Com o incentivo que recebeu da Irmã Dulce, ela acaba de se arrumar para ir ao lugar que espera que mudará sua vida.
Estática, ela fica parada olhando a imensidão do prédio. Passa suas mãos pela roupa para tentar tirar os vincos que o ônibus acabou causando. Mas o esforço é em vão. Continua igual.
"Merda! Vai assim mesmo!"
"Estou aqui, uma menina órfã, sem perspectiva de vida, provando que o sucesso pode sim ser alcançado!"
Dá uma última olhada em volta, seu cabelo... e com o pé direito entra.
Na entrada, muitos olhos estão se voltando para ela, Domenica tem a certeza que é por conta de seu cabelo.
"Eu deveria ter pintado."
A recepcionista encaminha Domenica para a sala de espera do sr. Kalua, o dono de tudo. A cada andar que o elevador sobe, o frio na barriga dela a faz querer correr.— Isso é lindo! - ela diz encantada. A senhorita retribui com um pequeno sorriso.
— Por aqui!
— Obrigada!
Não tem tempo nem de se sentar, ela já é chamada.
— Domenica Milo?
— Sim. Sou eu mesma!
"Estou nervosa!"
A moça que a chama sai de trás da mesa com um barrigão.
— Você vai ficar aqui! - ela mostra uma mesa ao lado dela.
— Você vai assumir meu lugar. Como pode ver, daqui a pouco vou dar à luz.
Elas conversam e Domenica recebe as instruções de seu trabalho.
— Pelos arquivos que enviamos, você pode olhar que estamos tendo alguns problemas com nossa empresa rival. O presidente de lá tenta de toda forma arrumar algum problema para nos tirar dinheiro.
— Claro, eu fiz minha lição de casa! - Domenica responde.
— Aqui estão os documentos que o presidente precisará avaliar, revisar e assinar sobre essas questões. Você o ajudará a organizar suas planilhas, conduzir reuniões. Será a mão direita dele aqui. Dê uma olhada em tudo. Estarei aqui na mesa ao seu lado a sua disposição para qualquer dúvida, é só me chamar.
Após algum tempo olhando os papéis.
--Agora vamos conhecer o senhor Kalua.
"Meu Deus!! Estou nervosa!"
— Senhor, sua nova assistente já está aqui. Ok. - ela diz ao telefone.
— Vamos!! Ele está esperando por você.
— Senhor!!! - ela b**e na porta.
— Entre!!!
Sua voz é grossa. Um senhor, com os cabelos envoltos em gel, sem deixar uma mecha solta, um terno esmerado, corpo de quem nunca sai da academia e com cor de praia, está sentado. Domenica tem a sensação que já o conhece.
— Olá, senhor! - sem jeito, ela se apresenta.
— Por favor, sente-se! E você pode sair! - indica à secretária, que sai deixando-os.
— Você é uma moça muito diferente, Domenica! - diz ele, levantando-se da cadeira. Ele está definitivamente se referindo ao seu cabelo!
"Ele vai me demitir sem que eu sequer comece!"
— Olhei seus documentos, e vi que esse vai ser seu primeiro emprego, né?
— Sim senhor! Essa é minha primeira esperiência com um emprego.
— Não precisa me chamar de senhor, só de Kalua. E foi exatamente por isso que decidi contratá-la, porque este é o seu primeiro emprego. Você pode estar se perguntando o porquê! Bem… você não vai trabalhar para mim. E sim, para meu filho Valentim. Ele vai ocupar o meu lugar aqui na empresa. Como pode ver, já estou envelhecendo, então agora só preciso descansar e esperar meus netos. Ele já deve estar a caminho e você o encontrará. Enquanto isso, eu mesmo apresentarei a empresa a você.
O Sr. Kalua educadamente sai da sala levando-a ao redor para apresentar a empresa.
***
O pai de Valentim o tem preparado para assumir a empresa e seu lugar como alfa já tem algum tempo. Mesmo Valentim não se sentindo preparado para isso. Mas outra pessoa não poderia assumir, a responsabilidade é toda dele.
Ser líder de matilha é ser um exemplo para todos os lobos que fazem parte dela, e presidente de uma empresa que vem fazendo um grande sucesso, continuar o trabalho árduo de seu pai.
O verdadeiro desejo de Valentin é encontrar a sua companheira e ser feliz sem ter que se preocupar com o bando e até mesmo com a empresa. Outra coisa que não pode controlar;
Não é tão simples para um lobo conseguir seu parceiro de vida como é para um ser humano normal. Para os lobos vai muito além do contato físico, claro, sexo ele tem de sobra, mas a relação profunda de amor só acontece uma única vez, com a pessoa destinada para você. Eles podem ter o contato físico com qualquer pessoa e acaba ali, nada além disso. Quando eles encontram seu verdadeiro companheiro, o lugar em seus corações que sabem que está vazio é preenchido, como se uma felicidade tomasse conta do seu corpo por completo.
Não é necessário palavras, apenas se sabe que aquela é a pessoa certa.
