O vento na floresta havia mudado, agora mais intenso, como se estivesse pressionando o tempo para avançar. A neblina ainda se erguia, seu manto suave envolvendo as árvores e os passos de Amélia e Damian, que agora sentiam o peso da revelação que havia acabado de ser feita. O sacrifício. A verdadeira natureza do que eles buscavam não era mais um simples objeto perdido ou uma energia a ser restaurada. Era algo muito mais profundo, algo que desafiaria os próprios limites de seu vínculo.
Amélia caminhava em silêncio ao lado de Damian, seus pensamentos em turbilhão. O que significava realmente esse sacrifício? O que seriam obrigados a perder para que o equilíbrio fosse restaurado? A floresta parecia viva, mas sua beleza, que antes os envolvia como um abraço, agora os observava com uma vigília implacável.
— Damian... — A voz de Am&ea
O tempo parecia escorregar por entre os dedos de Amélia e Damian, enquanto continuavam sua jornada de volta à matilha. Dois dias haviam se passado desde o último encontro com a mulher enigmática na clareira. A floresta, ainda densa e misteriosa, parecia respirar em silêncio ao redor deles. O caminho estava deserto, sem sinais de vida, como se a própria terra estivesse em espera.Amélia sentia que algo estava se aproximando, uma presença invisível que se estendia além das sombras das árvores, além dos limites do que era visível aos seus olhos. Ela sabia que a escolha que precisavam fazer, o sacrifício que os aguardava, estava mais perto do que nunca. Mas havia algo mais, algo que ela não conseguia identificar, que a deixava inquieta, como se uma sensação de ser observada estivesse crescendo.Ao lado dela, Damian caminhar estava com a mesma
Os últimos dias haviam sido longos e silenciosos, marcados apenas pela cadência dos passos na floresta e o som distante do vento que cortava as árvores. Amélia e Damian, embora próximos, estavam distantes em pensamento. O peso da proposta de Gabriel ainda pairava sobre eles como uma nuvem densa, uma dúvida que se infiltrava nas palavras não ditas e nos olhares furtivos. O que seria necessário sacrificar? O que Gabriel realmente queria deles? Eles não sabiam, mas sabiam que estavam cada vez mais próximos de uma escolha inevitável.Finalmente, o grupo que os acompanhava – Zard, Ethan, Julia e os outros – alcançaram Amélia e Damian. A jornada de dias os levara até ali, próximos o suficiente de casa para sentir que o peso da missão estava, ao menos temporariamente, aliviado. Os olhos cansados de Zard se suavizaram ao ver o semblante familiar da
O amanhecer surgiu com uma calma incomum, como se o mundo ainda estivesse processando a jornada que os levara até ali. A luz suave da manhã tocava as folhas da floresta, iluminando o caminho de Amélia e Damian, enquanto o grupo continuava sua jornada. O vento, que antes estava pesado com o cheiro da neblina, agora parecia mais leve, quase como se estivesse permitindo que a terra respirasse novamente. Mas, ao mesmo tempo, havia algo no ar que não podiam ignorar. A sensação de inquietação ainda os acompanhava.O amuleto de Amélia pulsava suavemente, como se estivesse em sintonia com o próprio coração da floresta. Cada passo que davam a aproximava mais de casa, mas também trazia à tona a sensação de que, por mais próximos que estivessem, o verdadeiro teste ainda não havia começado. O encontro com Gabriel, suas palavras enigmáti
Amélia não conseguia tirar as palavras do guardião da floresta de sua mente: “A dúvida tem uma consequência.” Aquilo ressoava em sua cabeça, reverberando como um eco distante, uma sombra que parecia se arrastar, mais pesada a cada passo que dava. O deserto ao seu redor, que antes havia sido o próspero lago de regeneração, era agora o reflexo tangível de uma dúvida interna que ela ainda não havia enfrentado.Enquanto o grupo se organizava para seguir em frente, Zard e Julia discutiam em voz baixa, suas expressões preocupadas. Eles sabiam que algo estava errado, mas não sabiam exatamente o quê. O calor do deserto, o ar espesso e abafado, a falta de vida... tudo isso parecia um pesadelo. O mundo ao redor parecia ter sido distorcido, como se as forças naturais tivessem sido alteradas de algum modo.Amélia, perdida em seus p
