses, e eu me recusava a permanecer dessa forma, a decisão estava tomada, só esperaria aquele final de semana da formatura passar para conversarmos.Com todo meu discurso planej
Faltava menos de uma semana para a viagem, nós nos víamos todos os dias, organizando os detalhes finais, passamos dias testando nosso “x”, jurando que passaríamos por cariocas, na verdade tudo que conseguíamos fazer era rir, olhávamos uma para a outra falando “bixxxcoito” e “mermão”, claro que nosso R de porta e poRtão não ia deixar que a gente se passasse por naturais do RJ mas, a gente se virava.***- Tem certeza que pegou tudo? – Mari me olhava desconfiada, já sabendo do meu histórico de esquecimento.- Peguei amiga – eu confirmei com veemência para que ela acreditasse, mas enquanto isso, revirava minha bolsa pra conferir meus documentos e passagens, só por garantia. Resolvemos dormir juntas no dia antes da viagem, para termos mais agilidade, estávamos conferindo todo o checklist da mala (que eu montei, claro), e os documentos que íamos precisar, para que amanhã cedinho, meus pais nos levassem até São Paulo para pegar o voo. Eu não contava que íamos conseguir dor