A batida da músicas vinham para todos os lados da favela, caminhei na frente, enquanto as duas mulheres tanto Camila e Jéssica, não me importavam tanto.O problema estava em sair de casa, em sair do meu conforto, a medida que andei sentir falta somente de uma jaqueta, a cada passo em meio a multidão algumas mulheres nos olhavam, certa moradoras dali, ou não, notei algumas patricinhas também, e elas não eram da favela.Seus olhos nos avaliavam, ou melhor o de algumas devorarava-me por inteira. - Tessa! - Parei quando a voz masculina ecoou em alto som.A nossa frente surgiu o homem que menos esperava que me chamasse, que viesse até mim, não ali naquele lugar, o morro de Manguinhos.Inspirei profundo enchendo o meu peito de ar, os fazendo inflar. - Boa noite...- Afastei um pouco quando o seu hálito de hortelã veio na minha direção.Olhei pra Messias de baixo, ele é mais alto que eu pouca coisa, mas admito, estou me habituando a algo maior, não que me agrade pensar nesta perspectiva.- Boa noit
Quando Romano me passou as informações dos caras que estiveram no morro, rodando geral, eu já tinha visão de quem eram todos eles, mas ainda assim queria confirmar.O filho da puta não mentia, tava mesmo com a gente, enfiei a mão no bolso tirei umas notas, contei dei pra ele mim reais, fiquei com o dinheiro estendido no ar.Ele olhava sério pra a minha preta. - Own tira o olho porra, tem mulher lá embaixo a rodo, essa é minha mulher. - Lhe vi abaixar a cabeça, afirmando.- Bonita a sua mulher, já casaram?- Não ia responder ele já tava perguntando demais. - Não, nós não somos casados, não é Rodrigo?Olho pra ela um pouco pálida ao responder, o clima era estranho pra porra. Mas como é do asfalto, realmente não deve tá acostumada com tudo isso.- Não. - Respondi seco. - Então é isso chefia precisando tamo aí- o Sacana me deu a mão, apertei satisfeito, não era o primeiro serviço dele, desde que o cabo morreu, mas entre um e outro, eu era mais o sacana do Hernan, o moleque era piá em trazer os
Subi o morro sozinha, saberia a distância que ele estava me olhando até onde teria os seus olhos sobre mim? Porque eu gosto tanto dos seus olhos em mim, sobre mim deste jeito? Como se eu realmente fosse dele?Não, isso não importava, caminhei passo a passo subindo a ladeira, ao chegar perto do portão, olhei pra trás, ele não mais estava ali em baixo me olhando, e mais uma vez a solidão me abatia, abaixei a cabeça perto do portão preto de zinco, o que eu faço da minha vida depois de tudo isso?Estava pensativa até escutar choro baixo, era um choro de chiado, um choro engolido sofrido, ergui a cabeça olhando em volta, não havia como continuar normal, nem de longe, tampouco de tão perto, uma mulher de pele escura sentada ou melhor caída, calça gliter meio dourada, salto bem fino.O choro baixo não parava, andei em sua direção com receio, até chegar na beirada da casa de azuleijos em pedaços, ela estava de cabeça baixa, a garrafa de vodka vermelha do lado, dava para ver as lágrimas escorrend
Fiquei sentada uma boa parte do tempo observando o Rodrigo, ir e vir, dar ordens, a verdade é que a cada segundo que se passava ele se revelava um homem de várias faces.Frio, calculista, impussivo, mas quando me olhava mudava o olhar, naquele mesmo instante ali se mostrava alguém que eu não via antes.Os seus olhos me avaliavam enquanto percorria me com atenção minusciosamebte. Oitos dos seus estavam ali, todos eles relatando como foi a noite do baile, era um retorno então, mas o motivo de terem parado, eu ainda não sabia.- Bem... - Todos eles viraram-se para me olhar, curiosos atentos, jovens com futuros a vista, mas estavam ali se perdendo no crime, bonezins de cores diferentes, marcas e estampas, alguns de camisas outros sem, mas a bermuda de tecido liso, leve colorido ou não, era tradicional, aparelho nos dentes, talvez algum tipo de moda.Mas era evidente que a cor, o colorido era hábito por ali. - ... Eu vou descer, vou ver se a sua mãe precisa de ajuda ou a sua irmã.Ele veio até
