ValentinaAo adentrar o quarto, não me arrependo um segundo da ideia de compartilhar o mesmo cômodo com Diego. Só em caminhar pelo corredor até chegar à suíte, fui me encantando, mas ainda pela delicadeza da decoração e como todo o espaço traz uma paz que é o que preciso agora. Diego deixou nossa bagagem num canto do quarto, avisando que me deixaria sozinha para ter privacidade e que depois ele tomaria banho e se trocava. Aproveite que me encontro sozinha, para explorar a suíte. Uma cama super king, com lençol branco, parede pintada de um rosa clarinho, uma mesa com duas cadeiras de madeira, uma porta de correr, que vi que dava para uma varanda com uma piscina menor com um mini-jardim. O banheiro todo branco, com uma banheira de hidromassagem. O colchão de solteiro, o funcionário, deixou embaixo da cama e os lençóis, dona Francisca disse que mandaria depois. Notei que ela não tinha ideia de quem eu era, nem mesmo o sobrenome no registro fez com que ela entendesse quem são os meus pais
DiegoTomei um banho rápido, com medo dela entrar e me encontrar apenas de toalha. Peguei a primeira calça e camiseta que encontrei na mala, vestindo-me apressado e quando estava saindo o celular tocou. Conversei com o presidente por dez minutos, esclarecendo suas dúvidas e afirmando que a filha se mantinha em segurança.Agora sentado na cama, olho para o celular pensando na roubada que estou entrando, ao ter aceitado vigiar Valentina. Andava cometendo falhas que eu jamais cometeria em vinte anos trabalhando para o pai dela, assim como escondendo situações que conhecendo o doutor Leonardo como conheço, ele nunca aceitaria. Omitir que serei obrigado a dividir o quarto com sua filha mais velha, foi apenas uma das desculpas esfarrapadas proferidas por mim. Ponderava se deveria sair deste quarto, encontrar Valentina e jantar com a garota, como se fosse normal o que anda acontecendo. Respirei fundo, levantei da cama, guardei o celular no bolso da calça jeans e saí do quarto. Me dirigi até
Valentina— Senhorita, ficamos felizes em saber sobre o interesse em auxiliar a ala da pediatria em nosso hospital. Ter escolhido Rio das Pedras para usar como cidade teste é um orgulho para todos nós.O meu encontro com Silvia, a diretora-geral do hospital e maternidade São Vicente foi proveitoso e tenho a certeza que o meu pai vai se orgulhar do trabalho que estou fazendo e de como eu consegui conduzir a reunião.— Garanto a você que teremos uma boa parceria de trabalho. E falo isso como a neta do doutor Ricardo Martinez e não como a filha do presidente.Disse com sinceridade para a mulher.— Só em saber do interesse, em colocar em prática o projeto do governo é algo que nos alegra bastante.Verifiquei a hora no meu relógio de pulso. Passava um pouco das onze da manhã. Eu teria uma reunião com a coordenadora do CRAS do município. Ela é quem me levaria até o orfanato da cidade, para que eu pudesse conhecer e assim repassar para a minha mãe o conversado. Mamãe, tem em mente um projeto
DiegoParei o carro em um estacionamento privativo que encontrei. O clima no carro com Valentina foi tenso e a garota estava com raiva por eu ir dormir no carro, entretanto existem limites que não se podem ultrapassar e eu estou ultrapassando muitos, desde o momento que comecei a fazer a sua segurança. Notei que algo aconteceu enquanto prestava atenção a conversa dela por mensagem e não era a saúde do irmão. O presidente me ligou enquanto a filha se encontrava em reunião, perguntando como Valentina estava, se estava gostando da pousada, o horário que saímos e como os donos estavam tratando a garota. Respondi, com sinceridade, a todas as perguntas e me incomodou quando o senhor comentou que o pirralho daquele Mateus ligou, reclamando da namorada viajando comigo. Ouvir o presidente, se desculpar, que confia plenamente no meu trabalho, que sabe como sou um homem correto e que não poderia ter segurança melhor para cuidar da sua filha mais velha. Toda aquela inventar uma desculpa, sei que
