O regresso a Portugal

O dia da partida havia chegado, nas malas levava as lembranças dos últimos anos. Estava ansiosa, um peso no peito que quase a sufocava. Estaria ela preparada para regressar? Achava que estava, mas agora, no aeroporto, as coisas não estavam tão claras.

Milena com apenas 30 anos, era alta, uma morena de cabelos cacheados e olhos verdes. Uma mulher elegante e bonita, mas o seu olhar era triste. Era descontraída tanto na forma de ser, como na forma de vestir.

Tinha chegado a hora, entrou no avião e, sentou-se no seu lugar. Ao seu lado estava um jovem bem-apresentado, lindo, ele era lindo e, o seu sorriso, capaz de desconcertar qualquer pessoa.

Milena manteve-se quieta, mas o seu companheiro de viagem não tardou a meter conversa com ela. No início tentou manter-se distante, mas acabou por não resistir.

Após algum tempo, parecia que se conheciam há muito e, mantiveram uma conversa animada. A viagem tornou-se assim bastante agradável. Acabou por nem se aperceber que já tinham passado as dez horas de viagem. Estavam já a sobrevoar a cidade de Lisboa.

O seu coração explodia de tanta ansiedade. Estava cada vez mais próxima de encontrar Miguel e o seu passado. Mas precisava fechar estes capítulos da sua vida e seguir em frente.

Havia amadurecido nestes anos. Miguel de certeza que também tomara outro rumo na sua vida. Tinha visto algumas notícias sobre Miguel e estava destacado na sua área como um profissional de excelência. Tinha um currículo invejável e um somatório de investimentos bem-sucedidos.

A empresa que haviam criado juntos, era agora uma empresa com enorme sucesso. Miguel estava de parabéns.

Ela tinha deixado tudo para trás. Era mérito dele a empresa estar hoje no patamar de influência que estava hoje. Mas ela também tinha trabalhado muito para credibilizar e prestigiar o trabalho deles. Eram na altura uma excelente dupla.

Os olhos encheram-se de lágrimas. Aquelas lembranças, de alturas da sua vida em que tinha sido tão feliz com o amor da sua vida ainda a derrubavam. Ela sentia-se fraca, quase a desmaiar de tanta dor que estas lembranças lhe provocavam.

Milena estava atordoada. Como podiam ainda estes pensamentos dilacerarem o seu coração desta forma?

A dor em vez de diminuir, parecia que tinha aumentado com o tempo.

O seu corpo fraquejava, sentou-se enquanto esperava que as suas malas aparecessem no tapete. Bebeu um gole de água, como se o seu fôlego estivesse comprometido após uma imensa e cansativa caminhada.

A viagem de dez horas, sem ter descansado, a ansiedade do seu regresso e de ter de enfrentar os seus momentos mais sombrios, estavam a acabar com ela. Ela só desejava que tudo acabasse depressa e que este sofrimento desaparecesse. No entanto com o seu regresso, o seu sofrimento voltou ainda mais forte.

A vida era mesmo injusta com ela. Porque não havia ainda cicatrizado o seu coração?

Porque a sua vida se havia transformado neste turbilhão de sentimentos?

Porque não poderia estar feliz com o homem que tanto amara e com o filho?

Todas estas perguntas ecoavam na sua cabeça, mas nenhuma delas obtinha resposta.

Milena avistou as suas malas e retirou-as do tapete.

Seguiu até à entrada do aeroporto para que pudesse apanhar um táxi que a levasse ao hotel que havia reservado para aquela noite. Renato ao seu lado falava freneticamente, mas Milena estava distante com os seus pensamentos. Naquele momento era como se saísse de um sonho e acordasse numa realidade completamente diferente. Eram tantas as dúvidas que pairavam na sua cabeça, que não sabia muito bem o que pensar. Sentia que muito ainda iria acontecer... estaria ela preparada para esses acontecimentos? O tempo o diria...

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