Eu queria não procurar Rodrigo, não liguei, bloqueei o seu número, e desbloqueiei quando me vi sozinha dentro do quarto.Sabia de tudo que se passava no morro, porque além de Roberta, parecia ter feito amizades com algumas moradoras de lá, eu não estava dando conta de toda a situação.Minha mãe denunciando o meu tio, monitorando o meu celular, Camila indo depor contra ele, e agora vendo Roberta e minha mãe amigas, era de lascar.Tudo parecia sair do lugar, eu precisava sair, tomar um ar, quando sair deixando as duas novas amigas conversando, ambas me deram o mesmo olhar.- Eu sei!- Avisei revoltada com tanta segurança, porque de repente o meu tio se tornou um vilão pior era ele não responder as minhas ligações, o medo de Rodrigo ter pego ele me atormentava.Eu só não esperava voltar, e encontrar a minha mãe com a cara enfiada dentro das pernas de Roberta, sentada no sofá, os gemidos atravessavam a porta, eu estanquei na porta, agora tudo fazia sentido.De repente tudo fazia sentido, se enca
A casa sem graça, nada de luxo pelos cantos, eu abrir mão de morar no mesmo prédio com a minha mãe, e minha irmã, para que o meu filho não conhecesse a vida que eu vi de frente, era apenas um moleque com muita responsabilidade, Roberta já acordava chorando, aos berros, e quando chovia não tinha muita coisa a fazer.Tentava enganar com bico, que ela sugava até começar a entender que chupar a borracha não dava em nada, a maioria até apontava um negão que trabalhava no gás,dizia que era o meu pai, mas ele era casado, sempre enfezado, troncudo, várias vezes tinha pensado em bater lá na grande, pedi um pão, um pouco de pó de café.A mulher dele, bem branca, mal via a gente começava a xingar, eu demorei a entender uma cara, como acontecia as paradas na favela, eu nunca quis que o meu moleque passasse chuva, frio, ou que alguém olhasse torto pra ele, não era fruto de um caso de amor, nem aquelas narrativas perfeitas de novela, mas de qualquer maneira, do mesmo jeito que eu fui homem para abaix
O dia estava sendo maravilhoso, perfeito pra mim depois de tudo, tantas idas e vindas acabei parando ali nos braços de quem eu não queria estar, de certa forma o destino me jogou na vida de Rodrigo, estava entrelçado? Não sei.Eu nunca acreditei em destino, o dia era chuvoso, depois de ficar na sua casa por um dia quase inteiro, eu não poderia abusar, precisava voltar pra casa me entender com a minha mãe. Quando me vesti, pentei o cabelo, ele estava sentado na sala assistindo tv, me olhou com os seus olhos pretos tão intensos, que eu não tive duvidas, nunca estive tão apaixonada na vida.A perfeição desde os seus olhos se espalhando por seu corpo, a boca carnuda deliciosa. - Eu vou te levar. - Avisou eu não achei ruim, quem me dera, mas todo e qualquer segundo com ele estava sendo prazeroso, além do sexo, da cama, era só estar junto, mesmo em silêncio a sua companhia me apazigua e isso é tão bom.Passou pra o quarto, abriu o guarda-roupa pegou uma blusa de mangas compridas branca, um pou
Sai de casa deixando Tessália pensar nas neuras dela, sabia que pra ficar comigo era mais que só dizer, não vou abrir mão da minha vida, mesmo gostando dela. Não tem vida pra mim sem ser no tráfico, ela foi criada diferente, não tem mudança para mim, uma vez no crime sempre no crime, é nele que garanto a minha vida, tiro a minha renda, garanto pra os meus.Ela ficou no barraco, não ia apertar a mente, nunca fui de forçar ninguém cojntra a vontade, ou dá porque quer, ou não dá pô. Fiquei na biqueira com os moleques, a chuva não parou, varou a noite quase toda. Já era madrugada alta, a chuva caia, estava sentado fazendo as contas de tudo. – Rodrigo?Levantei a cabeça olhei pra porta, lhe vendo com meu casaco, cabelos pingando, toda molhada. – O que tu veio fazer aqui? – Ia ficar gripada, tinha certeza, nem sabia como veio de lá pra cá, a calça toda molhada, mas encharcada até o meio das canelas. – Fica comigo vai. – Pediu meio chorosa, os moleques não deram um pio, arrastei a cadeira pra