O amanhecer parecia mais denso do que nunca, com a luz fraca filtrando através das árvores, como se a própria natureza estivesse hesitante sobre o que o dia traria. O silêncio que envolvia o grupo era profundo, mas o peso das decisões pairava no ar como uma sombra constante, mais espessa a cada passo.Amélia caminhava, os olhos fixos no horizonte, mas sua mente estava em outro lugar. A dúvida, que Gabriel havia plantado em seu coração, ainda a consumia. O que estava em jogo? O que ela teria que perder para restaurar o equilíbrio? A escolha, que parecia impossível de fazer, estava sobre ela, e a terra ao seu redor parecia refletir a dúvida em cada árvore, em cada folha que caía.Dam
O ar na floresta estava pesado, como se cada folha, cada galho, estivesse retendo um segredo sombrio. Amélia e Damian haviam se afastado do grupo, o caminho diante deles se tornando cada vez mais tortuoso e confuso. A névoa que se formava ao redor deles não era como a que haviam encontrado antes. Era densa, pegajosa, como se estivesse tentando aprisioná-los dentro de seus próprios pensamentos.Amélia, com o coração acelerado, olhava ao redor, tentando discernir o que estava real e o que não estava. As árvores, agora, pareciam se curvar sobre elas, suas raízes se entrelaçando como se quisessem manter os dois em um abraço apertado. Damian, ao seu lado, estava igualmente em alerta, seus olhos vasculhando a escuridão que os cercava. Mas, em meio à tensão crescente, ele sentiu algo que o fez parar de repente.— Amélia... — Ele murm
Antiope era uma vila cercada por colinas ondulantes e bosques de carvalhos tão antigos quanto o próprio tempo. As casas de pedra, cobertas de trepadeiras floridas, pareciam emanar um calor acolhedor, mas sob essa aparente tranquilidade escondia-se um medo enraizado. O nome do Alfa ressoava como um trovão nas conversas sussurradas. Ele governava não apenas a vila, mas também os corações de seus habitantes, que andavam sempre com olhares baixos e passos apressados, como se até mesmo o vento pudesse levar suas palavras para ouvidos errados.No meio dessa realidade opressora, vivia Amélia.Desde muito jovem, a vida lhe ensinara a sobreviver com pouco. Seus pais foram arrancados dela antes mesmo que tivesse idade para compreender a dor da perda. A memória deles era um borrão distante, fragmentos de vozes e risadas que às vezes vinham nos sonhos, apenas para desaparecer ao amanhecer. A vila, que deveria ter sido seu lar, virou um lugar onde não havia espaço para uma órfã. Sem ninguém que a
O silêncio entre eles era espesso como a neblina que pairava sobre a floresta. Amélia caminhava um passo atrás do filho do Alfa, os olhos atentos a cada detalhe do caminho. As árvores pareciam se curvar à presença dele, os pássaros silenciavam ao seu redor, e até o vento hesitava em soprar. Ela deveria ter fugido. Deveria ter resistido. Mas algo nela — talvez o instinto, talvez o cansaço de viver sozinha — a impediu. O cheiro de terra úmida começou a se misturar com algo mais denso, algo que fazia seus pelos se arrepiarem: o cheiro de outros lobos. Eles estavam perto. Muito perto. Seu coração começou a bater mais forte. O que ele queria com ela? Quando os portões da matilha surgiram à frente, sua respiração ficou rasa. Eram enormes, de madeira escura reforçada com ferro, e guardados por dois homens de olhar predador. Eles a observaram com curiosidade, mas não ousaram questionar o filho do Alfa quando ele passou por eles, trazendo-a consigo. Amélia se encolheu ao sentir dezenas de