Eu deveria me afastar, correr dela, porque a Tessália não é uma mulher interessante como as outras que eu já havia conhecido, pela beleza, pelo corpo, não entendia exatamente o que me faz ficar fixado por tanto na malicia um pouco ingênua que tem o brilho dos seus olhos, a curvatura impecável, incomum do seu sorriso.A maneira que lida com os seus cabelos, sem pretenção alguma de atrair olhares, atenção para si, não me cansava de olhar enquanto ela do meu lado dentro do carro observava vagamente cada canto do morro, cada canteiro, cada entorno, tão atenta ao lugar como se estudasse sobre ele.— Você sabe quantas pessoas moram aqui ao todo? — Perguntou de repente sem me olhar, enquanto eu dividia a atenção com a estrada e ela, saindo do morro, neguei. — Não, nunca pensei nisso, na nossa cabeça não passa esse tipo de coisa, quantos mora ou não, apenas mora, pow.Continuou olhando pra geral, até que saimos realmente pela mata. — Se o morro fosse invadido, você fugiria ou ficaria e lutaria p
Mais uma vez estavámos ali, no lugar de ceife, deveria ser para mim o tributo de morte como uma sentença, mas era ele, somente ele, nu completamente de corpo, a boca próxima a minha falando em sussuros, gemidos com tanto carinho, a maneira que se encaixava tão bem entre as minhas pernas.A sua mão sobre a minha cabeça, seus dedos entrelaçandos aos meus, sem aperto, apenas juntos, a sua respiraçã ofegante a minha também, como eu me livraria de tudo isso depois que essa história acabar? Não faço ideia, e nesse instante em que os meus olhos estão completamente fixos aos seus, eu não saberia tampouco distinguir esse homem de um assassino.— A gente tá demorando uma cara pra se ver, eu quero te ver todos os dias. — Continuei focada em seu rosto, ao ouvir mais um sussuro baixo, o pouco de suor na sua testa alinhada, a pele escura marcante. — Tá me ouvindo Tessália?Apesar de amar o meu nome, naquele momento parecia que eu nem era eu. — Amor? — Espera amor? Ele disse que gosta de mim, que amor
Tessália saiu do carro,me deixando pra trás, depois de ter dito que gostava dela, depois de ter me feito desejar ter uma familia, era pura ambição de um moleque de favela, sem pai, criado no crime, capaz de tudo pra sobreviver, chega no auge querendo uma menina bacana, patricinha, a vida toda arrumada, fina desde o jeito de falar, agir e pensar.Eu não tinha nada a oferecer a ela, ainda assim queria que ficasse, seria egoísmo meu, dá ibope pra a porcetagem dos meus pensamentos,de forçar que ficasse, pedir qualquer coisa que fosse atrapalhar o futuro dela. Eu jamais poderia dá algo bom.No morro a vida não é fácil, nem dava pra imaginar a Preta subindo e descendo o morro, a barriga encostada no fogão, ou no tanque, eu vi quando ela entrou no condomínio, nunca doeu tanto deixar alguém ir, ela me doía pra porra, mas deixei, era preciso deixar ela ir, ninguém é feliz onde é obrigado ficar.Voltei pra o morro, mas não voltei bom, odiava a minha vida naquele lugar,não que ela fosse ruim, mas e
Era impossível, o que a minha mãe disse era impossível, inaceitável, eu cresci vendo os dois rindos pelos cantos da casa, conversando, meu pai sempre levando e trazendo as sacolas, ela ajeitando a sua farda antes de ambos sairem.— Mãe eu sei que tá fazendo falta, que o meu pai não esta mais aqui, entendo que sinta a falta dele, eu também sinto, mas o meu pai sempre foi um homem muito bom, gentil, carinhoso, atento. — Ela assentiu afirmando mais de uma vez com a cabeça. — Sim, ele era perfeito, não estou dizendo o contrário, ótimo pai, maravilhoso amigo, perfeito companheiro, Tessália.Para mim não fazia sentido algum, pra ela mudar tão de repente assim de opinião sobre ele, só poderia haver um motivo. — Você conheceu alguém? Se apaixonou de repente por outra pessoa? — Sorriu até levar as mãos no rosto, colocar seu cabelo pra trás.— Não Tessália, eu não me apaixonei por ninguém, nem com o seu pai aqui, nem com ele ausente, não... — Balançou dando certezas que eu não tinha mais. — Eviden