Betânia afirmou com a cabeça, enquanto eu engolia em seco. Me virei pra diretora, não consegui identificar expressão alguma em seus olhos. Queria tanto qualquer pista sobre o que ela quer conversar comigo. Diário, queria tanto que algo ou alguém me salvasse... Bem que poderia cair um carrinho de sorvete voador em cima dela.
— Você não vai morrer. Apenas me siga — falou a diretora por fim.
A diretora me levou a diretoria. Ok, agora não me resta nem um pingo de dúvida de que estou encrencada. Meu Deus, o que será que eu fiz dessa vez? Deve ter sido algo gigantescamente idiota.
Ela fez com que eu sentasse, sentou em sua cadeira e olhou-me fixamente.
— Imagina por que está aqui? — perguntou ela.
— N&ati
— Então por que seu diário diz o contrário? — Ela estava tirando meu diário da mochila que carregava e o jogou no chão. — Sei de todas as suas conversas com meu namorado e sei o tanto que você me odeia, mas vou avisá-la que não serei tão fácil de ser eliminada. Cuido muito bem do que é meu. — Ela me jogou um olhar mortal. Abri um sorriso sarcástico no rosto. Uma provocação havia chegado na minha mente. Está na hora de usar as minhas jogadas. Ainda bem que consegui pensar rápido. Pelo menos espero que minhas provocações sejam tão boas quanto estou pensando. ★Dica 106 = Deixe sua inimiga usar todos seus argumentos e arme alguns bem rápido.★ — Já qu
— Não vale. Você fez de propósito! — exclamo, começando a me irritar. — Só fiz o que a diretora pediu. — Ele deu de ombros. — Tinha que ser aquela bruxa — resmunguei. Queria ter dito apenas para mim mesma, mas acabou que falei um pouco alto demais. — Fica calma. Foi pro seu bem. Acredite. — Bem? Que tipo de “bem” é esse? — Do tipo que ela se preocupa com você. — A diretora? Preocupada comigo? — falei com voz de deboche e ri. — Nem no núcleo da terra, isso seria capaz de acontecer. — Dei mais uma pequena risada da minha piada sem graça. — Por favor. Pegue minhas muletas. — Pra quê?
— Por que fez isso? — Eu e Diana questionamos em uníssono. — Foi uma prevenção — respondeu Betânia. — Acho melhor a gente sair daqui. A qualquer momento uma das duas pode sair. — Você está certa, vamos — Diana falou e todas nós saímos dali. Enquanto íamos passeando pelo pátio, vimos uma sombra de árvore e decidimos sentar ali. Precisávamos nos distrair um pouco e aproveitar nosso tempo livre: — Vejo que gosta muito de azul — comentou Diana de repente, se referindo a mim. — Gosto bastante, mas não é minha cor favorita — digo. — E qual é? — Amarelo. Amo muito, mas acho q
— Pode tentar esconder o quanto quiser. — Diana abriu um sorriso maléfico. — A Betânia já me contou tudo. — Betânia, sua vaca! Não era pra contar — rosnei. — Alessandra, o quanto você é tonta? — Diana riu. — Ela não me disse nada. Mas você me deu a confirmação. — Se você contar pra alguém eu...! — Ele tá vindo. — Ela apontou para algum lugar, mas não me dei o trabalho de virar para ver. — Quem? — Quem você acha? O seu namorado, é claro. — Ela riu. — Pare de implicar comi... Foi só então que vi. Ele rea
— Está bravo comigo? — perguntei com voz de coitadinha. — Um pouco. Não foi certo o que você fez — agradeci por a voz dele já ter voltado a ser normal. Eu não queria tê-lo deixado bravo antes. — Mas foi um desafio. Eu nunca digo não a um desafio ou aposta. — Errado. Vai acabar estragando sua vida. — Mais? Ele riu. E por um bom tempo o silêncio pairou pelo pequeno quarto. — Está mesmo apenas de toalha? — ele corou um pouco ao perguntar. — Estou. Era parte do desafio. — Se a diretora descobrir... Imagino que já saiba aonde isso vai dar. — Por favor.
Olá, filha. Como tem sido seus dias no colégio? Mesmo com nossas brigas, tenho sentido sua falta. Sei que podemos ter nossas diferenças, mas mesmo assim te amo muito. Sinto falta da sua voz. Imagino que esteja sentindo muita falta da antiga cidade e de suas amigas. Lembre-se que voltaremos no final deste ano. Tudo que você precisa é esperar. Estou super ansiosa para que as férias cheguem logo. Quero te ver. E ainda dentro desse envelope há uma carta escrita pelas suas amigas. Pedi para elas escreverem pra você. Em menos de dez segundos, joguei a carta da minha mãe em qualquer lugar da cama e peguei a carta escrita pelas minhas amigas: Oi, Sandrinha! Sabemos
A menina tinha cabelos loiro-dourado e ondulados. Eles batiam na metade de suas costas e havia uma franja em sua testa. Seus olhos eram de um verde vivo. Não vou mentir: eles eram mais bonitos que o do Abridor de Malas. — Oi. — Ela olhou diretamente pra minha tatuagem. — Que coisa clichê. Uma estrela? Já vai tatuagens mais originais. Não fiquei surpresa com a crítica dela. Muitas pessoas já disseram o mesmo. — Hm. Não era pra ser original. Nessa estrela carrego todos os meus erros. Todas as minhas tristezas. Histórias. Ah — suspiro —, há tanta coisa por trás desta estrela que você nem consegue imaginar. Sua expressão pareceu mudar depois da minha breve explicação. — Pode se
— Agradeço por ser você que o faz — ele respondeu sorrindo. Mais uma vez aqueles olhos verdes me hipnotizaram. Me passou pela cabeça, naquele momento, que ele estivesse pensando em algo pra me dizer. Ficamos ali, parados, olhando um pro outro, sem dizer nada. Eu poderia ficar ali as férias inteiras, apenas tentando desvendar os segredos que estão por trás daqueles olhos perfeitos. — Os dois vão ficar se entreolhando o dia todo? — Betânia nos acordou de nossos pensamentos. Ele riu. — Não precisa ficar com ciúmes, Betânia. Não vou roubar sua amiga. Vou deixar as duas. Nos vemos depois, Hello Kitty. — Ele saiu e foi ficar com os amigos. Betânia sentou-se ao meu lado. — Por quê? &