O povo antigo diz que é como um ímã, a pessoa que está destinada para ser seu vai chegar em algum momento até você.
E essa conexão que ambos criam, é inquebrável.
Quando um deles morre se abre uma ferida, como um buraco no peito. E com o contato íntimo a conexão aumenta e eles podem até sentir o quanto um está distante do outro.
***
Não é a primeira vez que Valentim vai à empresa, mas colocando seus pés nela tem uma sensação de prazer.
“Que cheiro é esse?”Atordoado, sente um cheiro que traz um gosto doce a sua boca.
"É bom!"— Bom dia!! - ela cumprimenta a secretaria que fica na entrada da empresa. E segue para a sala do seu pai.
— Senhor Valentim! Seu pai acabara de sair com a nova assistente. Sinta-se à vontade para esperá-los na sala.
Quanto mais próximo da sala, mais o cheiro fica forte, o deixando de alguma forma enebriado.
Ele espera por um tempo ali sentado e escuta vozes vindo do lado de fora.
“Devem ser eles!”
Para parecer mais apresentável, levanta-se esperando que entrem.
Seu pai entra e segura a porta para Domenica.
"O perfume veio dela!"
"Quem é?"
A dúvida o deixa com todos os pensamentos.
"Esse não é o tipo de pessoa que meu pai contrataria."
— Valentim?!! - quando seu pai diz seu nome, Domenica vira seu rosto para Valentim e a rapidez de seu movimento faz seu cabelo que estava no coque se soltar revelando o comprimento dele. Que não é nada pequeno.— Valentim, essa é Domenica! Ela é a mais nova contratada que irá substituir minha secretária, ela irá ajudá-lo a partir de hoje. “Ela é uma funcionária nova?” "Ela vai trabalhar comigo?" — Pai, nunca imaginei que você contrataria alguém tão diferente assim. - ele diz apontando para o cabelo de Domenica. — O que aconteceu para mudar sua concepção disso?— Eu sei. No começo estranhei esse cabelo todo branco e enquanto estávamos caminhando pela empresa, não resisti em perguntar se era natural.— E então? - Valentim olha para Domenica.— Olá senhor! Prazer. Eu nasci assim mesmo. Não me pergunte o porquê ou come, que eu também não sei dizer.— Voltando ao assunto. Não a contratei referente a sua imagem, mesmo porque seu currículo não tinha foto. O que pedi foi que a pessoa nunc
Domenica acorda nua, e em seu corpo há sangue e lama.Olhando ao redor, percebe que está perto do orfanato e o sol ainda não começou a nascer."O que aconteceu comigo?""Cadê minha bolsa? Minhas roupas?"Ela se esgueira pelos cantos para que ninguém a veja, não quer chamar a atenção. Estava indo tudo bem, até ela conseguir abrir a porta e se deparar com a irmã Dulce, que a estava esperando no escuro.— Criança?! O que aconteceu com você? - conhecendo sua voz, Domenica cai de joelhos e chora. Confusa com o que acontecera com ela.— Não sei irmã! - suas palavras e lágrimas se misturavam. As lembranças do que aconteceu a atingem como facas."O sangue... o sangue, era de um animal.""Eu comi um animal?""Espera!""Eu me tornei um cachorro gigante. Estou ficando louca, é a única explicação."— Você não se lembra de nada? -Dulce pergunta. — Algumas coisas estão vindo à minha mente. Mas é impossível ser real. Comi um animal!!! E virei um cachorro gigante?? Isso é loucura...- irmã Dulce não
"Ali na sala com meu pai e Nádia, eu não conseguia ouvir ou prestar atenção em nada do que eles falavam. Meu pensamento só estava em Domenica. Se por algum acaso ela ainda está do lado de fora me esperando. Mas não tem um motivo para ela me esperar? É verdade! Após uma pausa, a primeira oportunidade que tive, sai rapidamente da sala e nada. Ela não estava mais ali. Já fora embora.""Fico triste.""Confesso que quando Nádia entrou na sala eu não pude deixar de achá-la atraente, como um lobo, qualquer um gostaria de ter uma companheira como ela. Mas não eu! Eu quero Domenica."Esse desejo por uma humana 'comum' estava em guerra dentro de Valentim."Não sei se Nádia sentiu o mesmo por mim, mas se eu não senti nada, nenhuma conexão, ela provavelmente também não deve ter sentido nada. Pode-se criar afeto, mas o sentimento de satisfação, prazer pleno, de desejo, amor, é apenas com seu companheiro destinado.""Sei que as intenções do meu pai são as melhores possíveis, mas isso não vai dar ce
