Figueira da Foz

Milena acordara cedo e rapidamente tomou banho e saiu.

Alugou carro pois, achava que a viagem seria mais confortável.

Parou no caminho para relaxar e tomar um café, as autoestradas mantinham estas estações de serviço ao longo do percurso o que permitia aos condutores fazerem algumas paragens, em viagens mais longas para poderem descansar um pouco e comer alguma coisa.

Eram locais impessoais, mas que funcionavam para o que forma projetados.

Pegou numa revista, o seu coração gelou, na primeira página a fotografia de Miguel. Estava de fato e gravata, acompanhado de uma loira elegantemente vestida e vistosa.

As suas mãos começaram a tremer, As suas pernas perderam a força e, teve de procurar um local para se sentar.

Parecia que Miguel tinha seguido a sua vida sem mesmo se importar que eles ainda estavam casados.

Não tinha problemas de apresentar a sua amante perante tudo e todos.

Sentiu-se gelada, tinha mesmo que resolver esta situação, pedir-lhe o divórcio e colocar um ponto final em toda esta situação.

Tomou o seu café, e apertando a revista nas mãos, seguiu para o carro para continuar a sua viagem.

Depois de ver aquela fotografia, Milena ficou absorta em seus pensamentos e não apreciou em nada a paisagem e a restante viagem.

Era quase hora de almoço quando sentiu o aroma a maresia enquanto atravessava a ponte Edgar Cardoso e entrava na Figueira da Foz.

Os seus olhos encheram-se de lágrimas, as saudades e as lembranças apertavam o seu peito de tal forma que quase não podia respirar.

As ruas, o cheiro a mar, os edifícios, as pessoas, tudo se mantinha igual.

Havia agora mais atividade, estávamos em pleno verão, o festival SUNSET estava a acontecer na Praia do Relógio, Os turistas inundavam as ruas, visitando as barraquinhas e saboreando os petiscos.

Parou o carro na avenida e caminhou um pouco junto ao mar, sentia a brisa, um pouco forte, comum na Figueira, a tocar-lhe a pele, o som das ondas a bater e o frio da água a tocar-lhe os pés.

Era invadida por um sentimento de nostalgia, uma mistura de emoções profundas.

A sua vida passada correu pelo seu pensamento. Estava em casa. Sentia-se em casa.

Esta seria sempre a sua cidade de eleição. A calmaria do inverno e a turbulência turística do Verão.

Enquanto passeava à beira mar observou ao longe duas piscinas de água salgada e aquecida implantadas no areal. Isto era novidade, quando viajou para o Brasil elas não existiam.

As piscinas estavam cheias de crianças a brincar. Milena ouvia as gargalhadas.

A Figueira tem um imenso areal e Milena achava excelente que o poder local estivesse a criar atividades para aproveitar e dinamizar este espaço. Tornava-se uma mais-valia para a cidade.

Parou na emblemática geladaria da avenida, a Emanha. Abrira há mais de quatro décadas e mantinham-se fiéis aos fabulosos gelados artesanais. Pediu um cone com duas bolas e sentou-se no paredão junto à praia a saborear o gelado.

A Emanha é uma empresa familiar de pessoas amorosas. Os seus gelados têm recebido merecidos prémios tanto a nível nacional como internacional. Tornou-se ao longo dos anos uma referência na cidade.

Ao longe ouvia os risos dos rapazes no campo de futebol na praia a jogarem. A cidade estava cheia de gente, havia diversão e movimento. 

A Roda gigante, avistava-se ao longe.

Sempre amara esta cidade. A Figueira é única, tem mar, rio (Mondego) e serra (Boa Viagem). 

Mas apesar da felicidade de estar de volta, o seu passado ensombrava o seu semblante.

Tinha deixado assuntos por resolver. E o seu regresso teria mesmo de começar por aí.

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