Ao sair da delegacia, Bridget inspirou fundo, tentando afastar o desconforto que as imagens da câmera haviam deixado."Foi só coincidência… ou alguém realmente estava me observando?"Ela sacudiu a cabeça, recusando-se a alimentar a paranoia. Precisava focar na reforma da livraria. Com esse pensamento, seguiu em direção à loja da decoradora.Mas, à medida que caminhava, um arrepio percorreu sua espinha.A sensação de estar sendo observada voltou, mais intensa.Bridget diminuiu o passo e olhou discretamente para os lados. Nada. Apenas algumas pessoas andando, carros passando e o vento balançando as folhas das árvores."Calma, Bridget. Não tem ninguém…"Ainda assim, o incômodo persistia.Ao virar a esquina, chocou-se contra alguém. Seu corpo enrijeceu.— Mas que… — começou a falar, mas as palavras morreram na garganta quando seus olhos encontraram o rosto da mulher à sua frente.Agnes.Seu estômago revirou.O choque logo deu lugar à raiva. Aquela mulher... sua ex-madrasta. A mesma que fo
Ao sair da loja de Fernanda, Bridget sentiu o estômago roncar e olhou para o relógio. Já estava na hora do almoço. Depois de toda a correria da manhã, ela merecia uma pausa. Caminhou até um restaurante charmoso que ficava ali perto, um daqueles bistrôs aconchegantes com decoração rústica e aroma de comida caseira no ar. Escolheu uma mesa próxima à janela e pegou o cardápio. Após alguns minutos analisando as opções, decidiu pelo risoto de camarão com toque de limão siciliano e uma taça de suco de morango com hortelã. O garçom anotou o pedido com um sorriso profissional, e ela agradeceu. Enquanto esperava, pegou o celular e começou a revisar alguns documentos da editora. Bridget sempre aproveitava esses momentos para adiantar trabalho. Estava concentrada em um artigo quando recebeu uma mensagem da mãe. Mãe: Filha, estou preparando um jantar especial hoje! Sua despedida antes de ir para a casa dos Millers. Quero que seja memorável! Bridget sorriu. Sua mãe era um amor. Bridget: Mãe,
Bridget entrou no táxi e observou pela janela enquanto a cidade passava como um borrão. O incidente com Maxwell ainda rondava sua mente, mas ela o afastou com um suspiro. Havia coisas mais importantes para lidar… Como a sua chegada à Mansão Tulipa Azul.Assim que o táxi parou diante dos imponentes portões da propriedade, Bridget pagou a corrida e desceu. O ar ali era diferente, carregado com a nostalgia dos anos que havia passado naquela casa. O enorme jardim florido era impecável, como sempre, e o cheiro das tulipas misturava-se com o frescor da grama recém-cortada.No meio daquele cenário elegante, Vovó Nívea estava sentada em uma espreguiçadeira sob a sombra de uma cerejeira, balançando-se levemente enquanto segurava uma xícara de chá. Seus olhos experientes logo encontraram os de Bridget, e um pequeno sorriso se formou em seus lábios.— Ah, minha querida… Finalmente chegou.Bridget caminhou até ela e se inclinou para um abraço. O perfume floral da avó sempre lhe trazia uma sensaçã
Andrew planejou cada detalhe daquele jantar especial com cuidado meticuloso. Na ala VIP do hospital, ele já havia preparado o quarto: um ambiente acolhedor e intimista, transformado com um toque de requinte. Sobre a mesa, pequenos arranjos de velas finamente trabalhadas lançavam sombras suaves pelas paredes, criando o clima perfeito para a noite.Antes de tudo, Andrew pediu a Laura que tomasse um banho relaxante. “Querida, relaxe um pouco – vou cuidar de tudo,” sussurrou ele, com um olhar terno. Enquanto ela se entregava ao vapor do banho, Andrew saiu para buscar os pratos preferidos dela, dirigindo seu luxuoso Mercedes-Benz S600. Equipado com um sistema de conectividade de última geração, o carro sincronizava perfeitamente com seu celular, permitindo que ele acompanhasse cada atualização digital.Ao retornar, Andrew deixou sobre a cama uma caixa cuidadosamente embrulhada com um laço de cetim, um presente que revelava seu carinho e atenção.Horas depois, Laura saiu do banho e, ao pass