ValentinaO sábado amanheceu ensolarado e eu me preparava para sair, enquanto Diego me aguardava na recepção. A segunda noite dormindo aqui, não foi de todo estranha. Enquanto fiquei na cama de casal, Diego dormiu no colchão de solteiro como deveria ter sido na primeira noite. Ontem, depois do almoço, me encontrei com Thais em seu escritório, conversamos sobre o projeto de ajuda para orfanatos e hoje estou indo visitar o abrigo mantido pelo centro de caridade Nosso Lar. Um local dirigido pela mãe Inácia. Líder religiosa de um centro Umbandista respeitado na cidade. Sua mãe foi quem iniciou tudo, quase sessenta anos atrás e após sua morte, a filha foi quem assumiu tudo. O centro, além de lidar com as crianças órfãs, mantém também um centro de reabilitação que conta com ajuda dos próprios filhos e visitantes que trabalham na área da saúde. Foi muito gratificante conhecer por fotos e vídeos o trabalho dessa senhora e confesso que me sinto ansiosa para ver de perto como tudo funciona. Con
ValentinaO encontro com mãe Inácia e as crianças foi alegre demais. Almoçamos entre risos e conversas. Os mais velhos, contaram sua história para mim, enquanto Diego permaneceu calado o tempo todo, respondendo somente quando necessário. Apesar da cara fechada dele, notei um sorriso discreto em seus lábios, quando Clarinha, a caçula, foi andando a passos lentos até onde Diego estava. Ao assistir à cena, me perguntei se Diego não desejava filhos, ter uma família, já que até onde todo mundo sabe ele é um solteirão convicto. Mãe Inácia fez algumas perguntas, que Diego respondia somente o necessário. Confesso que foi bastante engraçado ver a senhora interrogando o ogro, que respondia praticamente forçado tudo que ela perguntava. Agora estamos na estrada de volta para a pousada. Olhei o GPS em meu celular, percebendo que a cachoeira que Fabrício me disse, está próxima de onde estamos. Sei que Diego vai surtar quando eu pedir para ele desviar o caminho, para que eu possa conhecer o lugar, p
DiegoMulher petulante e mimada! É isso que aquela coisinha teimosa é.Resmungo no carro, tentando controlar a raiva que estou sentindo agora. Valentina, como sempre, avisou em cima da hora que queria conhecer a cachoeira das pedras, mudando o nosso percurso sem avisar com antecedência. Ela sabe muito bem, como detesto mudança de planos e sempre prezo pela organização tanto na minha vida pessoal quanto na profissional. Eu sempre providenciei os lugares que o senhor Leonardo gostava de ir com a esposa, restaurantes, teatros, shows, qualquer lugar que o homem desejava visitar, eu conversava com a gerência horas antes para que ao chegar no local, encontrasse tudo pronto para recebê-lo. Isso levo comigo há anos, mas agora aquela garota anda testando todos os meus limites, fazendo com que eu faça coisas que jamais faria em qualquer situação. Decidi ficar no carro, aguardando a diversão dela acabar, entretanto, o bom senso falou mais alto, fazendo com que eu acabe mudando de ideia, saindo d
ValentinaQue beijo gostoso esse homem tem!Diego desliza as mãos enormes pelas minhas costas, parando na minha bunda e acariciando a pele. Quero mais do que esses beijos, entretanto preciso me afastar dele, pois o que estou fazendo é errado. Mesmo que tenha cometido uma loucura, quando puxei o meu segurança para um beijo, corro o risco dele contar tudo para o papai e o senhor Leonardo é capaz de me matar, quando descobrir que ataquei a sua sombra. Ele mordeu o lábio inferior, me arrancando um sorriso e fui pega de surpresa, ao ter ele se afastando de mim. Permaneço de olhos fechados, evitando olhar para o seu rosto. Devo estar vermelha como um pimentão, envergonhada por ser impulsiva num momento de insensatez vindo de mim.— Vista sua roupa, pegue suas coisas e vamos embora daqui.Ouço a voz rouca dele, falando comigo. Abro os olhos encontrando Diego na minha frente, me olhando com o mesmo desejo de minutos atrás, porém com um semblante sério que me causou um arrepio na espinha ao ol