Começa o Jogo

Naquela noite, o céu estava tingido por um azul escuro profundo, pontilhado por estrelas que mal brilhavam. Bridget sentou-se no antigo sofá da sala de estar da casa de sua avó. Com uma xícara de chá nas mãos, observava distraída o movimento das sombras na varanda. Sua avó, Nívea, estava dormindo no andar de cima, e Cida já tinha recolhido todos os pratos após o jantar.

O dia havia sido intenso. Entre o reencontro emocionante com as amigas e o inesperado encontro com Andrew, Bridget sentia sua mente em ebulição. Quem era aquele homem que parecia tão fora de lugar e, ao mesmo tempo, tão intrigante? Algo nele mexia com ela de uma forma que não conseguia explicar.

Seu devaneio foi interrompido por uma notificação no celular. Era uma mensagem de Camila:

Camila: "Amiga, você pesquisou o boy misterioso? Ele é de outro planeta, sério. Me conta tudo se descobrir algo!"

Bridget revirou os olhos, mas não pôde evitar um sorriso. Camila tinha o dom de aliviar qualquer tensão. Antes que pudesse responder, um som suave chamou sua atenção.

Era a campainha.

Bridget franziu a testa. Àquela hora? Ela deixou a xícara sobre a mesa e caminhou até a porta. Ao abri-la, ficou surpresa ao se deparar com um envelope cuidadosamente selado, sem remetente. Olhou ao redor, mas não havia ninguém à vista. Pegou o envelope com curiosidade e voltou para dentro.

Ao abrir, encontrou uma folha de papel elegante com letras impressas. O conteúdo, no entanto, fez seu estômago revirar:

"Querida Bridget,

 Nem todos na sua família estão dispostos a seguir as regras. Fique de olho, ou tudo o que você ama pode ser tirado de você novamente."

Ela engoliu seco, sentindo a adrenalina pulsar em suas veias. Quem poderia ter enviado aquilo? A ameaça era vaga, mas não menos perturbadora. Bridget sabia que sua volta para a mansão Jones não seria fácil, mas agora parecia que os desafios seriam muito maiores do que imaginava.

Enquanto isso, na casa de Andrew...

Andrew estava no estúdio de sua casa, mas o cursor piscando na tela em branco parecia zombar dele. Ele havia sentado para escrever horas atrás, mas as palavras simplesmente não vinham. Sua mente estava presa em Bridget.

Ele não conseguia entender a intensidade daquele encontro. Nunca havia sentido algo tão imediato e, honestamente, tão perturbador.

Está pensando nela de novo, não é? – disse Marcos, entrando no estúdio com uma xícara de café.

Andrew o olhou, frustrado.

Não começa.

É sério, Andrew. Você conhece a fama daquela família. A última coisa que você precisa agora é de mais drama.

Andrew suspirou e passou a mão pelos cabelos bagunçados.

Não é sobre drama. É algo... diferente. Eu não sei explicar. É como se...

...vocês estivessem destinados? – completou Marcos, zombando.

Andrew não respondeu. Talvez fosse isso. Talvez não. Mas uma coisa era certa: ele precisava entender o que estava acontecendo.

Marcos balançou a cabeça, exasperado.

Tudo bem, mas só um aviso. Essa história de destino normalmente termina em confusão.

No dia seguinte...

O sol mal havia surgido no horizonte quando Bridget decidiu agir. A mensagem ameaçadora que recebera não a deixara dormir, e agora ela queria respostas. Se alguém achava que poderia intimidá-la, estava muito enganado.

Após passar a manhã investigando discretamente sobre Agnes e sua relação com a livraria de sua mãe, Bridget decidiu ir até o café que costumava frequentar antes de partir para Nova York. Ela precisava de um lugar para organizar seus pensamentos.

Ao entrar, no entanto, parou de repente.

Lá estava ele. Andrew.

Sentado em uma das mesas no canto, com uma pilha de anotações e uma expressão concentrada, ele parecia completamente alheio ao fato de que estava no mesmo lugar que ela – de novo.

Bridget hesitou por um momento, mas então ergueu o queixo. Não havia motivo para evitá-lo. Pegou seu café e, sem pensar muito, caminhou até a mesa dele.

Olá, Andrew.

Ele ergueu os olhos, claramente surpreso ao vê-la ali. Por um instante, parecia que não sabia o que dizer.

Bridget... Oi.

Parece que continuamos nos esbarrando – ela disse, tentando soar casual.

Andrew sorriu, um pouco sem jeito.

Talvez seja o destino, afinal.

Ela riu, mas havia uma leve tensão no ar.

Talvez. Ou talvez essa cidade seja pequena demais.

Andrew indicou a cadeira à sua frente.

Quer se sentar?

Bridget hesitou, mas acabou concordando. Sentou-se, cruzando as pernas e apoiando o café na mesa.

Então, Andrew, o que faz da vida?

Ele deu de ombros.

Escrevo. Ou tento, pelo menos. E você?

Também escrevo, mas, no momento, estou lidando com... assuntos de família.

Andrew notou a mudança sutil na expressão dela ao mencionar "família". Havia algo pesado ali, algo que ela claramente não queria discutir.

Parece que temos algo em comum – ele disse, tentando aliviar o clima. – Escritores com vidas complicadas.

Bridget sorriu, mas antes que pudesse responder, seu celular vibrou sobre a mesa. Ao pegar o aparelho, sua expressão ficou séria.

Tudo bem? – Andrew perguntou, preocupado.

Bridget olhou para ele, com uma expressão indecifrável.

Parece que alguém está me chamando de volta para o campo de batalha.

Ela se levantou, guardando o celular na bolsa.

Foi bom te ver de novo, Andrew.

Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela já estava indo embora, deixando-o com uma sensação estranha – e uma certeza de que ele queria vê-la novamente.

Do lado de fora do café, Bridget respirou fundo e leu a mensagem novamente:

"Você está jogando um jogo perigoso. Tome cuidado com seus próximos passos."

Dessa vez, ela não sentiu medo. Sentiu raiva. Se achavam que podiam intimidá-la, estavam muito enganados.

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