Laura viu os stories de Andrew na rede social e ficou surpresa ao perceber que ele havia repostado sua atualização. Um sorriso triunfante apareceu em seus lábios. Será que ele estava começando a lembrar do passado dos dois? Será que, finalmente, teriam seu felizes para sempre? Desde que ficou internada, Andrew parecia estar se acostumando com ela novamente, e talvez estivesse começando a amá-la de novo. Mas, claro, ela sempre se certificava de dar os remedinhos certos para ele — aquilo estava ajudando a manter sua amnésia. — O problema vai ser quando ele for para a mansão Miller — murmurou para si mesma, pensativa. — Vai ficar difícil dopá-lo... Mas ele sempre vem me visitar. Talvez eu consiga a alta antes que ele recobre a memória. Gustavo pode me ajudar com isso. Enquanto Laura estava absorta em seus pensamentos, Andrew, que até então estava sentado no chão com o notebook apoiado nas pernas, distraído com algumas tarefas do trabalho, virou-se para encará-la. Ele percebeu o olhar d
Vitória se aproximou devagar e sentou ao lado de Bridget, que ainda enxugava os olhos com um lenço. O silêncio entre elas foi acolhedor por um momento, até que Vitória, com um sorriso triste, segurou a mão da amiga.— Agora eu entendo o porquê de você ir para a mansão, Bridget — disse com a voz baixa e firme. — Seja como for... eu te apoio, tá? Não é fácil, mas você está sendo muito corajosa.Bridget levantou os olhos, os cílios ainda molhados.— Eu só queria que tudo isso fosse mais simples, Vi. Que o amor fosse mais simples, que a vida não colocasse a gente em situações onde a gente tem que escolher entre o coração e o que é certo.Vitória apertou sua mão.— Às vezes... o que parece errado para todo mundo, é o que faz sentido para a gente. E ninguém vive a sua dor como você. Eu só quero que você saiba que estou aqui, mesmo que eu não concorde com tudo, eu vou sempre estar aqui.Camila, que até então estava encostada na poltrona, cruzou os braços e lançou um olhar incisivo para as du
— Esse café tem gosto de saudade — disse Melinda, segurando a mão da filha por um instante.— Você é forte, minha menina — falou vovó Nívea, emocionada. — Vai pra essa casa com o coração aberto, mas lembre-se sempre de quem você é. Você é uma Jones.Bridget sentiu o nó na garganta apertar. Tentou manter o sorriso, mas seus olhos brilhavam de lágrimas.— Eu prometo que vou me cuidar... e prometo tentar ajudar Andrew, mesmo que ele não queira. Por mim. Por vocês.Melinda segurou o rosto da filha com as duas mãos, beijando sua testa.— Você é o melhor de mim, Bridget. Vai com Deus, minha filha.Pouco depois, com malas no carro, as amigas e a família a acompanharam até a saída da mansão. Abraços apertados, promessas de ligações e visitas. Camila, Vitória e Callie foram as últimas a abraçá-la.— Se ele te machucar, a gente invade aquela mansão e arrasta ele pelos cabelos — brincou Camila.— Mas se ele abrir o coração... então você faz o que achar melhor — completou Callie.— Eu só quero qu
A noite desceu sobre a mansão Millers com um silêncio desconfortável. Bridget continuava no quarto de hóspedes, sentada na beirada da cama, olhando fixamente para o braço onde os dedos de Andrew haviam deixado uma leve marca avermelhada. Mais do que a dor física, era o peso do desprezo que a sufocava.Ela respirou fundo. As palavras dele ainda ecoavam na sua mente: “A mulher que eu amo é a Laura. Você não é bem-vinda.”Ela pensou em voltar. Em arrumar suas coisas e sair naquela mesma noite. Mas não podia. Algo dentro dela dizia que desistir agora era dar vitória a tudo o que estava errado — inclusive à própria Laura.Cida apareceu no quarto com uma bandeja de chá quente e biscoitos amanteigados, como costumava fazer nos tempos da mansão Tulipa Azul. Bridget sorriu com os olhos marejados.— Eu soube o que aconteceu — Cida disse suavemente. — Não deixe isso apagar quem você é, minha menina.— Ele não lembra de mim, Cida — Bridget disse, a voz embargada. — Mas o pior é que ele me odeia.