A escuridão diante deles era absoluta. Mesmo com as tochas acesas, os túneis ocultos pareciam engolir a luz como um abismo faminto. O ar ali era mais denso, úmido e impregnado por um cheiro antigo de pedra e terra. Amélia sentia o coração bater com força — parte por medo, parte por certeza. A voz no vento ainda ecoava em sua mente, e algo dentro dela dizia que estavam no caminho certo.Damian caminhava ao seu lado, sua presença sólida como uma rocha. À frente, Zard examinava as paredes esculpidas, tocando símbolos desgastados pelo tempo.— Esta passagem foi selada por muito tempo — murmurou o ancião, seus dedos deslizando sobre inscrições quase apagadas. — Esses símbolos... são de uma era anterior à queda dos antigos lupinos. Isso não é apenas um túnel. É uma via esqueci
A entrada do templo natural parecia um véu de pedra e raízes entrelaçadas, como se a própria natureza o quisesse ocultar dos olhos do mundo. Ao adentrar o espaço sagrado, o grupo foi tomado por um silêncio acolhedor, quase reverente. O interior era amplo, esculpido de forma orgânica entre as rochas e a vegetação milenar, e ao centro havia um lago cristalino. A água refletia a tênue luz que filtrava por fendas no teto de pedra, criando um jogo de brilhos dançantes sobre as paredes cobertas de musgo.O som da água fluindo suavemente alimentava uma sensação de paz, aliviando, ainda que momentaneamente, o peso da jornada. Era como se o templo sussurrasse promessas de descanso e sabedoria. O grupo se espalhou ao redor do lago, alguns se deitando nas pedras aquecidas pelo calor suave que emanava do centro da terra, outros apenas observando o espelho d’água, como se esp
A noite havia se instalado suavemente sobre o templo natural, tingindo de prata as bordas do lago e realçando os contornos das estalactites brilhantes no teto da gruta. Um silêncio respeitoso pairava no ar, como se até o vento se curvasse diante da presença milenar daquele santuário. A gruta parecia respirar com eles, viva, pulsante, acolhendo suas dúvidas e oferecendo paz.Amélia, ainda tomada pelas revelações da profecia, sentia seu corpo leve, como se um chamado antigo vibrasse em cada célula. Não conseguia dormir, e algo dentro dela, um sussurro silencioso, guiava seus passos para além da câmara onde estavam. Saiu da área do templo onde o grupo descansava e seguiu por um estreito corredor moldado pela própria natureza.Foi então que a luz da lua, penetrando por uma fissura alta da gruta, iluminou um caminho disfarçado por p
Com as frutas cuidadosamente envoltas em folhas grossas e resistentes, Amélia e Damian retornaram à gruta sagrada. A luz prateada da lua ainda banhava o caminho de volta, como se cada passo fosse guiado por uma força superior. O templo natural, com suas paredes cobertas por musgos brilhantes e o lago cristalino no centro, os acolheu em um silêncio respeitoso, como se o local também esperasse pela partilha daquele presente celestial.Os olhos dos companheiros se iluminaram ao ver os dois retornarem com alimento. Após dias de escassez, o aroma adocicado das frutas despertou esperança e alívio. Zard aproximou-se, analisando-as com cuidado antes de aprovar:— São frutas sagradas. Crescem apenas em locais tocados pela magia ancestral.Todos se reuniram em círculo, partilhando as frutas em silêncio reverente. Ao saboreá-las, uma sensação de calor e bem-estar se espalh
A madrugada havia cedido lugar a um amanhecer tímido, filtrado pelas fendas naturais no teto da gruta-templo. A claridade suave da aurora atravessava delicadamente a névoa tênue que dançava sobre as águas calmas do lago central, criando reflexos dourados nas pedras úmidas e musgosas ao redor. O ar ainda estava fresco, carregado do cheiro mineral da terra e do aroma adocicado das frutas recém-colhidas, que agora repousavam junto aos mantimentos do grupo, como um presente silencioso da floresta.Amélia despertou pela segunda vez, desta vez não com sobressaltos, mas envolta em uma estranha paz. Sua mente estava vívida com o que tinha vivenciado no sonho com Júlia. Cada detalhe parecia tatuado em sua memória — a forma como os braços da antiga amiga a acolheram, a névoa translúcida que as envolveu e as conduziu ao passado, e, acima de tudo, o instante avassalador em que a
O templo natural parecia mais desperto naquela manhã, como se a terra, as pedras e o lago tivessem escutado cada palavra dita por Amélia e Zard nas primeiras horas do dia. A luz dourada do amanhecer filtrava-se pelas fendas da caverna com mais intensidade, refletindo-se nas águas calmas do lago, que dançavam com uma tranquilidade quase cerimonial. O silêncio não era vazio, mas carregado de presença — como se os ancestrais estivessem observando, atentos, cada passo do grupo.Amélia voltou ao grupo e encontrou Damian já desperto, sentado sobre uma rocha plana, os olhos fixos no movimento da água. Ao vê-la se aproximar, ele sorriu — um sorriso pequeno, mas carregado de afeto e compreensão.
O templo natural os havia acolhido como um ventre antigo da terra, mas agora começava a pulsar com a vibração de um adeus. Cada pedra, cada fresta por onde a luz da lua se infiltrava na noite anterior, agora parecia mais opaca, como se aquela sagrada morada soubesse que sua missão havia terminado.Zard havia guardado o fragmento lunar com todo o cuidado, embrulhando-o em um tecido de linho antigo que levava consigo, como um artefato sagrado que carregava o destino não só da loba branca, mas de todos os descendentes da lua.A saída da gruta era silenciosa, quase solene. As botas tocavam o chão com suavidade, como se todos os membros do grupo estivessem conscientes da importância daquele momento. Ethan, sempre o primeiro a quebrar o silêncio com uma piada ou provocação, mantinha os lábios cerrados e o olhar atento às árvores que se estendiam do lado de fora. Maya andava
A manhã ainda era jovem quando o grupo partiu da clareira sagrada, deixando para trás o templo natural e as revelações que haviam transformado cada um deles. A floresta ao redor parecia silenciosa demais, como se observasse seus passos com olhos invisíveis entre os troncos retorcidos e as folhas que dançavam ao vento.O chão estava coberto por um tapete grosso de musgo e folhas caídas, abafando o som dos passos. As árvores ficavam mais altas e mais densas à medida que avançavam, como guardiãs de um segredo ancestral. O sol mal conseguia penetrar entre as copas, criando feixes dourados que iluminavam pequenas partes do caminho, como se a própria natureza os orientasse a seguir por ali.— Isso aqui est&aacut