Mais uma vez estavámos ali, no lugar de ceife, deveria ser para mim o tributo de morte como uma sentença, mas era ele, somente ele, nu completamente de corpo, a boca próxima a minha falando em sussuros, gemidos com tanto carinho, a maneira que se encaixava tão bem entre as minhas pernas.A sua mão sobre a minha cabeça, seus dedos entrelaçandos aos meus, sem aperto, apenas juntos, a sua respiraçã ofegante a minha também, como eu me livraria de tudo isso depois que essa história acabar? Não faço ideia, e nesse instante em que os meus olhos estão completamente fixos aos seus, eu não saberia tampouco distinguir esse homem de um assassino.— A gente tá demorando uma cara pra se ver, eu quero te ver todos os dias. — Continuei focada em seu rosto, ao ouvir mais um sussuro baixo, o pouco de suor na sua testa alinhada, a pele escura marcante. — Tá me ouvindo Tessália?Apesar de amar o meu nome, naquele momento parecia que eu nem era eu. — Amor? — Espera amor? Ele disse que gosta de mim, que amor
Tessália saiu do carro,me deixando pra trás, depois de ter dito que gostava dela, depois de ter me feito desejar ter uma familia, era pura ambição de um moleque de favela, sem pai, criado no crime, capaz de tudo pra sobreviver, chega no auge querendo uma menina bacana, patricinha, a vida toda arrumada, fina desde o jeito de falar, agir e pensar.Eu não tinha nada a oferecer a ela, ainda assim queria que ficasse, seria egoísmo meu, dá ibope pra a porcetagem dos meus pensamentos,de forçar que ficasse, pedir qualquer coisa que fosse atrapalhar o futuro dela. Eu jamais poderia dá algo bom.No morro a vida não é fácil, nem dava pra imaginar a Preta subindo e descendo o morro, a barriga encostada no fogão, ou no tanque, eu vi quando ela entrou no condomínio, nunca doeu tanto deixar alguém ir, ela me doía pra porra, mas deixei, era preciso deixar ela ir, ninguém é feliz onde é obrigado ficar.Voltei pra o morro, mas não voltei bom, odiava a minha vida naquele lugar,não que ela fosse ruim, mas e
Era impossível, o que a minha mãe disse era impossível, inaceitável, eu cresci vendo os dois rindos pelos cantos da casa, conversando, meu pai sempre levando e trazendo as sacolas, ela ajeitando a sua farda antes de ambos sairem.— Mãe eu sei que tá fazendo falta, que o meu pai não esta mais aqui, entendo que sinta a falta dele, eu também sinto, mas o meu pai sempre foi um homem muito bom, gentil, carinhoso, atento. — Ela assentiu afirmando mais de uma vez com a cabeça. — Sim, ele era perfeito, não estou dizendo o contrário, ótimo pai, maravilhoso amigo, perfeito companheiro, Tessália.Para mim não fazia sentido algum, pra ela mudar tão de repente assim de opinião sobre ele, só poderia haver um motivo. — Você conheceu alguém? Se apaixonou de repente por outra pessoa? — Sorriu até levar as mãos no rosto, colocar seu cabelo pra trás.— Não Tessália, eu não me apaixonei por ninguém, nem com o seu pai aqui, nem com ele ausente, não... — Balançou dando certezas que eu não tinha mais. — Eviden
Quando você acha que a vida vai seguindo em frente, depois do abalo, começa a acreditar que pode resistir a tudo, nada mais te atropela, eu me blindei de todo e qualquer sentimento que poderia vir a nascer, me deitando com vários corpos, mulheres diversas, beijando outras bocas.Eu não procurava mais ela, nenhum vestígio de Tessália além de lutar contra a vontade de estar na sua porta, depois do meu aniversário em que sua amiga deixou claro, que ela havia focado na sua formação, achei que era o melhor, acordei com o aviso no rádio. — Chefe a tua ex tá chegando na quebrada! — Acordei num pulo com o chefe, o resto me fez franzi o cenho.—Tá de onda comédia? Tem ex aqui não pai. — Voltei a deitar novamente, uma mulher loira e uma ruiva deitada ao meu lado na cama, como foi a noite ontem? Muito interessante, a ruiva esticou a mão para o meu peito numa carícia, afastei, não gostando da ideia, nenhuma outra mulher teria tanto acesso ao meu corpo, com poucas palavras, muitas atitudes.— Mia...