VALENTIMDomenica rapidamente tira sua mão suave de perto da minha.— Me desculpe senhor. -ela pede desculpas e sai da sala.O quê? Ela é um lobo?Ontem, quando me encontrei com ela, não foi desta forma. Tinha certeza de que ela era uma humana ‘comum’. E hoje Domenica é uma loba!? Foi ela que me puxou para cá!Muitas possibilidades passam por minha cabeça.Ela é meio-sangue?! Só pode ser isso!Ontem foi lua cheia. Ela se transformou pela primeira vez?Um puro-sangue se transforma entre os 10 e 16 anos. Um mestiço entre 18 ou nunca.Domenica já passou de seus 18 anos, o que é estranho. Mas é uma possibilidade!Ela é uma loba mestiça que está atrasada!Se está foi a primeira vez que ela sofreu a transformação, ela deve estar precisando de ajuda. Tenho que encontrar uma maneira de ajudá-la a passar por isso.Como me aproximar sem expor meu bando e a mim mesmo?Passo a manhã toda pedindo documentos para Domenica, café, que são apenas desculpas para poder vê-la.Ela deve achar que sou a pe
DOMENICAQuando minha mão toca a de Valentim, todos os fios possíveis de meu corpo se acendem. Sem jeito e desastrada, peço minhas singelas desculpas e saio. Sento em minha mesa, me abanando. A pouco tempo meu pensamento era de não me envolve com ninguém em serviço. Mas como não gostar de um homem como meu chefe. Valentim é encantador, e eu devo estar ficando louca, só pode.Tenho muitas coisas em minha cabeça. Isso de ter virado um cachorro está me tomando por completo. Meu serviço servirá para me distrair desta situação. E o senhor Valentim me faz ficar bem ocupada. Me pede tanta coisa que esqueço de tudo, do cansaço, de ser um cachorro gigante, comer bicho. Ai, credo.O telefone de minha mesa toca. Com a gentileza em que fui passada para ter, atendo. Uma voz sexy de mulher está do outro lado.— Olá! Meu nome é Nádia, sou a mulher de Valentim. Avise-o que estarei indo até o escritório para o almoço. Tchau!Não consegui dizer nenhuma palavra. Ela simplesmente desligou na minha cara.
VALENTIM— O quê? Você é um lobo também? -Domenica me pergunta.Balanço a cabeça dizendo que sim.— Vou te falar tudo o que quiser, mas venha comer. Por favor.Levo-a até a mesa. O silêncio que fazemos durante a refeição é mortal.Domenica quebra o silêncio.— Esse filé está maravilhoso. Eu realmente estava com muita fome. — Imaginei. -digo. Me delicio em cada mordida e com suas expressões, o que acabam conosco nos entreolhando.— Você deve ter muitas dúvidas! Não?! -falo.— Algumas. E nem sei, por onde devo começar.— Vamos começar do início. Me diga tudo sobre você. Sobre seus pais, quando foi sua transformação, se conhece mais alguém como você.Vejo que ela começa a tentar organizar seus pensamentos antes de falar algo.— Bem, a história é um pouco longa...— Temos todo o tempo do mundo. E estou aqui para te ouvir.— Bem... Sou órfã, desde meus cinco anos moro em um orfanato/convento, meus pais morreram após um incêndio acontecer em nossa casa, não me lembro de muita coisa, foi i
DOMENICA Descobrir que meu chefe é um lobo é um tanto quanto assustador. Saber que existe alguém além de você é uma coisa que me deixa feliz também. Um misto de sentimentos.Ele me trata com um carinho que ninguém antes me tratou, como se eu fosse o seu mundo. Enfim, conto para Valentim tudo o que ele me pede. Dizendo que pode me ajudar, apenas acredito, preciso confiar em alguém e com ele é diferente. Como se pudesse colocar minha vida em suas mãos e descansar. Quando me diz que sou linda meu coração acelera me fazendo sentir coisas estranhas. A conexão que estavamos tendo é atrapalhada quando seu telefone toca. Seu pai. Devo estar atrapalhando algo. E isso não é meu interesse. — Desculpe senhor, você tem seus compromissos e está aqui perdendo seu tempo comigo.Me levanto para ir embora e deixá-lo seguir seu caminho. Sinto um puxão. E meu Deus eu caio em seu colo quente. — Você ainda não entendeu não é? Não tem outro lugar que eu queira estar além daqui. -seu hálito é doce e sin
— Senhor. Por favor. Não devemos fazer isso.— Você não entendeu o que acabei de falar Domenica? Eu não tenho isso com Nádia e sim com você. Meus pensamentos são só para você, minha respiração, cada momento da minha vida a partir de agora é seu.— Mas o senhor vai se casar com ela!!— Não!! Eu não vou me casar com ela. Vou acabar isso o mais rápido possível. É que tem algumas coisas que estão em jogo agora.— Como o quê?Valentim faz silêncio.— Se não quiser falar tudo bem.Eles percebem estar conversando ali no meio do escritório colados. E não querem sair disso.— É que existe mais de nós. Lobos... Existem mais lobos por aí. — Como assim? — É... formamos matilhas… existem dois grandes bandos no mundo. O do meu pai que logo serei o alfa.— O que é alfa? -ela pergunta.— Alfa é o líder da matilha. Todos os outros lobos devem obedecê-lo. Continuando… tem outra grande matilha, a do pai de Nádia. — E por que vocês devem se casar?— Então... temos um conselho de lobos. Lá se discutem