Chegaram a Lisboa de madrugada. A noite estava fria e húmida, nada que ver com o clima do Brasil. Milena sentiu um frio a percorrer o seu corpo. Seria este frio, realmente frio ou o arrepio que sentia era devido à ansiedade que a invadia desde que iniciou o processo de regresso a casa?

Olhou para Renato a seu lado, um jovem bem-disposto e divertido, bonito, bem parecido. Um homem pelo qual qualquer rapariga se apaixonaria. Mas ela não sentia qualquer atração por ele. Tinha apenas sido uma boa companhia para a viagem e um bom amigo para o futuro.

Mantiveram a conversa ainda por um bom período de tempo e Renato conseguiu mesmo arrancar-lhe algumas gargalhadas.

Despediu-se de Renato, trocaram contactos e prometeram encontrar-se brevemente.

Milena apanhou um táxi e dirigiu-se ao hotel que tinha já reservado para esta noite.

O hotel ficava no centro de Lisboa, uma zona privilegiada e bem frequentada. Era verão e, as ruas encontravam-se mais vazias do que o habitual pois, a maioria dos habitantes da cidade são estudantes de fora e nesta época do ano regressam às suas terras.

Mesmo assim havia turistas nas ruas e, os cafés e ainda de portas abertas e as esplanadas cheias.

O trânsito, esse era sempre intenso na cidade de Lisboa.

Ao chegar ao hotel, deixou as malas no quarto e saiu para comer qualquer coisa.

Entrou num café e pediu uma tosta mista e um sumo de laranja natural. Sentou-se na esplanada a ouvir a música que um rapaz tocava.

Enquanto esperava pelo seu pedido e ouvia a música mantinha-se perdida nos seus pensamentos.

Finalmente o seu lanche tardio chegou, saboreou-o com vontade, já nem se lembrava da última refeição que tinha feito.

Manteve-se ainda durante algum tempo sentada imersa nos seus pensamentos, ouvindo música e vendo as pessoas a passar.

Sentia o corpo entorpecido, cansado e dorido. Levantou-se calmamente e dirigiu-se ao seu quarto no hotel.

Assim que chegou ao quarto, despiu-se e tomou um banho quente e demorado, vestiu o pijama e foi deitar-se, deu voltas e voltas na cama, a cabeça cheia de pensamentos que a atormentavam. O corpo cada vez mais dorido.

O sono parecia não querer aparecer.

Após várias voltas na cama, acabou por decidir levantar-se. Vestiu uma roupa prática e confortável e desceu no elevador do hotel até ao bar.

Ao chegar pediu um chocolate quente e foi bebê-lo para junto da janela. O sabor amargo do chocolate e a sua quentura aqueceram-lhe o corpo e o coração. Já tinha saudades daquele sabor. Este ali imenso tempo, disfrutando da sua bebida quente e olhando para o exterior, mas o seu pensamento vagueava para lugares distantes, mantendo-a apreensiva em relação ao dia seguinte. O dia ia ser duro...

A noite ameaçava ser comprida. Sem conseguir dormir devido à ansiedade que tomara conta do seu corpo e do seu pensamento.

Sentia-se cansada, subiu novamente ao quarto e, deitou-se novamente, sentindo a textura da cama, o cansaço acabou por adormecer.

Acordou cedo, tomou o seu banho, vestiu roupas confortáveis e saiu para tomar o pequeno-almoço. Decidiu que hoje iria passear pela capital.

Desceu a Rua da Liberdade e foi fazendo algumas compras nas lojas de grife. Parou para tomar o seu café e apanhou um táxi. Visitou a zona ribeirinha, as lojas da baixa Pombalina e o Padrão dos Descobrimentos, Visitou as exposições no CCB (Centro Cultural de Belém) e não podia faltar a sua passagem pelos pastéis de Belém, sempre maravilhosos.

Foi de autocarro até ao Dafundo e visitou também o Aquário Vasco da Gama.

Exausta de comprar e visitas voltou de táxi ao hotel onde pediu que lhe entregassem no quarto uma refeição ligeira.

Enquanto aguardava a refeição foi refrescar-se com um duche pois, as caminhadas que fez com o calor que estava, tinha-a colocado desconfortável.

Saía do banho quando o serviço de quartos bateu à porta, ela disse que entrassem. Colocou a sua refeição na mesa e saiu.

No final da refeição, decidiu ainda pesquisar se haveria alguma peça de teatro no D. Maria, comprou o ingresso e preparou-se para sair.

A peça foi agradável e, Milena já sentia falta desta parte cultural, visto que no Brasil não lhe sobrava muito tempo entre os estudos para visitar o que quer que fosse. Garantia a ela mesma que no futuro iria visitar o Brasil para conhecer mais sobre a cultura e os locais do país.

Assim que chegou ao quarto, preparou-se para dormir, o dia de amanhã iria ser cansativo e provavelmente mexeria e muito com a sua parte emocionar. Precisa mesmo de uma noite tranquila e revigorante.