Caminhei cegamente pelo corredor em direção, ao que poderia o quarto de Roberta, nela estava escrito com um piloto preto. NÃO ENTRE! Tipico de adolescente em fases, de crises aborrecentes, o que não fazia tanto sentido assim pra mim, ela tem o que? Vinte e um anos? Era o que eu poderia deduzir.—Roberta? — Bati na porta e chamei, demorou um bom tempo, nesse caso, movi a maçaneta. — Roberta? — Não me lembrava que horas poderia ser, não estava tendo bem uma noção de dia, tampouco de horas, estava a dias remoendo a minha culpa dentro do meu quarto. — Não enche!Gritou impaciente, não me surpreendi quando a porta foi aberta como um relampago, tipico Roberta. — Você... — Desceu os olhos em mim de cima a baixo. — Podemos convers... — Seus olhos ainda me variam, quando comecei a dizer.— Claro que não se veio aqui pra pedir ajudar com o meu irmão, nem tenta, nunca escondi que não vou com a tua cara garota. Só pra que saber que depois de tu, a cama dele não ficou vazia nenhum dia. — Sorri fraco,
O meu cérebro estava em crise, como um turbilhão de informações que lhe eram jogadas a todo instante, as fotos do meu pai no quarto rosa não fazia sentido algum para mim.- Ele era perfeito, o melhor homem no mundo. - Engoli em seco, sem ter noção do mundo ao meu redor, meus batimentos estavam mais que acelerados, para mim o mundo poderia acabar naquele momento.Não tive consciência alguma, eu jamais aceitaria aquilo, levantei da cama como estava, não quis saber se estava nua, vestida, ou descalça, só levantei.- Ei pra onde... - Não dei ouvidos pra Roberta, apenas abrir a porta querendo fugir de tudo aquilo, na minha cabeça não fazia sentido, nem ia fazer.- Tessália?- Não olhei para trás cheguei ao fim do corredor indo em direção a porta, sai por ela andando, eu me viraria de qualquer maneira, a minha mente estava num colapso enorme, eu precisa correr, precisava fugir daquele lugar.Não dei conta em como esbarrei em algo ao chegar no portão, só abrir de imediato, sentido o vento no meu r
Mais uma vez que tudo estava bem, tranquilo, a minha vida seguia na paz, não completamente mas seguia, eu não lembrava nem mesmo da existência de Tessália, quando ela simplesmente aparece, surge outra vez na minha vida, e como sempre, sem parecer nem que era por mim.Estava mais magra, marcas preta ao redor dos olhos, os cabelos mais ralos, distante, alcool, festa, descabelada, descalça, e ainda assim era ela, eu nunca ia conseguir me livrar daquela maldição, o poder que aquela mulher ainda exercia sobre mim, só me remetia a duas sensações, sua ingenuidade corrompida e os nossos momentos juntos.Todos, tudo ficava tão invesível na prenseça dela, parecia desproporcional o mundo competir com ela perto de mim, o que não bastava era perceber que não estava nem ai pra mim. Depois de lhe deixar em casa, voltei pra o morro ter encontrado com a mulher do cabo foi bom, pelo menos dava pra perceber que ela seguiu em frente.Ainda nem dava pra acreditar que ele tinha morrido, mas acontece com todo
Ela não parou de insistir em ligações, era hora de realmente acabar com tudo isso, pela manhã acabei cedendo, ao chegar em Manguinhos no carro da minha mãe, disposta a escutar tudo que Roberta tivesse a me dizer.Eu sairia magoada mais uma vez daquela situação, e por mais que saisse, nada mudaria mais, a verdade já havia acontecido em algum lugar, evita-la não mudaria nada. Pensei isso até chegar no morro, e o meu desejo ser apenas um, eu o veria?Não, eu não deveria desejar ver Rodrigo, mas queria mesmo que fosse contra qualquer coisa. Para me distrair prendi a minha atenção ao celular. " Tá vindo? " Mandei a mensagem para Roberta, ainda era díficil pensar que ela poderia vir a ser a minha madrasta." Descendo, tenho vontade de te deixar plantada aí como me deixou ontem" Ela não ia mudar, mas para o seu gênio complicado, tem o meu, que tem se tornado muito pior. "Ok, quem perde?" Respondi diretamente, só enviou uma mulher correndo nada mais.Esperei no carro, não ia subir só pra não corr