Eu não saberia dizer nem o que aconteceu, simplesmente travei quando ouvi do meu tio que ele faria aquilo comigo, era o meu tio Isaac Romano, o homem que tocava em nossas cabeças enquanto brincavámos, pedia beijos na bochecha, me colocava sentada em seu colo na missa na igreja.Estava o tempo inteiro com o meu pai, com a minha mãe, ele me viu crescer, junto com a sua filha, e quando todos o acusava, eu era a única a dizer que não, a achar que ele só queria ajudar, quando me induziu a ser garota de programa numa boate, para descobrir o que eu jamais descobriria, quem matou o meu pai.Eu me perdi em meu mundo por dias, Camilla tinha razão, eu fui criada com muitas regalias, não conheci nada da vida, e ali estava a prova, o meu pai morreu eu fui tão facilmente levada por uma conversa, a minha mãe foi violentada de todas as formas, pelo homem que ela chamou por muito tempo de cunhado.E agora, ela estava no hospital, e mais uma vez, eu travei, eu me tranquei em meu mundo, como metodo de defe
Eu perdi o morro, os amigos sumiram, nem a minha irmã que eu criei vem me visitar, seis meses nesse lugar, aqui é pior, a gente ver de tudo, morte, briga, droga, tráfico, nada que eu não esteja acostumado.Em seis meses, Tessália me visita uma vez no mês, eu não quero que ela se exponha deste jeito, sei que a vistória é pesada, que eles hulmilham, que eles tocam e as vezes abusam, ouço os caras dizer na hora do banho de sol, e por mais que eu lhe diga que não é pra vim, ela vem.O meu garoto já tem cinco meses, Antony, o moleque acabou tornando uma garota em mãe, e ela nem teve ele, mas pelo sorriso, pelas história que conta, e o brilho nos olhos dela toda vez que vem, tenho medo, de que ela ame mais a ele que a mim, porque sei que lá fora, é a unica cabeça que ainda lembra quem eu sou, quem eu fui, o resto foi de passagem.Até agora não marcaram a data do julgamento, apesar da mãe dela, ter deposto a meu favor, dizer que lhe defendi, que ela ia morrer, apresentar laudos e todo o resto,
Vendo desta maneira, o peso de responsabilidades apenas umentam, dezoito anos, já? Deixarei de ser a menininha do papai, a garotinha da mamãe, mas também, com os dezoito anos vem muitas responsabilidades, firmar noivado, faculdade, contas para pagar, planos de casa, filhos e etc. Olhei em volta, e como eu, ele pensava no mesmo, apenas lhe vi lamentar enquanto continuava me olhando apoiado ao balcão, a música tão animada ao fundo meio que perdeu o ritmo no momento para mim, as luzes piscantes, seus cabelos que ganham novo tom de grisalhando, seu corpo forte, voluntarioso na blusa branca de mangas compridas social, a calça jeans, seus olhos verdes deixaram de me olhar somente quando retirou o celular do bolso, apontou para os fundos, indicando que ir atender lá.Compreendendo que poderia ser importante, apenas balancei a cabeça num, sim, pedindo que não fosse mais uma daquelas ligações demoradas, apesar dos receios da idade nova, não poderia negar que é a festa dos sonhos, hoje faço m
— Tess, Tess… — Afasto a mão assim que ele se aproxima, tentando ajeitar a sua roupa com uma mão, empurro a mão que tenta me tocar, ao lhe ver titubear, saio em seguida, não consigo dizer nada, não agora, as lágrimas descem, isso é tão… tão nojento, saio correndo do banheiro, como o resto da boate, seja lá quem for que esteja aqui, agora nada e nem ninguém importa, apenas corro.— Tess? Tess — Ouço gritos, vozes me chamando, saio com pressa até bater num peito forte, o cheiro diferente inunda meu nariz, as mãos me seguram com firmeza pela cintura.— Ei! — Ouço uma voz firme no meu ouvido, tento me desvencilhar, mas as mãos ainda me seguram forte. — Me solte! — Digo em lágrimas, esperava tudo esta noite, menos descobrir que minha melhor amiga desde a infância e meu namorado me traíssem.— Desculpa, conhece? — Ergo a cabeça para o olha nos olhos, um homem alto, negro, cabelos crespo preto me olha sério, desvio o olhar do dele, tento me soltar outra vez. — Eu mandei me soltar! — Sai num